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As lamentações impedem as soluções da vida!


tags: Padre Rodolfo Leite Categorias: Opinião sexta, 29 novembro 2019

Sempre que o encontro, pergunto-lhe como vão as coisas. A resposta é sempre a mesma:

 

- Ó senhor padre, as coisas estão cada vez piores. Está tudo mal.

 

Naquele dia, com mais tempo, escutei-o e percebi a dureza das vidas onde anda envolvido e as situações tremendamente difíceis que passa. Comovi-me até com o sofrimento que tudo lhe está a causar.

 

- Não se pode fazer nada, senhor padre. É aguentar. Não é verdade!?

 

Respondi-lhe:

 

- Concordo consigo só em parte, porque há também coisas boas na sua vida e essas são muito importantes, para serem esquecidas. Depois, deixe também que Deus o ajude…!

 

Apesar da dureza de tantas vidas, há muita gente para aí com a tendência de encarar sempre as situações e os acontecimentos somente pelo aspeto negativo, para julgar tudo mau. Há até os que se julgam ser os únicos a sofrer, ou melhor, ninguém sofre mais do que eles.

É terrível quando o pessimismo se junta com o egoísmo! Começam logo os comentários raivosos e cheios de ironia, fazendo de todos os outros culpados! Pior, é que quem vive assim é refém da tristeza ou do desânimo, que impedem sempre de iniciar algo novo ou de uma nova maneira de estar e de ser, na vida, pois acha-se sempre que vai dar tudo errado.

Entretanto, a atitude pessimista é tão má que pode influenciar a saúde e desencadear doenças, como a depressão e a ansiedade, despertar sensações más, como o medo, a raiva ou a angústia; tudo coisas rapidamente contagiosas. Geralmente, tudo começa sem nos darmos conta, e, quando paramos, percebemos que os pensamentos negativos já estão a sobrepor-se a todos os outros e a distorcer a nossa perceção da realidade.

No fundo, o que está em jogo é a maneira de olhar para o “copo”. Sim, “um copo pela metade está meio vazio ou meio cheio”, dependendo da atitude. Os pessimistas vê-lo-ão sempre “meio vazio”, manifestando insatisfação, fracasso e tantas outras coisas. Aqueles que conseguem ver o copo “meio cheio”, serão capazes de ter mais disposição para vencer os desafios, encarar as mudanças e iniciar novos projetos.

Neste tempo de preparação do Natal, entre a agitação das compras e de tantas festas e jantares, como seria bom cada um analisar se, na verdade, é, ou não, uma pessoa pessimista. Mais ainda, como era importante chegar ao Natal tendo purificado, cada um, a sua vida de atitudes pessimistas.

Tudo pode começar na identificação das coisas que estão a correr bem connosco. Nunca está tudo mal! Como alguém dizia, “pelo menos estamos vivos!” É aí que havemos de estar centrados e a partir daí começar a mudança. Com efeito, se estou vivo, tenho sempre oportunidade para mudar!

Depois, quando, por um problema ou por qualquer circunstância, ficarmos dominados pela raiva ou pela revolta e sentirmos vontade de reclamar, é o momento para começar a pensar em soluções para o problema, ou uma maneira de resolver ou mudar a circunstância! Devemos passar mais tempo à procura de soluções do que a fazer lamentações pelos problemas.

Há, também, o bom humor! Todos conhecemos pessoas que são naturalmente bem-humoradas e outras mais sérias e fechadas. Contudo, o bom-humor é também uma questão de hábito! Como é importante, todos os dias, sorrirmos para as pessoas que encontramos, conversarmos de forma agradável e fazermos até elogios sinceros àqueles que nos rodeiam, dentro e fora de casa! A alegria é contagiosa e contagia o ambiente e isso faz bem a todos!

Entretanto, as mágoas do passado que tantas vezes insistimos em continuar a carregar, no presente, só fazem mal a nós próprios. Os maus sentimentos consomem-nos e desgastam-nos, e só nos fazem guardar rancores. Mesmo que alguém nos tenha feito mal ou cometido uma grande injustiça, a solução está sempre em perdoar. É a única maneira de nos livrarmos das angústias e dos ressentimentos, de não permitir que surjam dentro de nós desejos de vingança.

Por fim, é muito fácil criticar e achar defeitos nas outras pessoas e naquilo que elas fazem. Então, como seria bom que, antes do Natal, fosse diferente! Aqueles que vivem connosco, debaixo do mesmo teto, têm tantas coisas boas para elogiar, que não vale pena perder tempo nas críticas contantes que geram discussões e mau ambiente! O mesmo acontece com os colegas de trabalho, os amigos, etc.! Reconhecer as qualidades dos outros é um hábito saudável, para nós e para a relação com os outros! Aliás, desta forma, o Natal poderá começar mais cedo.