Pampilhosa celebra Centenário da Escola Tomaz da Cruz

A Escola Primária Tomaz da Cruz celebra 100 anos no mês de março. Dinamizadas por uma Comissão das Comemorações da Escola Tomaz da Cruz, as celebrações iniciaram no dia 3 de março e duram até dia 18 de março.

Tertúlia, exposição, almoço-convívio e sarau cultural são as atividades que estão programadas para assinalar o centenário da escola primária.

A Junta de Freguesia da Pampilhosa, por saber a ligação afetiva à escola, convidou Marlene Lopes, antiga aluna da escola, professora e a última coordenadora da Escola Tomaz da Cruz, para formar uma comissão para as comemorações do centenário. “Fiquei muito satisfeita e honrada por estar envolvida e colaborar neste evento” declara Marlene Lopes.

A comissão foi formada por Marlene Lopes e é constituída por professor Carlos Cabral, antigo aluno da escola, e dois alunos, Joana Luís e Gil Ferreira, que entrou no último ano em que a escola esteve a funcionar, e também recorreram à ajuda de Mário Rui Cunha, que colaborou na parte histórica, com informações do foro da história. Esta comissão reuniu por várias vezes e decidiu o que poderia fazer para as comemorações “usando a prata da casa”. “Eu não estou habituada a este tipo de organização, foi uma experiência que nos enriqueceu e que nos deu algum gozo”, afirma Marlene Lopes.

As comemorações iniciaram com uma tertúlia, no dia 3 de março, sexta-feira, no edifício da Escola Tomaz da Cruz, com a colaboração da Associação do Grémio de Instrução e Recreio. Nesse dia foi colocada uma placa comemorativa do centenário. A Tertúlia foi moderada por Ana Pires, do Grémio de Instrução e Recreio, foram convidados Gil Ferreira, professor do Instituto Politécnico de Coimbra, Maria João Brito, neta do primeiro professor da Escola Tomaz da Cruz, e António Dias Figueiredo, professor catedrático da Universidade de Coimbra, como oradores para a tertúlia. As temáticas abordadas incidiram com o tema da educação em geral, e depois para a escola em si, “porque é que ela surgiu, como é que ela surgiu e algumas curiosidades do que aconteceu ao longo dos anos em que a escola esteve aberta”, diz Marlene Lopes, coordenadora da comissão das comemorações da Escola Tomaz da Cruz.

Marlene Lopes confirma que a tertúlia foi bem participada, “contamos com cerca de 40 pessoas, o que para nós já foi bastante bom”. Na sala da tertúlia foram destacados dois elementos que existiam na escola e que estavam guardados no arquivo Câmara Municipal da Mealhada (CMM), o quadro com a fotografia da pessoa que deu o nome à escola, Tomaz da Cruz, e o busto da República. Para embelezar a sala, os alunos do Centro Escolar da Pampilhosa colaboraram com a comissão, desenhando a escola.

No dia seguinte, 4 de março, foi inaugurada uma Exposição, no Mercado Municipal da Pampilhosa, na Galeria do GEDEPA. Estiveram presentes o presidente da CMM, dois membros do executivo da Junta de Freguesia, a comissão organizadora e público em geral, cerca de 20 pessoas. O feedback foi positivo, “o que pude ler foi que gostaram de ver peças que existiam na escola e que estavam expostas”, explica Marlene Lopes. Na exposição estavam exibidos materiais antigos, mobiliário, quadros e os mesmos desenhos que estiveram na tertúlia foram colocados na Galeria do GEDEPA, “deu alegria, os miúdos ficaram satisfeitos por verem os desenhos que fizeram ali expostos”, indica a coordenadora. Os visitantes ainda puderam admirar livros antigos, sebentas, aparo, tinteiro, “todas essas peças que fez recordar os tempos das pessoas que andaram naquela escola”.

No domingo, dia 5 de março, a exposição também esteve aberta. Devido ao trabalho, durante a semana, a exposição está aberta apenas mediante solicitação na Junta de Freguesia. Voltará a estar aberta no fim de semana, no sábado (dia 11) estará aberta a partir das 15h30, no domingo (12) estará aberta das 10h às 12h e das 15h30 às 18h. Está programado durante esta semana, para os alunos do Centro Escolar da Pampilhosa, uma visita às Galerias do GEDEPA, para conhecerem a exposição, onde irão ver “como era a escola do antigamente”. É possível visitar a exposição até dia 19 de março, domingo.

Já no próximo fim de semana, dia 11 de março, pelas 12h30, haverá um almoço-convívio, no Jardim Público da Pampilhosa, o Restaurante Pedagógico da EPVL servirá a refeição. Este almoço era consoante marcação, tendo já esgotado as vagas.  

As comemorações têm o seu término no dia 18 de março, pelas 21h, com um Sarau Cultural no Mercado Municipal da Pampilhosa, e conta com diversas associações, tais como GEDEPA, Meia Lua, Aguarela de Memórias, Grupo Regional da Pampilhosa do Botão e Xaranga Popular da Filarmónica Pampilhosense.

A comissão organizadora das comemorações do centenário da Escola Tomaz da Cruz demonstra a vontade de que estas celebrações sejam o arranque de um possível espaço museológico, que possa existir na Pampilhosa, com objetos do antigamente de uma escola primária.

História da Escola Primária Tomaz da Cruz

Devido ao advento do Caminho de Ferro, existiu a necessidade de construir uma nova escola primária, pois a que havia, já não servia os pampilhosenses, provocado pela expansão da localidade. No dia 10 de abril de 1911, foi constituída uma comissão composta por sete elementos, Francisco Cruz, Feliciano Rocha, Abel Godinho, João Clímaco, Joaquim Oliveira Soares, Joaquim José de Melo e Domingos Rodrigues da Silva, a fim de levar a cabo a construção de um edifício escolar, seria chamado “Escola Democrática da Pampilhosa”.

 A comissão recolheu donativos para a escola, onde juntaram cerca de 92 750 reis. A obra deu início, construindo paredes e telhado. Sem motivos aparentes, a obra esteve parada até 1922, quando Joaquim da Cruz, decide financiar toda a restante obra, cuja conclusão se deu no seguinte ano, em 1923. A inauguração deu-se no dia 12 de março de 1923.

“Bairrada Elegante”, um jornal da época, na edição n.º 141, de 15 de março de 2023, descreve assim a inauguração:

“Com grande solenidade, inaugurou-se no último domingo na Pampilhosa (entroncamento) a casa de escola, cujo edifício foi oferecido pelo acreditado industrial e digno vereador municipal Sr. Joaquim da Cruz e que lhe deu o nome de seu pai Thomaz da Cruz, cujo retrato foi inaugurado na Escola. A assistência era grande, vendo-se representada a Câmara Municipal mealhadense, as escolas do concelho e as autoridades. Depois d'um cortejo imponentíssimo em que tomaram parte as associações locais, a Filarmónica de Vila Nova d'Anços e a da Pampilhosa, e que percorreu a povoação e onde se incorporaram dois lindos carros triunfais, um dedicado às escolas e [outro] em homenagem a Joaquim da Cruz, realizou-se a inauguração e posse dos professores Senhora D. Camila Albuquerque e Sousa e Firmino Brito da Costa. À inauguração tomou a presidência o Sr. Dr. Amaral Pereira, Digníssimo Juiz de Direito da Comarca de Anadia, que convidou para secretariá-lo os Senhores Augusto Cerveira de Mello, Dr. Francisco Lebre, José Duarte de Figueiredo e Guilherme Ferreira da Silva. Discursaram os Senhores Amaral, Dr. Camilo Albuquerque, Dr. Branquinho Pereira, Padre José Botelho, Augusto C. de Mello, ator Tristão, Firmino da Costa, Joaquim da Cruz e algumas crianças da escola. Durante o trajeto do cortejo da Pampilhosa à Escola no Entroncamento, foram lançadas muitas flores por gentis damas, ao carro-escola e ao Sr. Joaquim da Cruz. Viva Joaquim da Cruz! O dia 11 de março de 1923 deve ser o dia da sua maior alegria.”

Joaquim da Cruz entrega o edifício à Câmara Municipal de Mealhada, e deixa claro que o mesmo deve ser dedicado à educação e formação. Assim, desde 2010, o edifício da Escola Tomaz da Cruz tem sido utilizado por Associações com base na formação.