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Diária

Grupo Folclórico e Etnográfico da Vimieira : 40 anos com tradições e costumes como mote de trabalho


tags: Casal Comba Categorias: Especial, Entrevista terça, 06 dezembro 2022

O Grupo Folclórico e Etnográfico da Vimieira comemora 40 anos. Fundado a 21 de novembro de 1982, teve a sua primeira atuação a 27 de novembro do mesmo ano. Este grupo foca-se na recolha e posterior divulgação da cultura bairradina, essencialmente a agrícola. As danças e cantares são, maioritariamente, de roda e remontam ao final do século XIX e início do século XX.

É constituído, atualmente, por 40 elementos, com idades entre os 4 aos 80 anos.

Idalina Várzeas é presidente grupo há cerca de 10 anos, e explicou ao Jornal da Mealhada o que os move enquanto associação.

 

Quando nasceu o Grupo Folclórico e Etnográfico da Vimieira?

O Grupo iniciou num cortejo em agosto, para a Igreja de Casal Comba, em 1982. A D. Olinda Simões fez a letra e uma marcha para o cortejo. As crianças foram as protagonistas, as famílias vestiram-nas a rigor. As pessoas que assistiram ao cortejo gostaram muito.

Entretanto a Maria Olinda Vilela e a Adelina resolveram, no dia 21 de novembro, criar um rancho, conversaram com as outras mães das crianças que participaram no cortejo da Igreja de Casal Comba. As mães concordaram e, logo no dia 27 de novembro, as crianças dançaram na Festa da Padroeira.

Para começarem as atividades do grupo, Maria Olinda e Adelina pediram ajuda ao Sr. Guilherme Cruz que fez as letras e compôs as músicas para o rancho. Também tiveram ajuda do Sr. Faustino da Pampilhosa, do Sr. Zé Matias, do Canedo, e de Manuel Godinho, entretanto mais uns se juntaram.

 

As crianças vestiam roupas de época, quem eram as costureiras dos fatos?

Era eu, a Dulce Ferreira da Costa e as mães das crianças. Nós tirávamos ideias de fotografias antigas, que recolhemos de pessoas da terra. Pegávamos em fotografias dos nossos antepassados e copiávamos, para representar da melhor forma.

 

Há quanto tempo está no grupo?

Desde o início.

 

Como funcionam as reuniões do grupo?

Temos ensaios todos os sábados, no salão da Associação para Defesa do Património Cultural da Vimieira. No inverno, costumamos reunir de quinze em quinze dias, se não tivermos atividades próximas. Paramos só em agosto, por causa das férias dos membros do grupo.

 

O nome do grupo é Grupo Folclórico e Etnográfico da Vimieira, sempre foi este o nome?

Antigamente era Grupo Folclórico Rosas de Maio, esteve só um ano com este nome. Mudámos de nome e acrescentámos o “etnográfico” por causa da representação cultural que temos, das nossas roupas, por exemplo.

 

Como é que as pessoas conseguem aderir ao grupo?

Nós vamos ao encontro das pessoas, pedimos para participarem. As pessoas da associação também sugerem pessoas que acham que podem gostar de entrar para o GFEV e nós vamos falar com elas para saber se estão interessadas.

 

Em que consistem as atividades do Grupo Folclórico e Etnográfico da Vimieira?

Todos os meses temos uma atividade, em janeiro temos as janeiras, fazemos serões à lareira, remendamos roupa, como antigamente, fazemos estas recriações, vamos à Romaria de Sto. Amaro. Em fevereiro, festejamos o entrudo pelas ruas da aldeia. Em março, é o mês dos pregões pela aldeia. Em abril, começamos as atuações do rancho a convite de outras associações, e organizamos a romaria ao nosso Santo. Em maio, costumamos ir a pé ao Bussaco, no dia da Ascensão. Nos meses de verão temos muitas atuações do rancho, nas tasquinhas, em terras vizinhas, andamos sempre pelo país fora. Temos ainda o Magusto de S. Martinho.

 

Como são os festejos do dia de aniversário do GFEV?

Depende, às vezes são festejos grandes, outros anos mais pequenos. Estamos com ideias de festejar no salão da Associação, com caldo verde, leitão, arroz doce e leite creme, estas duas sobremesas não podem faltar.

 

Vocês são uma associação com uma grande representação cultural, conte-nos algumas das recriações de atividades e brincadeiras que vocês fazem?

Jogamos à “panelinha” no largo, primeiro guardamos o que se partia em casa (cântaros, caçoilas, canecas, pratos) para jogar no dia da “Panelinha”, depois no largo da aldeia fazemos uma roda e temos de atirar uns para os outros o objeto. Este jogo obriga-nos a estar atentos para não partir mais o objeto, mas na verdade a piada é essa, fazer com que o nosso colega deixe cair o prato ou a caneca. Quando se parte é uma alegria.

Fazemos a recriação dos pregões da aldeia, fazemos de ‘amola tesouras’, que era a pessoa que ia afiar facas e tesouras, a ‘mulher de tremoços’, imitamos a senhora que vendia os bolos e os suspiros, e a menina que fazia os rodízios (moinho de papel).

Recriamos, no dia da romaria ao nosso Santo, os antigos que iam de aldeias vizinhas ou de concelhos vizinhos vender tremoços, bolos, suspiros, entre outros. Colocamos, à porta da capela, uma banca e estamos lá a vender.

Organizamos dias de jogos tradicionais para as crianças, e depois ensinamo-las a jogar ao peão, bilharda, arco, botãozinho, atirar as bolas às latas, jogar o finto, o cepo com os pregos, saltar à corda, a corrida do saco, e muitos mais que eu não me estou a lembrar.

 

Costumam fazer alguma atividade para celebrar os Santos Populares?

Essa é outra tradição gira, que eu não me esqueço de fazer, são as fogueiras de S. João, Sto. António e S. Pedro, onde dançamos à volta da fogueira. Há sardinha assada, febras, pipocas, há de tudo para todos os gostos.

 

E a Caminhada Saudável como funciona?

Na Caminhada Saudável as pessoas dão o que quiserem e os lucros revertem sempre para uma causa. Na primeira vez foi para a capela, na segunda vez foi para ajudar a comprar uma cadeira de rodas. Nesta caminhada há distâncias maiores e distâncias mais curtas, percorremos parte dos Caminhos de Santiago e caminhos antigos dos nossos Romeiros.

Também já fizemos um evento para ajudar pessoas que precisam.  Estamos sempre prontos para ajudar.

 

Quais são os festivais do GFEV?

Um deles é o Festival do Leitão, em julho. Juntam-se sempre pelo menos 250 pessoas, costuma ser muito puxado, porque, normalmente, no dia seguinte, recebemos quatro grupos de rancho. Nós andamos, até às tantas, a trabalhar no Festival do Leitão e no dia seguinte temos de estar prontos para receber os outros grupos. Fazemos o Festival das Vindimas, em setembro, e o Festival dos Negalhos e da Chanfana, em outubro.

 

Já atuaram fora do país?

Sim, em 2004 fomos aos Estados Unidos da América, ao 10 de junho, estivemos entre 16 a 20 dias, em casa de emigrantes da Vimieira. Também fomos a França atuar, na altura da Páscoa.

 

Que parceiros têm?

A Associação para Defesa do Património Cultural da Vimieira, trabalhamos em conjunto, ajudamo-nos mutuamente. A Junta de Freguesia de Casal Comba e a Câmara Municipal da Mealhada, que nos dão subsídios e outras ajudas.

 

Fazem muitas e diferentes atividades…

É assim que vamos fazendo passar o ano. Pensando que não, praticamente estamos sempre no Grupo Folclórico e Etnográfico da Vimieira. É o que nós dizemos uns aos outros, isto é a nossa segunda casa.