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Joaquim da Cruz | Opinião


tags: Alice Godinho Rodrigues Categorias: Opinião segunda, 14 março 2022

No texto de hoje prestamos um pequeno tributo a um dos maiores beneméritos da Pampilhosa o industrial Joaquim da Cruz. Nascido a 17 de setembro de 1884 na Praia do Ribatejo, filho de Thomaz da Cruz e de Rosa Maria instalou-se na Pampilhosa em 1906.

Recuando a 1870 a baixa da Pampilhosa era constituída por pinhais e silvados, panorama que se alterou radicalmente com a inauguração da linha de caminho-de-ferro da Beira Alta em 1882. Começaram a instalar-se algumas empresas, armazéns, comércio e posteriormente algumas habitações.

Destacamos as 4 empresas de cerâmica e a primeira fábrica de serração de madeiras Thomaz da Cruz & Filhos que edificaram junto à linha férrea com o intuito de poderem facilmente escoar os seus produtos. Para a construção da serração foram adquiridos vários terrenos. Poderíamos apresentar vários exemplos, no entanto limitamo-nos a referir a venda de um pinhal pertencente a Pedro da Silva e mulher Maria Rosa Cristina pela quantia de 40$000. A gestão da empresa foi deixada a cargo de Joaquim e seu irmão Francisco da Cruz.

O desenvolvimento da Pampilhosa, sempre esteve ligado aos industriais que implantaram as suas empresas nesta terra, tendo contribuído para a grande explosão demográfica da altura e Joaquim da Cruz é o maior exemplo dessa contribuição. Elencamos algumas das suas contribuições:

1906 - Ajudou na construção do GIR e foi o seu primeiro presidente em 1913.

1910 - Com a implantação da República em 5 de outubro, torna-se o Presidente da Comissão Administrativa do Município de Mealhada. Voltou a ocupar o mesmo cargo, mas por eleição em 1911, 1917 e 1919. Foi um dos grandes vultos do Partido União Republicana do Município.

1912 - Por sua iniciativa, cria o Sindicato Agrícola para defesa dos agricultores do Concelho.

1913 – Fundou a Tuna Recreativa Pampilhosense que mais tarde viria a dar origem à Filarmónica Pampilhosense.

1916 - Fez parte da comissão para a construção da fonte do Garoto. 1921- Fundou juntamente com outros industriais a Associação de Socorros Mútuos e apoiou a Casa da Sopa dos Pobres.

1923 - Com o seu irmão Francisco, doaram o terreno e custearam a edificação da Escola Democrática Thomaz da Cruz que foi inaugurada em 1923.

1923 - Juntamente com Albano Cristina convenceram Joaquim José de Melo a autorizar a título gratuito a canalização de água da nascente da Gândara, até à zona habitacional criando o aqueduto da fonte do Melo.

1924 - Juntamente com Joaquim Pires e Adriano Teixeira Lopes, criaram a empresa Cinematográfica Pampilhosense, da qual se tornou sócio.

1924 - Ajudou também na criação do Pátria Foot-Ball Club que mais tarde viria a dar origem ao Futebol Clube da Pampilhosa.

1926 - Apoiou Adriano Teixeira Lopes a criar os Bombeiros Voluntários de Pampilhos a fazendo parte da Comissão Organizadora. Foi também Presidente da Assembleia-geral, Presidente da Direção e Primeiro Comandante. Cedeu gratuitamente e durante vários anos um dos seus armazéns que foi o primeiro quartel e vendeu o seu automóvel Turcat- Méry que serviu como pronto socorro.

No campo social e urbano, defendia a construção de um bairro operário e aprovou um plano geral de urbanização, dado o crescimento populacional da altura. Melhorou arruamentos e passeios, ordenando a abertura de novas ruas e a construção de uma passerelle sobre a via férrea para acesso à estação.

Apelou aos munícipes para construírem edifícios com bom gosto para que a Pampilhosa fosse atrativa e deu o exemplo construindo um dos edifícios mais emblemáticos a quem deu o nome de Vila Rosa em homenagem à sua mãe e a uma das suas irmãs. A Vila Rosa e a serração foram vendidas mais tarde à Sociedade de Adubos Ceres.

Joaquim da Cruz faleceu na Pampilhosa no dia 3 de agosto de 1975 e foi sepultado na Praia do Ribatejo. A Pampilhosa homenageou-o dando o seu nome a uma das ruas principais na Pampilhosa.