'Testagem sim, sempre. Medidas de prevenção, acima de tudo e mais alguma coisa'
A época festiva começa hoje e, com ela, vem a necessidade de juntarmos quem mais amamos, abraçarmos quem a saudade já aperta e transformarmos estes dias num encontro de gerações. Mas agora, que a pandemia também faz parte das nossas vidas, qual a melhor forma de garantirmos a segurança dos nossos? Ana Carina Soares, enfermeira diretora do Hospital da Misericórdia da Mealhada, mencionou ao nosso jornal que “é relevante salientar que a testagem é importante em qualquer momento, independentemente da época em que estamos” e que “não devemos dar por garantido que um resultado negativo é condição sine qua nom para podermos descurar as medidas básicas de controlo desta infeção”. “Não estamos em condições disso. Neste momento ninguém vive numa bolha que permita afirmar que não esteve exposta ao risco de infeção. Testagem sim, sempre. Medidas de prevenção, acima de tudo e mais alguma coisa”, adiantou.
De acordo com a enfermeira Ana Carina, “a testagem serve o propósito de uma rápida deteção de casos e, consequentemente, uma atuação precoce em conformidade com os resultados obtidos”, sendo que “só desta maneira é que é possível adotarmos medidas para reduzir e controlar a infeção pelo vírus”. Relativamente aos testes, estes são feitos com objetivos diferentes - usados para diagnóstico ou utilizados para rastreios. Atualmente existem três tipos de testes: os testes moleculares, que são os testes de amplificação de ácidos nucleicos, que é o método de excelência para fazer diagnóstico; os testes rápidos de antigénio de uso profissional, realizados por profissionais, que devem ser realizados nos primeiros cinco dias de doença e têm uma sensibilidade de cerca de 90%; e, depois, os auto testes, que não servem para diagnóstico e, no fundo, são também testes rápidos de antigénio mas são realizados pela própria pessoa. “Têm uma sensibilidade inferior, por volta dos 80% e, por esse motivo, assumem um papel complementar. Temos que ter em atenção que estes autotestes são os que estão disponíveis no mercado para a população. E há naturalmente um receio que as pessoas façam uso deste teste como diagnóstico e descurem as medidas que efetivamente vão proteger os seus familiares”, explicou a enfermeira Ana Carina, salientando que “um autoteste negativo não significa que a pessoa não possa transmitir o vírus”. “Eu acho que nesta época festiva, fundamentalmente é importante testar, é. A testagem é sempre fundamental. Contudo, eu acho que a principal mensagem e aquilo que eu gostaria de chamar à atenção é que as pessoas não usem o autoteste de uma forma abusiva para descurarem outras medidas básicas e fundamentais para o controlo da transmissão, como o uso de máscara, o distanciamento, entre outras medidas”, advertiu.
Para Ana Carina, a minimização dos contactos é essencial, sempre, mas sobretudo nesta época festiva, sendo que se as pessoas pretendem ter um santo e feliz natal, vão ter de ter presentes estas premissas em todos os momentos. “E, portanto, efetivamente, testem-se, mas adotem de qualquer das formas as medidas básicas de prevenção”, disse. A enfermeira defende ainda que se as pessoas tiverem a possibilidade, devem realizar o teste PCR, pois “acabam por terem dados que lhes permitem proteger-se e isolar-se”. “Porque no fundo o objetivo do teste é adotar as medidas consoante o resultado. Mas independentemente de tudo, no limite, as pessoas vão fazer o teste e se derem positiva vão fazer isolamento, mas se derem negativa elas têm que se proteger de qualquer forma. Portanto, o receio de uma afirmação de “testem-se para poderem estar à vontade no natal, no ano novo” deve ser desmistificado junto da população”, afirmou, alertando para a importância de “apelar à prudência, à responsabilidade individual e coletiva da própria população”.
Hospital da Misericórdia da Mealhada realiza testes PCR e testes rápidos por marcação
No Hospital da Misericórdia da Mealhada é possível realizar o teste PCR ou o teste rápido de pesquisa de antigénio. Hoje e dia 31, excecionalmente, os testes PCR podem ser realizados apenas no período das 8h da manhã e os testes rápidos mantêm-se no período das 14h30, sendo a agenda limitada. Nos dias 25 de dezembro e 1 de janeiro não se realizam testes. Os testes PCR são comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde com a prescrição do médico, os códigos ou a sinalização da Saúde 24. Se for a título particular, sem qualquer comparticipação do SNS, tem o custo de 100€. O horário para realização do teste PCR é de segunda a sexta às 8h, 12h e 14h30 e, aos sábados, às 11h30. O resultado é dado em menos 24h, por e-mail ou mensagem. Os testes rápidos não têm qualquer comparticipação e, por isso, o custo é de 25€ e realizam-se de segunda a sexta às 14h30. O resultado é dado passado 20 a 30 minutos da realização do mesmo.
A marcação pode ser feita através do contacto 231 209 475, do e-mail covid19@hmmealhada. com ou através do site hmmealhada.com.
Mónica Santos, responsável pelo serviço de Análises Clínicas do Hospital da Misericórdia da Mealhada, adiantou que nas últimas duas semanas houve um aumento de testes PCR, com maior impacto nas crianças. Revelou ainda que as agendas estão sempre cheias para o teste PCR e que, por dia, tem realizado cerca de 55 testes. “Os testes rápidos temos feito apenas em contexto cirúrgico, o que não é contabilizado. E não temos feito a título particular. Eu acho que também é influência das farmácias fazerem de forma gratuita. Houve um período que fazíamos muito para as pessoas viajarem, quando as farmácias não tinham essa possibilidade, mas nem isso temos feito”, esclareceu Mónica Santos.