Diretor: 
João Pega
Periodicidade: 
Diária

''A cultura propaga-se através daquilo que o povo nos ensinou''


tags: Pampilhosa Categorias: Entrevista sexta, 29 julho 2022

Manuel da Cruz Branco, presidente da direção do Grupo Regional da Pampilhosa do Botão, deu uma entrevista ao nosso jornal, a propósito do Festival de Folclore da Vila de Pampilhosa, no próximo dia 30 de julho, às 21h, no Jardim Municipal. Depois de dois anos suspenso, o retomar é mais uma oportunidade de “divulgar a cultura”.

 

Após dois anos de interrupção, o que simboliza para vós o regresso do Festival de Folclore da Vila de Pampilhosa?

Para nós é uma satisfação conseguirmos chegar ao ponto de termos a liberdade que anteriormente tínhamos e de recomeçar, embora com prevenções e instruções que nos são dadas. Mas é com alegria que já temos andado por esse país fora precisamente a representar o concelho e a freguesia da Pampilhosa.

 

E o que pode desvendar deste encontro de danças e cantares?

Nós apresentamos e recordamos tudo o que foi uma tradição dos povos das várias regiões do nosso país, tanto é que o nosso festival é composto por grupos de diversas regiões do país e do estrangeiro. Por acaso, este ano, dado que estamos a recomeçar, fazemos unicamente com grupos portugueses que trazem a sua cultura. Além da transmissão de cultura, há precisamente o convívio, amizades que se criam e o aprender. É mais um degrau que fica na cultura da nossa terra. E também temos o interesse em trazer outros povos ao nosso concelho.

 

E que grupos são esses que vão atuar? E em que consiste a escolha?

Nem todos os grupos estão a recomeçar. E nós procurámos diversificar com grupos que tenham as suas recolhas e sejam de qualidade, digamos assim. E trazemos cá o Rancho Folclórico Sampaense, de São Paio de Gramaços, que fica perto de Oliveira do Hospital, o Rancho Regional do Olival, de Vila Nova de Gaia, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré e o Rancho Folclórico e Etnográfico do Louriçal, de Pombal. 

Portanto várias zonas do país, um da beira serra, vem outro da região do Porto, vem da beira litoral, e depois o grupo do Louriçal, precisamente mais a sul da Mealhada. E vão apresentar os seus trajes, como o povo se vestia e as suas tradições.

 

Além do que o público já está habituado, há alguma novidade este ano que pretenda destacar?

Para nós todos os pontos são destacáveis. Isto porque trabalhamos com cultura escrita, com cultural visual nos seus trajes, com cultura dos seus usos e costumes, daquilo que eles fazem e faziam, a que se mantém e a outra que ainda está esquecida. E muitas vezes é difícil recuperar.

A nossa missão é divulgar a cultura. Dar aos outros aquilo que também recebemos. E dar pelo mesmo preço.

 

E o que o público do concelho, e não só, pode esperar deste momento?

O público, se na verdade gosta de folclore, vai gostar de tudo. É só uma questão de pormenores técnicos, ou seja, como se vestiam, como usavam a cinta, como era utilizado o ouro e qual a qualidade dos trajes que trazem, a maneira de vestir as camisas, blusas e saias, até ao colocar da cinta. Até aqui estamos a falar em trajes. Mas podemos falar sobre os seus cantares. Cada zona tem a sua maneira de cantar e dançar. E o povo que na verdade vê e gosta fica com mais uma riqueza. E vai. Há muita gente que vem atrás do folclore precisamente porque quer viver o passado. Quer viver o respeito e gosto que os nossos antepassados nos deixaram, que é esta riqueza de património e de cultura.

 

Que tradição é esta do folclore e o que significa, afinal, o folclore para o Grupo Regional da Pampilhosa do Botão?

A maior escola que existe foi precisamente o povo. Foram os nossos pais e os nossos avós que nos deram toda esta herança. E, agora, é claro que há o gosto de representá-los. O folclore é uma universidade, é preciso é ter gosto e conhecer como se pode recolher tudo isto. É uma escola de aprendizagem de usos, costumes e tradições de um povo que já passou por cá.

E algo curioso é que nós apresentamos com tanto gosto que a única coisa que pedimos como recompensa são as palmas. É uma maneira de o povo mostrar que está grato e satisfeito com aquilo que está a ver.

 

E que importância tem este festival para o vosso grupo, freguesia e concelho?

Podemos dividir essa importância por setores. Primeiro, trazemos pessoas das outras terras ao nosso concelho e freguesia. Segundo, é o facto de nós também termos a oportunidade de mostrar aquilo que somos, aquilo que temos, aquilo que recolhemos, aquilo que constituímos e aquilo que sabemos fazer. E fazê-lo com gosto. E o povo fica satisfeito. Tudo isto traz-nos cultura.

 

Será um culminar de cultura e, por isso, questiono se a ideia é dar continuidade? Se sim, quais as perspetivas?

Nós queremos sim dar continuidade. E posso adiantar que temos já grupos que estão a pedir para vir cá e participar no nosso festival. Apesar de que ainda não fizemos este e não podemos estar a determinar datas e definir quem vem. Mas será para nós um gosto trazer grupos que sejam devidamente representativos. No folclore não há competição, há a verdade. Há o demonstrar ao povo a verdade de como era, de como nós recolhemos e como divulgamos. A cultura propaga-se através daquilo que o povo nos ensinou. É essa a nossa missão.

 

 

Festival de Folclore não se realizava desde 2019

Desde o ano de 2019 que não se realizava o Festival de Folclore promovido pelo Grupo Regional da Pampilhosa do Botão. A última edição realizou-se dia 27 de julho de 2019, no Jardim da Pampilhosa.

Os grupos participantes na altura foram o Grupo Folclórico da Região de Arganil, o Grupo Folclórico e Etnográfico de Recardães – Águeda, o Grupo Folclórico e Etnográfico de Santiago da Cruz de Vila Nova de Famalicão e a Associació Cultural El Trencall de Carlet de Espanha.

 

Grupo Regional da Pampilhosa do Botão marca presença em várias iniciativas

O Grupo Regional da Pampilhosa do Botão, além de percorrer o país com várias atuações, levando a cultura e tradições da freguesia além-fronteiras, tem também ao longo do seu percurso marcado presença nas várias iniciativas que se realizam pelo concelho da Mealhada.

O último evento foi na Romaria da Ascensão no Bussaco com uma banca e alguns doces, como o típico bolo de cornos, revivendo assim a tradição de tantos anos. Anteriormente, e no âmbito das comemorações do Dia Nacional dos Moinhos, o Grupo Regional da Pampilhosa do Botão foi convidado pela Living Place para marcar presença no parque do Lograssol com alguns sabores tradicionais. A época natalícia também foi motivo para mais um encontro de sabores e tradições e foi no Mercado de Natal, no Jardim Municipal da Pampilhosa, que o grupo promoveu os doces natalícios. O BioInovação- Festival de Outono na Casa Quinhentista também faz parte das iniciativas por onde o grupo já passou.

Mas não é só no âmbito cultural que o Grupo Regional da Pampilhosa do Botão atua. O grupo juntou-se também à Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, em novembro do ano passado, projeto este que o Município da Mealhada aderiu, através da campanha “Concelho da Mealhada Mais Limpo – Comunidades Circulares” com iniciativas de sensibilização para problemática dos resíduos. As atividades envolveram a comunidade escolar, bem como ações nas diversas freguesias abertas à população que contou com várias ações de limpeza nos recintos escolares e nas zonas envolventes.