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ACIBA vai assinalar 20 anos e acredita: ''A Mealhada tem muito para ser forte e temos que aproveitar o que de bom aqui temos''


tags: Mealhada, Mealhada Categorias: Entrevista quarta, 09 fevereiro 2022

A ACIBA – Associação Comercial e Industrial da Bairrada e Aguieira assinala 20 anos no próximo mês de março, dia 22. O Jornal da Mealhada esteve à conversa com Carlos Couceiro, presidente da direção há 2 anos, e Cláudio Matos, vice-presidente da direção e diretor executivo, que partilharam a importância desta associação para o comércio e indústria. O que a pandemia trouxe aos empresários? E quais as perspetivas para a Mealhada? São as respostas a estas perguntas que vai poder encontrar nesta entrevista. Ter uma delegação própria na Mealhada é um dos próximos objetivos e, ainda este mandato, pretende-se que Penacova e Mortágua também contem com delegações.

 

Em março assinalam 20 anos. O que significa este número redondo para a associação?

Carlos Couceiro (CC): É um marco. São 20 anos da existência da ACIBA que representam um tempo que eu penso que foi muito útil, desde a fundação da ACIBA até hoje, sempre com algumas dificuldades, mas no final são 20 anos que temos de retirar o bom do que se tem feito. E no futuro estarmos orgulhosos do trabalho desenvolvido e da ACIBA ter sido criada. Agora resta-nos continuar a trabalhar para que tenhamos um futuro melhor dentro das perspetivas que a associação tem.

Cláudio Matos (CM): São 20 anos de um percurso assinalável porque o mais difícil não é criar, mas sim manter. Portanto, com 20 anos a associação já passou a adolescência. Não quero com isto dizer que também já chegámos à maturidade, porque ainda há muito a fazer logicamente. A ACIBA começou como ACIM - Associação Comercial e Industrial da Mealhada - e, em 2014, passou para ACIBA, incluindo Mortágua e Penacova. Com certeza que politicamente também existiu esse interesse. E existindo esse interesse também viemos dar alguma resposta ao que faltava nesses municípios, ou seja, uma associação que representasse a nível empresarial, comercial e industrial. E neste momento podem contar com a ACIBA.

 

Qual a importância da ACIBA para os empresários da Mealhada, de Mortágua e Penacova?

CC: A ACIBA terá que ser a voz dos comerciantes e dos empresários junto das autarquias e do governo.

 

E de que forma é que as Câmaras Municipais também ajudam este contacto da ACIBA com o setor empresarial?

CM: A nossa relação, desde outros mandatos com outros colegas, sempre foi uma colaboração. Portanto, penso que do lado dos municípios e presidentes da Câmara, daqueles que foram embora e daqueles que estão, não deverão certamente dizer que alguma vez fomos uma voz contra eles. Também não quer dizer que sempre fizemos aquilo que eles disseram, mas sempre tivemos aqui para os ajudar a colaborar em prol do desenvolvimento, não só dos municípios, mas sim da nossa região. Porque essa também é uma preocupação da ACIBA que tem sido transportada de mandato em mandato, que é a região que está unida através da Serra do Bussaco: Mortágua, Penacova e Mealhada. E se de três regiões, podemos fazer uma região forte, então preferimos ter uma região forte.

O relacionamento com as autarquias sempre foi bom e continua a ser bom. Já reunimos com os novos presidentes de Câmara em funções desde outubro e mantemos esse relacionamento. Eles sabem que contam connosco para aquilo que pretendam para o desenvolvimento da região, tal como a CIM-RC sabe que pode contar connosco para trazer riqueza e desenvolver a região.

 

Que trabalho tem sido desenvolvido com o tecido empresarial da Mealhada? E de que forma é que a ACIBA tem apoiado as empresas?

CM: A ACIBA tem desenvolvido programas financiados de formação-ação, de consultoria e de apoio na dinamização dos negócios e das empresas. Tem tido projetos virados para a agricultura, comércio, serviços, restauração, hotelaria, indústria, portanto, para todos os setores de atividade. Tem sido uma preocupação poder ter essa resposta.

CC: Nós colocamos à disposição os apoios. Mas nem sempre nos procuram. O que também é um erro porque a ACIBA dispõe de meios e tem técnicos que poderiam ajudar bastante mais as empresas e os comerciantes.

 

Qual é o estado da economia aqui na Mealhada?

CC: Para mim é uma incógnita. Neste momento falamos com muita gente e ouvimos muita gente a queixar-se. Nós abrimos algumas iniciativas, que o Governo colocou à nossa disposição também, e não tivemos uma única procura.

CM: É difícil prever porque dificilmente nós sabemos o que está dentro das portas de cada um. Agora, o que nós conseguimos perceber com alguma facilidade, é que há negócios que se vão mantendo com alguma dificuldade e também há negócios que se vão mantendo nesta fase da pandemia normalmente. Eles reinventam-se, depois trabalham a dobrar e se calhar são obrigados a ter uma melhor gestão diária, que era coisa que não estavam habituados. Mas há um desafio interessante que é chegarmos a meados do ano, que é quando as empresas prestam contas ao Estado, e se calhar perceber e analisar se o volume de negócios local e regional baixou assim tanto.

 

Pode então ser uma ilusão esta questão de a pandemia ter vindo a prejudicar os negócios?

CM: É verdade que os negócios estão fechados durantes dois meses, mas também é verdade que depois também há um mês de agosto que é melhor que o ano passado, acabando por equilibrar. Na sua maioria, não digo que seja regra geral. Agora, há que dar também mão à palmatória e o mérito àqueles empresários, por exemplo, da restauração que se reinventam e arranjam novas formas de vender o seu produto e ter a casa cheia.

CC: Eu acho que se formos verificar, toda a vida fecharam empresas. Se calhar até a resiliência é maior agora. Isto foi um impacto grande num momento que nos obrigou a tomar medidas e cautelas e hoje toda a gente tem noção que isto foi grave, continua a ser grave e que é preciso poupar.

 

E podemos ver a pandemia como algo que também veio alertar as empresas e alterar formas de estar?

CM: Há uma parte que é importante perceber. Se calhar maior parte dos negócios que acabaram por fechar já eram negócios que tinham os dias ou anos contados. Ou até dificuldades de sucessão. E que acabaram por fechar mais cedo. Se calhar a grande maioria desse tipo de negócios, a nível nacional, acabou por não resistir. Porque já estava fragilizado. Mas também nasceram novos negócios. Portanto, a pandemia não justifica tudo. Para uns, justifica o insucesso, para outros justifica o sucesso.

CC: A pandemia veio também chamar a atenção a muitos empresários de que a vida não é assim tão fácil como se pensava. Ninguém acreditava que íamos passar por uma situação destas. Mas há empresas que continuam a laborar bem. É sempre lamentável o que aconteceu porque é uma pandemia, mas se calhar também era preciso algo assim para alertar. Obriga-nos a pensar e a ter os objetivos mais bem definidos.

CM: A mensagem que se quer transmitir é de positividade e força. Não é uma mensagem de crítica. O caminho é para a frente e, apesar das contingências, esta é mais uma e temos que saber reagir a ela.

 

Quais são as perspetivas para o setor empresarial da Mealhada? E para a ACIBA?

CC: Eu gostaria que as perspetivas fossem boas para toda a gente, principalmente isso. Mas acredito que não vai ser fácil porque ainda falta pagar as ajudas e as moratórias do Estado. E devem existir empresas que tiveram apoios e que vão deixar de ter. Mas eu não sei como porque às empresas não chegou muito apoio do Estado, ao contrário do que é dito. As empresas é que seguraram o país, os empresários é que sofreram na pele as dificuldades diárias de todo este problema. E são os menos ajudados. Isto é real. Mesmo sendo um caminho lento, acredito que vamos ter a retoma de todo este processo. Penso que nível da região, quer a restauração como o comércio, já estão a melhorar bastante. Principalmente a restauração que foi um setor muito prejudicado.

Enquanto ACIBA, eu gostaria que no futuro pudéssemos unir mais o comércio para que o comércio e a Mealhada percebam que temos uma das melhores regiões de gastronomia. Temos água, pão, vinho e leitão. E temos de juntar estas pessoas e fazer algo que venha em prol de todos, e não se pense unitariamente. A Mealhada tem muito para ser forte e temos de aproveitar o que de bom aqui temos. E nós nem sempre aproveitamos da melhor forma. Em conjunto com a Câmara, devíamos conseguir fazer um evento com o patrocínio dos restaurantes porque a eles traria certamente melhorias. E também o turismo, nós temos aqui turismo e por vezes temos dificuldade em perceber o porquê de não funcionar. Mas penso que se calhar estes novos tempos que vêm aí vão melhorar o nosso turismo na região.

 

“Temos como grande objetivo, além de abrir um espaço próprio na Mealhada, abrir uma delegação em Penacova e Mortágua e vamos fazê-lo neste mandato”

Para o presidente da ACIBA, Carlos Couceiro, o que tem sido feito está muito aquém daquelas que são as ambições para a associação. Além de integrarem agora “empresas com mais nome e força”, o objetivo passa por abrir um espaço próprio na Mealhada e ainda uma delegação em Penacova e outra em Mortágua, estas duas ainda neste mandato. “Eu vejo a ACIBA como uma empresa. Numa empresa trabalhamos diariamente com objetivos e o nosso objetivo é conseguir resultados em prol da empresa, não para ter lucros porque não é uma empresa com fins lucrativos. Mas temos de jogar sempre para cima. Nunca podemos pedir pouco, temos sempre de pedir muito. E estamos satisfeitos com o que nos dão, mas queremos sempre mais. E nós temos a aspiração de tornar a ACIBA uma força. Nem sempre é fácil trabalhar com Câmaras. Nós temos uma nova Câmara, temos novas pessoas e temos de aproveitar ao máximo a aproximação, porque também a Câmara tem muito a lucrar connosco. A ACIBA já devia ser uma força maior, já devíamos ter um espaço próprio. Falta um Centro de Negócios. Era importante porque nós estamos aqui num sítio nevrálgico, temos muita restauração que não aproveitamos como devemos, precisamos de mais indústria na Mealhada porque sem indústria os municípios também não conseguem obter os resultados que pretendem e precisamos de criar postos de trabalho”, avançou o presidente. Quanto às delegações de Penacova e Mortágua, o vice-presidente Cláudio Matos justificou que a sua abertura serve para “estar mais próximo do comerciante e da própria população”. “Hoje em dia uma associação empresarial não é só uma representação dos empresários, nós somos um sindicato de certa forma e existe um papel social. As pessoas quando estão desempregadas muitas vezes vêm-nos bater à porta porque um associado nosso pode ter um posto de trabalho disponível. O nosso papel é cada vez mais para a comunidade”, avançou o vice-presidente. “E queremos que seja rápido para que os comerciantes e os empresários tenham ali à mão a ACIBA”, completou o presidente Carlos Couceiro.

Refira-se que a ACIBA surgiu “pela necessidade de se juntarem ao lado dos empresários e lutarem por uma causa própria e, acima de tudo, pelo interesse dos comerciantes em se unirem”, esclareceu o vice-presidente, Cláudio Matos. A ACIBA resulta da alteração da designação social da ACIM (Associação Comercial e Industrial da Mealhada), constituída em 2002, com sede na Mealhada e cujo território de abrangência compreendia o concelho da Mealhada e limítrofes. Em 2014, para além de ter levado a efeito uma mudança de imagem e de denominação, passando à atual ACIBA, alterou os seus estatutos e a sua área de intervenção agregando os concelhos de Mealhada, Mortágua e Penacova.

A ACIBA é atualmente vice-presidente do CERC – Conselho Empresarial da Região de Coimbra, que agrega todas as três associações que representam os 19 municípios da CIM-RC.

 

 

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