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Costa Superstar | Opinião


tags: Mauro Tomaz Categorias: Opinião terça, 08 fevereiro 2022

O povo português, o tal que é e será sempre soberano enquanto vivermos em democracia, decidiu e está decidido! Quando as sondagens apontavam para um grande equilíbrio nos resultados eleitorais destas Legislativas… eis que Costa as vence de forma arrebatadora, resoluta e incontestável, eliminando toda e qualquer dúvida que ainda pudesse persistir. Para surpresa geral (inclusivamente no Largo do Rato, dada a proporção dos números... é que nem o mais “irritante” dos optimistas apostaria neste desfecho), Costa obteve uma maioria “muito claríssima”, para colocar divertidamente a coisa em termos não apenas absolutos, mas também sintéticos e analíticos. Num momento particularmente intrincado para o País, a estratégia eleitoral do PS resultou em pleno e no exame maior de todos os exames, a popularidade de António Costa atingiu o seu auge, elevando-o ao estatuto de “superstar” da política portuguesa, onde apenas tem rival no Presidente Marcelo. Ambos são um caso sério de carisma e de notoriedade entre os Portugueses, que escolheram manter o rumo dos últimos tempos, optando pela tranquilidade em vez do aventureirismo, validando e reforçando desse modo a confiança no actual Primeiro-Ministro para os próximos quatro anos. Neste momento, esta convicção dificilmente poderia ser mais forte.

Cedo se começou a perceber que poderia haver uma possibilidade de maioria absoluta, com as primeiras confirmações de um mapa que ficou inteiramente cor-de-rosa no Continente e nos Açores, tendo o PSD apenas logrado vencer na Madeira. Em Viseu, o socialista João Azevedo deu em grande estilo o pontapé de saída na noite quase perfeita para o partido, acabando de vez com o mito do Cavaquistão no distrito… estava encontrado o primeiro sinal de uma noite que iria ser histórica para o PS, assinado por um protagonista que promete ter grande relevância no elenco que se segue. Marta Temido, em Coimbra, também deu “bailinho” e elevou o número de deputados eleitos no círculo para 6, contra apenas 3 do PSD, mas a tónica acabou por ser geral... e resultado após resultado, acabaram por se confirmar os cenários mais “extremos” das projeções, às 20h. A firmeza da aposta dos Portugueses em António Costa é tal que convém retirar ensinamentos de lições passadas que foram bem duras para todos nós, pelo que esta maioria absoluta no Parlamento é para ser gerida com todos os cuidados, e acima de tudo com um enorme sentido de responsabilidade e de cumprimento do dever. Os últimos tempos foram duros, muito duros para todo e qualquer governante deste País, mas principalmente para o Primeiro-Ministro e para o Presidente da República, sendo que este resultado, pela sua dimensão, aparecenos quase como um sinal de gratidão dos Portugueses pelo desempenho na gestão da pandemia e da crise política, com que lidou com mestria estratégica. Os maiores responsáveis por esta última, Bloco de Esquerda e PCP, acabaram por ser severamente punidos pelo Povo e a esmagadora maioria dos votos que perderam acabaram por ser reconduzidos para os socialistas, que assim alcançaram a desejada independência na condução dos destinos do País. Costa prometeu, no entanto, que não haverá autismo em relação aos restantes partidos, garantindo uma maioria de “diálogo” com todos os outros, à excepção dos que se autoproclamam como sendo contra o sistema, e que dispensam desde logo apresentações. À direita, temos ainda a novidade liberal, que promete realmente uma alternativa política de facto, com seriedade e trabalho desenvolvido, contando ainda com uma massa de simpatizantes crescente e cada vez mais interessante, dado que o seu conteúdo programático se distingue claramente das restantes forças políticas de oposição. De resto, enormes derrotas do PSD e do CDS, com as cabeças dos respectivos líderes desde logo a rolar… e se os primeiros decerto que se reerguerão, dada a historicidade, os segundos correm sérios riscos de desaparecimento, dado que nem um único deputado foram capazes de eleger.

A noite eleitoral foi “quentinha”.… com os ânimos bem exaltados nas redes sociais, em tempos pandémicos, onde a política se discute com o fervor de uma partida de futebol entre rivais, com deselegâncias e insultos à mistura. São sinais dos dias que correm. A maturidade democrática devia ser trabalhada na Escola, a partir de tenra idade. Até podemos não aceitar os resultados eleitorais, lutando contra os cenários por estes desenhados, mas temos a obrigação de os respeitar, uma vez que traduzem a soberana vontade da maioria dos Portugueses. Em democracia, esta é necessariamente intocável. Haja o que houver. Custe o que custar.

A dupla “superstar” Marcelo & Costa está para durar… e a sorte deles será a nossa!

Viva Portugal!

Mauro Tomaz