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Da Mealhada para a Universidade


tags: Cantanhede, Mealhada, Educação Categorias: Região quinta, 19 setembro 2019

A próxima semana marca o início da experiência universitária, que para mais de 43 mil alunos representa uma oportunidade para crescer e para sair da zona de conforto.

O Jornal da Mealhada falou com alguns alunos da região que já experimentaram a universidade e outros que vão começar a sua viagem académica.

Mariana Santos e Solange Santos são duas irmãs que este ano vão estar no mesmo instituto superior. Mariana Santos tem 21 anos e já vai para o 2º ano do curso de Serviço Social enquanto a irmã mais nova, Solange Santos, com 18 anos, inscreveu-se em Gestão de Recursos Humanos para o 1º ano de universidade. Ambas estudaram na Escola Secundária da Mealhada e concluíram o 12º ano na Escola Secundária Avelar Brotero em Coimbra.

Na altura de se inscreverem na universidade ambas acabaram por escolher o Instituto Superior Miguel Torga (ISMT), uma universidade privada em Coimbra. Pode parecer que as irmãs não se diferenciam, mas as opções das duas são diferentes. Mariana indica que a 1ª opção que fez foi Administração Público-Privada e a 2ª foi Administração Pública na Universidade de Coimbra, sendo que a 3ª foi o mesmo curso em Beja. No fim, acabou por optar pelo curso de Serviço Social para estar perto de casa e a irmã, Solange, teve como 1ª opção Biologia e 2ª opção Enfermagem, na Universidade de Coimbra. A caloira acabou por ser colocada em Tecnologia Alimentar na Escola Superior Agrária de Coimbra, mas devido “às saídas” preferiu escolher Gestão de Recursos Humanos.

Mariana Santos fala sobre o seu primeiro ano na universidade e afirma que “o curso surpreendeu porque é mais da área das Humanidades”. Segundo explica, quando falou com colegas da Universidade de Coimbra ficou com a ideia de que “não vale tanto a pena porque não dão tantas formações como na Torga”. A aluna de segundo ano afirma que não tinha noção do que era o curso, mas já tinha a ideia de querer trabalhar na área da saúde, em hospitais, e acaba por não estar muito interessada em trabalhar em prisões e lares.

Mariana sentiu que o facto de dar para entrar no curso só com a nota do exame de português faz com que os professores pensem que todos os alunos já têm uma base das áreas das humanidades e assim a cadeira de História “foi complicada porque o docente dava esse conhecimento como adquirido”. A aluna que veio de Ciências e Tecnologias sente que escolher no nono ano o curso é complicado e acaba por condicionar as escolhas no 12º ano.

A aluna do ISMT tinha receio da experiência de receção que ia ter na universidade visto ser dois anos mais velha do que o aluno que completa o ensino superior sem falhas, mas percebeu que estava enganada e que há uma “grande diversidade de pessoas”.

A irmã mais nova, Solange Santos, também já ouviu algumas destas histórias e espera vir a adquirir as competências necessárias para lidar com as pessoas. Reconhece que “tem dificuldade em lidar com pessoas” e “superar discussões”, mas está entusiasmada pela experiência. Uma das cadeiras que a assusta é Inglês Empresarial, já que “não lidava bem com inglês na secundária”.

A caloira espera ficar bem preparada, uma vez que vai ter aulas com professores especializados, que lidaram mesmo com as áreas em estudo.

Sobre os desafios para o ano que começa, Solange indica o horário visto “ter dias a sair às 19h30” e tanto ela como a irmã fazerem a viagem todos os dias desde a Mealhada até ao ISMT. Mariana Santos indica que a viagem leva “1 hora e meia a chega ao instituto a contar com atrasos do comboio e consequentemente com a possibilidade de perder autocarro”.

Para o futuro ambas esperam fazer todas as cadeiras e Solange espera criar novas amizades. A caloira reconhece que pode ser complicado porque gosta mais de estar no seu “canto” e a irmã reconhece essa preocupação até porque a aconselha “a não se fechar e a tentar perceber quem são os outros”.

As irmãs reconhecem o esforço que recai nos pais e “para ajudar os nossos pais trabalhamos as duas ao fim de semana”, afirma Solange Santos. Relativamente à edução no Instituto Superior Miguel Torga, Mariana sente que os professores e os alunos são muito próximos, visto o número de alunos não ser muito elevado e Solange considera que a possibilidade de estágio é uma mais-valia do curso.

No horizonte está o sonho dos pais de ver as duas filhas de traje académico, mas antes disso as duas irmãs vão-se encontrar em praxe. Solange considera que a experiência das duas estarem no mesmo instituto vai ser “horrível, porque a minha irmã sempre foi muito protetora”, mas é entre risos que acaba por dizer “eu estou à espera que ela me praxe”.

 

Da Mealhada para Coimbra com destino à FCTUC

Um outro aluno que também passou pela Escola Secundária da Mealhada é Cristin Pislaru que já vai para o 2º ano na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) no curso de Engenharia Civil e vive atualmente em São Romão, local onde continua a morar, fazendo a viagem de ida e volta todos os dias.

O aluno explica que, quando se candidatou no ano passado, foi na 1ª fase colocado em design e multimédia, visto a média de Engenharia Civil ser demasiado alta para a sua nota e depois decidiu mudar para o curso atual na 2ª fase. Admite que “desde pequeno” sempre se sentiu ligado à arquitetura de prédios, mas foi no 9º ano que percebeu que gostava mais de estar no terreno e de engenharia.

Sobre o ano que já passou indica que a “integração em design foi fácil, mas em engenharia civil foi mais complicado por causa de serem poucos e eu ser da 2ª fase”. Cristin sentiu que a faculdade foi difícil porque os professores “acabaram por ter um ritmo que ao início parece estranho”, no entanto, é com orgulho que diz que conseguiu fazer Química, conhecida como uma das cadeiras mais complicadas do curso – na gíria académica conhecida como cadeirão.

O aluno da FCTUC ficou surpreendido com alguns aspetos como, por exemplo, a grande preocupação que alguns professores têm com os alunos, ao contrário do que lhe diziam alguns colegas. Também tinha ouvido que na Universidade era “cada um por si”, mas sentiu muita colaboração e entre-ajuda.

Sobre o ensino superior atual considera que não faz muito sentido haver alunos a entrarem sem exame, porque “acabam por faltar as bases” e afirma que os professores sentem que os alunos que se estão a formar atualmente em engenharia civil vão apanhar um boom do mercado e receber boas ofertas por causa da formação superior que têm.

Para já, a preocupação é acabar o curso para ganhar a independência pessoal e admite que há sempre uma sensação especial “quando se veste o traje, até pela história que carrega”.

 

"O curso exige grande esforço e estudo"

Na área do Desporto podemos encontrar Carolina Dias que já vai para o 3º ano da licenciatura em Ciências do Desporto e Educação Física na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra (FDCEF.UC). A aluna que conclui o ensino secundário na Escola Secundária Lima de Faria, em Cantanhede, é da Lapa e arranjou um apartamento em Coimbra, retornando a casa normalmente ao fim de semana.

A estudante de desporto frequenta o curso em regime pós-laboral e indica que as escolhas em altura de candidatura foram só desporto, sendo que a primeira foi na Faculdade Ciências de Desporto e Educação Física, em regime laboral e a segunda em regime pós-laboral, sendo que acabou por entrar nessa opção.

A estudante explica que para o futuro quer “ser profissional de desporto” e pretende obter conhecimento no ramo da prática desportiva. Quando fala sobre o que mais a atrai, Carolina refere “a construção que é necessária para um atleta estar no seu melhor nível” e o impacto que um treinador ou um professor de educação física acaba por ter na formação física e psicológica de um atleta.

Ao falar sobre as dificuldades do curso a aluna aponta o número de disciplinas práticas desportivas nos dois primeiros anos, entre ténis, futebol, patinagem, basquetebol, capoeira, jogos tradicionais portugueses, entre outros. Aponta as amizades e as memórias dos longos anos académicos como surpresas da experiência académica e a conclusão que tira ao experimentar o curso é que é preciso “estudar matérias muito importantes, que exigem grande esforço e estudo”.

Para já, o objetivo é terminar o curso, mas foi essencial perceber que “se queremos ser alguém as coisas têm de ser feitas por nós” e “não desistir ao mínimo obstáculo que apareça à nossa frente”.

 

Uma oportunidade para crescer

Inês Madeira também inicia este ano o percurso académico e a aluna da Escola Secundária da Mealhada, que vive na Silvã, já tem 18 anos, começa o curso de Serviço Social no Instituto Superior Miguel Torga (ISMT).

A estudante escolheu como primeira opção Educação Básica na Universidade de Aveiro, 2ª opção Sociologia na Universidade da Covilhã e acabou por entrar na 3ª opção em Português em Coimbra, mas acabou por optar por Serviço Social até por apoio do psicólogo da escola.

Inês sente que o curso em que se inscreveu enquadra-se no que gosta, mas sentiu que o processo de candidatura, por ser feito “através do computador” falhou no apoio pessoal e a escolha tornou-se complicada. Sobre o ensino superior, afirma que “aquilo que ouvi foi o que toda a gente ouviu: vida boémia e noites académicas”, mas a estudante espera concluir o curso no tempo devido. Sobre as viagens para o ISMT sente que “vai ser uma confusão”, já que vai fazer viagem de comboio e depois de autocarro.

A caloira indica que conhece duas ou três pessoas que sabe que também vão para o ISMT e é da opinião que a experiência vai ser boa “para crescer”, algo que sente precisar.