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Música e Músicos - Ópera – Arte melódica


tags: Alice Godinho Rodrigues Categorias: Opinião quarta, 02 outubro 2019

No dia 14 de setembro - 2019 - assisti ao espetáculo Gala de Ópera, com atuação da Orquestra Clássica do Centro, integrado no Bussaco Summer Sounds.

Foi um recordar de belas vivências que fizeram com que não deixe de apresentar ao conhecimento dos leitores, algo da beleza que nos rodeou. Agradecendo, desejamos que semelhantes projetos continuem a ser-nos presenteados. 

É com episódios destes que se desenvolve o Turismo em diversas regiões do nosso País, culturalmente muito empobrecidas.

Começo por apresentar alguns aspetos sobre a existência da Ópera em Portugal, recordando o rei D. Afonso V, que foi o 1º rei que teve a intenção de expandir a arte melódica, contribuindo para um grande fausto cortesão. Enviou para Inglaterra elementos, que regressando foram os organizadores da Capela Real, onde se começaram a fazer os respetivos concertos. Surgiu então o Cancioneiro Musical e Poético da Biblioteca Pública Hortênsia (Elvas).

Ainda no século XV podemos referir a figura do Infante D. Pedro. Este criou uma numerosa falange de guitarristas, ou melhor de violistas portugueses (viola). Aparecem referências a Gonçalo de Berna, Alexandre de Aguiar e sobretudo a Peixoto da Pena. Este notabilizou-se ao serviço de Carlos V. Outro instrumento muito cultivado nesta época foi o Órgão. Aparecem-nos como grandes organistas Mestre Leonardo, Mestre Arriaga, António Carreira e Paula Vicente (Filha de Gil Vicente). 

Cultivou-se também a Polifonia Vocal, tendo sido os dois focos mais importantes: a Escola de Coimbra que teve a sua sede no Mosteiro de Santa Cruz e à qual pertenceu como figura mais notável D. Pedro de Cristo (1545-1618), autor de missas, responsórios, sem menosprezar a de Coimbra, foi a de Évora, onde ainda hoje podem ser consultadas as partituras, saídas da oficina de Craesbeck.

Com o século XVIII dá-se uma reviravolta na música portuguesa, influenciada pela música italiana. Os soberanos portugueses D. João V e D. José I enviavam para Itália os compositores nacionais para se familiarizarem com a arte que tinha muitos adeptos em Portugal. Entre eles exemplificamos com Francisco António de Almeida, o autor da primeira ópera portuguesa em estilo italiano: LA PAZIENZA di SOCRATE, cantada no Teatro Paços da Ribeira, em Lisboa, no carnaval de 1733.

Em 2019, creio ter sido cantada no Cine Teatro Messias, pelo tenor Mário João Alves, acompanhado pela soprano Bárbara Barradas (penso não ter interpretado mal…!)

No reinado de D.ª Maria I, temos o melhor compositor português da ópera italiana: Marcos Portugal, nome que foi aplaudido nas principais capitais europeias.

O Teatro de São Carlos, inaugurado em 1793, absorveu os pequenos teatros régios e populares passando a ser o principal centro de ópera em Portugal. Não podemos deixar de referir o nome de Carlos Seixas, natural de Coimbra, grande aluno do italiano Domenico Scarlatti. As suas obras encontram-se na Biblioteca da Universidade de Coimbra, Biblioteca da Ajuda e Biblioteca de Lisboa.