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Fisioterapia e saúde de braço dado com o bem-estar | Saúde


tags: Saúde, Mealhada Categorias: Saúde quarta, 22 dezembro 2021

Nos tempos que correm, em que estar ativo é cada vez mais importante, a fisioterapia pode ter um papel fundamental na nossa vida e no nosso bem-estar. Mas quando se fala em fisioterapia, esta não deve ser apenas solicitada num processo de cura, mas deve ser sim vista como uma prevenção. Luís Ventura, fisioterapeuta e osteopata na Statherapy, e João Freitas, fisioterapeuta na área do exercício e da atividade física na Statherapy, partilharam com o nosso jornal a importância da fisioterapia para a saúde e de que forma se manter ativo.

“Decompondo a fisioterapia, é a terapia pelo movimento. E o movimento está presente desde que nascemos até à idade sénior. Nomeadamente, com o processo de envelhecimento vem sempre o processo de articulações e artroses e da parte muscular que vai deixar de funcionar tão bem. Então a fisioterapia tenta otimizar ou recuperar esse movimento. Nas articulações, havendo um processo de artrose, convém que a parte muscular à volta da articulação seja sempre otimizada”, começa por referir o fisioterapeuta Luís Ventura, adiantando que “quanto mais fortalecida estiver a articulação e os músculos que a envolvem, mais tarde irá avançar esse processo de artrose”, além de que a fisioterapia “ajuda no processo de equilíbrio e na prevenção dos idosos”. Para o fisioterapeuta João Freitas, também não há dúvidas da sua relevância. “É de extrema importância porque se os médicos as salvam, nós então tornamos a vida das pessoas melhor. A fisioterapia é importante desde o momento em que nós nascemos até ao momento em que acabamos por falecer e considero que o grande objetivo da fisioterapia é melhorar a vida das pessoas e elevar a sua moral e tentar ajudá-las quer na parte desportiva, como na parte neurológica e pediátrica. Portanto, acho que um fisioterapeuta é um profissional essencial à nossa sociedade”, referiu.

Mas quando devemos recorrer à fisioterapia? O fisioterapeuta Luís Ventura explica que “a mentalidade portuguesa busca muito a fisioterapia num processo curativo e de tratamento, contudo, esta devia estar mais presente até a nível do Centro de Saúde e fazer aquilo que seria uma prevenção ou nos cuidados de saúde primários apostar na prevenção”, desde posturas, começando com a criança logo pequena, de forma a evitar a que depois os idosos tenham co mobilidades que normalmente acontecem.

“A fisioterapia começou mais ou menos a ser ativa na sociedade portuguesa nos anos 70 e 80. E se começarmos a pensar nos nossos idosos dos anos 90, encontrávamos pessoas muito curvadas e essas pessoas tinham uma patologia muito comum, artroses muito exuberantes… Hoje em dia não encontramos os idosos assim. Encontramos os idosos numa posição mais reta, mais direitos e muito disso deve-se à fisioterapia. A fisioterapia não é só calor e massagens, isso é muito exercício terapêutico. Mas a sociedade portuguesa e muitas vezes o próprio sistema de saúde, não está talhado para meter as pessoas a fazerem exercício terapêutico. Então quando chegam às mãos de um fisioterapeuta, já chegam numa fase em que há dor aguda”, esclarece Luís Ventura, acrescentando que a filosofia na Statherapy passa por trabalhar em sintonia, aliando a área da fisioterapeuta e osteopatia à fisioterapia no exercício e atividade física. “Exemplo disso é um cliente sénior que veio procurar por dor aguda e faz uma a duas consultas, três no máximo, e acabou por ser encaminhado para exercício terapêutico. Para otimizar e prevenir futuras recidivas”, contou.

A verdade é que há exercícios que não se deve descurar e, segundo o fisioterapeuta João Freitas, há diferentes tipos de exercícios terapêuticos adaptados a diferentes idades. “Pensando na população mais sénior, faz sentido adaptar o exercício terapêutico primeiro à dor e depois adaptar às atividades da vida diária da pessoa. Portanto, o levantar e sentar é um ótimo exercício, o levantar da cama e voltar a deitar, o simples movimento de pegar em pesos curtos e fazer o movimento de fletir os braços que é o movimento que fazem para levar as compras para casa. Sem dúvida que o grande objetivo na população sénior é melhorar a dor ou aliviar alguma dor e, se possível, tirá-la completamente, e depois adaptar os exercícios às suas atividades diárias ou ao trabalho, se for um trabalho de operário fabril, por exemplo”, explicou.

Quando questionado sobre o que falta para que a fisioterapia seja procurada como uma prevenção e não como apenas num momento de dor, Luís Ventura refere que “é sempre um dilema”. “O próprio sistema está preparado para tratar o sintoma e para ser um processo curativo. Essencialmente devíamos apostar em classes de movimento. Mudar mentalidades não é fácil, mas apostar num programa piloto, por exemplo, aqui no concelho da Mealhada em que se pudesse fazer uma mobilidade. Nós tivemos um projeto muito parecido, mas mais focado no coração que era o Coração é a Razão, e pegar num projeto desses e começar a apostar essencialmente porque aqui na nossa cidade temos idosos, embora seja uma cidade é uma cidade rural, e aproveitar e esmiuçar que tipo de tarefas as pessoas fazem e arranjar uma classe dirigida a essas pessoas aqui do concelho” salienta o fisioterapeuta, mencionando a importância de trabalhar em equipa. “Aparecem profissionais da área do desporto a fazer muitas vezes trabalho que é do fisioterapeuta e acho que seria pertinente muitas das vezes haverem reuniões de equipa e tentarem perceber onde é que acaba a parte do exercício e onde começa a parte da saúde e tentar fazer aqui uma ponte. Ou seja, trabalhar em equipa multidisciplinar, isso seria muito importante”, concluiu.