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Diária

Centro Cultural e Recreativo de Adões: 30 anos de convívio que une populares


tags: Celebração, Barcouço Categorias: Especial quinta, 10 março 2022

Tudo começou com o convívio à sombra de um sobreiro – houve até quem dissesse que era dos sobreiros mais antigos do país – até ao atirar da primeira pedra que deu origem ao Centro Cultural e Recreativo de Adões e que este mês de março, dia 9, assinalou 30 anos. “Jogos da mata, torneios de malha, cartas e outras tantas iniciativas” são as recordações de José Rama que, dos seus 71 anos de idade, dedicou praticamente 30 a este espaço polivalente. Foi presidente desde a sua fundação até há bem pouco tempo, mas entrega agora o seu lugar a uma nova direção, que conta estar definida durante este mês.

“Eu fazia parte de uma comissão de festas, em conjunto com várias pessoas. E foi então que decidimos avançar com uma estrutura destas. As festas eram feitas cá na terra e entendemos que era melhor ter um espaço para realizar certos convívios e eventos. E andámos cerca de dois anos com todo esse processo. Tínhamos uma sobreira, que dizem que era das mais velhas de Portugal, e aproveitámos a sobreira para começar a realizar jogos. Começámos pelos jogos da mata e torneios de malha”, avançou José Rama, adiantando que este era um espaço “baldio” e “sem nada”, ao qual os populares lhe chamavam de “fontinha”. Foi então que compraram o terreno à Junta de Freguesia, a escritura foi feita, a legalização estava aprovada e só faltava começar a construir.

“Inscrevemos a associação e começámos então a trabalhar para ter uma casa nossa. Contámos com a ajuda da Câmara Municipal, da Junta de Freguesia de Barcouço e da Junta de Freguesia de Trouxemil, à qual nós também pertencemos. Tivemos também o apoio do povo de Adões e de fora, assim como de empresas e restaurantes. Numa fase inicial faziam parte 160 sócios”, contou o anterior presidente, destacando que toda a população recebeu de braços abertos este espaço.

Conseguiu-se então erguer um salão que, entre os seus 450 metros quadrados, guarda histórias e memórias de convívios que uniram populares durante décadas, quer através dos passeios de bicicleta que de lá partiam em direção à Tocha, Mira e Olhos da Fervença, quer dos sócios que se juntavam para o futebol de salão. Também a este espaço, está associada a equipa de Trail de Adões, que reúne vários atletas apaixonados pela natureza. “A festa na aldeia era sempre feita no largo de Adões, mas a organização apoiava-se sempre no Centro Cultural e Recreativo para colocar os andores e outras coisas que pertenciam à comissão de festas”, acrescentou.

José Rama recorda ainda que o Centro Cultural e Recreativo de Adões, dos dois anos que participou nas Tasquinhas da Mealhada, foi vencedor numa das edições. Também chegámos a ir para lá com o Bolo de Cornos, que é uma tradição daqui, assim como a jeropiga. Portanto, as boleiras levavam o bolo e nós a jeropiga”, relembrou.

Se antes eram 160 sócios, agora, e devido à pandemia, são 130. Porém, a ideia é recuperar de novo aquilo que a pandemia tirou – o convívio – e voltar a fazer deste espaço aquilo que era dantes. Para o anterior presidente, o que mais gostava era que “se mantivesse o convívio” no qual o Centro de Adões habituou durante vários anos, garantindo que assim que seja possível e seja dada a autorização, a ideia é avançar e abrir portas novamente.

Questionado do que significa, para si, todos estes anos à frente de uma casa que marcou e ainda marca a freguesia de Barcouço, José Rama não hesitou: “É muito importante para mim”. “Sinto-me bastante orgulhoso de deixar uma obra destas. Mas vou manter sempre o contacto”, esclareceu.