Diretor: 
João Pega
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Diária

Associação Jovens Cristãos do Luso: há 40 anos com o mesmo princípio onde as reflexões são palavra de ordem


tags: Mealhada Categorias: Especial quinta, 27 janeiro 2022

“São grupos de jovens cristãos, cada um com uma identidade própria, todos fazendo parte da mesma associação e da mesma dinâmica”. É, perante este princípio, que a Associação Jovens Cristãos do Luso (AJCL) se rege há 40 anos, completados no dia 3 de janeiro, e cuja celebração vai merecer um ano repleto de iniciativas, no sentido de “valorizar o trabalho que se faz com a juventude de formação espiritual, mas também humana, intelectual e cultural”, esclareceu Ricardo Seabra Pereira, presidente da direção da Associação Jovens Cristãos do Luso. “O que nós pretendemos é passar os valores cristãos através de um amadurecimento espiritual, de uma espiritualidade esclarecida, adulta e também através do nosso trabalho quotidiano conjunto em projetos culturais e através do desporto. Portanto, no dia-a-dia, num contexto de trabalho em colaboração entre as pessoas, irmos passando uma forma de estar nos valores cristãos, mas em contexto, em situação real”, avançou o presidente.

A Associação Jovens Cristãos do Luso – com 70 sócios, desde jovens e não jovens divididos em grupos, um com jovens do 7º ano ao 10º ano, integrados também no percurso catequético, e outro grupo de jovens e de pessoas integrados já na vida da comunidade – consiste em encontros de reflexão, bem como debates de aprofundamento espiritual, mas prende-se também na criação de vários projetos, abraçando e concebendo iniciativas solidárias e promovendo valores através das imensas atividades. Na vertente de solidariedade, a associação é responsável pela dinamização de duas campanhas, uma para a Liga Portuguesa Contra o Cancro, no Luso, e outra para a Associação Portuguesa dos Amigos de Raol Follereau, a propósito do Dia Mundial dos Doentes de Lepra, que vai acontecer no final de janeiro. “Família Mais Um” é a campanha criada pela AJCL que se realiza duas vezes por ano, uma no Natal e outra na Páscoa, e que consta na recolha de alimentos. São também vários os torneios de futebol que os jovens organizam, na vertente do desporto, - ainda que com a pandemia seja uma atividade que está parada – que, habitualmente, se realizam duas a três vezes por ano, cujo tema apela sempre aos valores da tolerância, do cuidar do ambiente, da colaboração mútua e do respeito pela dignidade do outro. No âmbito cultural, os jovens não só fazem espetáculos de teatro, visitas a museus, parques ambientais e cidades com interpretação cultural, como ainda promovem o Chá Dançante, integrado no Luso 3050, sendo que o serviço de restauração fica, durante uma noite, à responsabilidade dos jovens. A associação organiza também acantonamentos, ou seja, retiros, que acabam por ser “momentos fortes de reflexão e de oração, acompanhados por momentos de lazer, sempre no espírito de colaboração”, mas também campos de férias no verão. A AJCL está atualmente a publicar um calendário com propostas para 2022 apelando ao que possível fazer por cada um, pelos outros e também pelo ambiente, e está igualmente a publicar um livro de recortes, também ele calendarizado, para que quem lê “tenha a possibilidade de ter um recorte do jornal com um pequeno pensamento em que possa refletir mensalmente sobre a sua vida e sobre o contexto em que vive”. A filmagem das eucaristias, para depois difundir nas redes sociais, está também ao seu encargo, assim como a animação da Eucaristia Vespertina, resultante do trabalho dos jovens. Esta associação é ainda constituída pela Escola de Música, com aulas de piano, bateria, guitarra elétrica e guitarra clássica, orientadas por 4 professores e dirigidas a 30 alunos, e pelo CATL - Centro de Animação de Tempos Livres, com cerca de 40 crianças, que torna a associação numa Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS).

A Associação Jovens Cristãos do Luso foi fundada no ano de 1982 e Ricardo Seabra Pereira contou ao nosso jornal como tudo começou: “Em 1982 tinham passado oito anos desde o 25 de abril. E, portanto, começa a haver alguma abertura. E no Luso, na altura, o Rui Costa, já adulto, juntamente com mais uns jovens de 17 anos e outros adultos envolvidos na catequese, perceberam que fazia falta uma oferta de continuidade da formação cívica e espiritual a partir dos 12 anos, porque a catequese terminava nessa mesma idade. E sentindo essa necessidade, fundaram o Grupo de Adolescentes Cristãos do Luso. Esse grupo de adolescentes depois, anualmente, terminava a catequese e sempre que havia um grupo de jovens, formavam um grupo de jovens com um nome próprio. A génese e a intenção são estas. Formar integralmente os jovens cristãos e, depois, evoluiu ao longo dos anos e atualmente somos a Associação Jovens Cristãos do Luso”.

O passar dos anos é, inevitavelmente, sinónimo de várias transformações e o presidente da associação aponta as grandes diferenças existentes de há 40 anos para cá, começando desde logo por evidenciar o facto da oferta ser cada vez mais alargada, ao contrário dos jovens daquele tempo, fazendo assim com que seja um desafio cativar os jovens a estarem mais próximos destas associações. “Desde aquela época para cá, a ausência da oferta cultural e desportiva transformou-se numa grande oferta cultural e desportiva. Temos vários clubes desportivos a oferecer a possibilidade de os jovens praticarem diversos desportos e diferentes modalidades. E culturalmente a mesma coisa, temos música, temos dança e outras artes. E depois o facto de os meios audiovisuais terem explodido, primeiro a televisão porque naquela altura a televisão só funcionava meio dia, agora difunde conteúdo o dia inteiro, tem imensos canais e variados conteúdos. E também apareceu a internet e os jogos eletrónicos e, portanto, os jovens hoje têm uma oferta de entretenimento e de atividades muito variada e estão a ser constantemente solicitados e bombardeados por sugestões, quer através da publicidade, quer pelo que surge na televisão, na rádio, nos telemóveis ou nas redes sociais E isto traz uma enorme dispersão e dificuldade de os jovens conseguirem escolher o que fazer e com o que fazer. Não os têm tirado de uma letargia, em muitos casos até potencia a sua letargia, potencia o seu estado passivo e dificulta a sua pró-atividade. Porque estando tudo feito e oferecido, não exigindo esforço físico ou intelectual, a pessoa tem tendência a ir adormecendo e desligando. E essa é a grande dificuldade que sentimos em depois conseguirmos estimular os jovens à sua pro-atividade e estimular o seu desenvolvimento intelectual e espiritual”, sublinhou Ricardo Seabra, expondo que também os pais são diferentes e “têm dificuldade em orientar os seus filhos, deixando que a criança escolha sempre o que é melhor para ela, quando ainda não tem um estado de maturidade que o permita”.

Todavia, Ricardo Seabra Pereira admite que quando se consegue atrair e cativar os jovens, é possível observar “resultados extraordinários”. “Porque o acesso que têm ao conhecimento, em vez de conseguirem selecionar o conhecimento e tratá-lo com profundidade, os jovens conseguem desenvolver projetos, do principio ao fim. E verificámos isso nos espetáculos que temos feito, em que conseguimos que sejam eles a escolher a peça que querem fazer e depois toda a técnica e interpretação nasce neste diálogo conjunto e concretiza-se”, disse.

A Associação Jovens Cristãos do Luso continua a juntar cada vez mais jovens e, é através do e-mail geral@ ajcl.pt ou das redes sociais, que os interessados se podem inscrever.