Basquetebol feminino renasceu no concelho com as cores do CR Antes
O Centro Recreativo de Antes (CRA) foi fundado a 11 de maio de 1937. No final do ano 2022, abraçou, de novo, o projeto de conceber uma Secção de Basquetebol. A Secção de Basquetebol já tinha sido começada em 2017, porém devido à COVID-19, a atividade foi suspendida.
Miguel Faria, professor de educação física e de basquetebol do desporto escolar, na Escola da Mealhada, juntamente com Gonçalo Simões propuseram recuperar a secção, que foi acolhida pelo CRA.
Gonçalo Dias, tesoureiro do CRA e diretor da modalidade, Gonçalo Simões, treinador, Miguel Faria, treinador no contexto do desporto escolar, e Matilde Rodrigues, antiga atleta da secção e atual treinadora adjunta da Secção de Basquetebol conversaram com o JM e explicaram como funciona a Secção de Basquetebol, quais as principais dificuldades e as motivações.
Quando e como começa o projeto?
Gonçalo Dias (GD): Este projeto já tinha começado em 2017, mais ou menos, depois em 2019 parou, devido à pandemia.
Em dezembro de 2022, o professor Miguel Faria e o treinador Gonçalo Simões falaram com o clube para recomeçar a atividade do basquetebol. Arrancamos com este projeto com cerca de 19 miúdos ao todo, depois foram-se juntando mais jovens que estavam no desporto escolar, que viram os colegas no clube e quiseram integrar o projeto.
Inicialmente, eram só miúdos dos 10 aos 13 anos. Entretanto foram surgindo mais dois ou três miúdos mais pequeninos, e temos conseguido angariar miúdos e estamos com cerca de 40 atletas.
Qual foi a motivação para a criação desta secção do CR Antes?
Gonçalo Simões (GS): Foi o imenso amor que nós temos à modalidade tanto o Prof. Miguel como eu. O Prof. Miguel foi meu treinador há muitos anos.
Miguel Faria (MF): Isto surge de grupos equipa de basquetebol, que há na escola, tanto masculino como feminino. Foi lançado o desafio para dar resposta quantitativa ao treino e ao jogo. Os miúdos treinavam cerca de duas horas por semana e só jogavam três vezes por ano. Foi feito um desafio aos miúdos do desporto escolar e 80/90% fizeram a transição do desporto escolar para o clube e atualmente estão nas duas vertentes. Estamos a trabalhar em sintonia entre o que são os treinos do desporto escolar e o que são os treinos do clube federado.
Quantos jogadores têm inscritos de momento?
Temos cerca de 39 jogadores inscritos.
Como foi a preparação para o início da época?
MF: Começamos a treinar no início do segundo período, entramos na última fase de competições, que iniciaram depois da Páscoa.
GD: Estamos a aproveitar esta última fase de competição para dar minutos aos miúdos para eles sentirem o que é a competição em si.
Quais são as principais metas para esta época?
GD: Dar realidade competitiva.
MF: Basicamente, criar bases para aferir aquilo com que podemos contar para o ano. Temos alguma ideia de quantas equipas poderemos começar. Este ano, temos uma equipa mista dos sub13, e a ideia é criar as bases para que para o ano ter uma equipa masculina e feminina deste escalão.
Quais são as principais forças e fraquezas da equipa?
GS: É difícil apontar fraquezas nestas idades, porque eles têm uma força de vontade muito grande. Se calhar a maior fraqueza é a falta de competição que eles têm, em relação às outras equipas. Agora forças… eles têm muita, o gosto pelo basquetebol e pelo treino. A responsabilidade, é muito difícil um deles faltar a um treino e a um jogo, para surpresa nossa. E são eles que nos motivam e nos dão forças para continuar o projeto, são eles que nos mostram todos os treinos o porquê de nós estarmos aqui.
Os miúdos dão-nos força no início dos treinos, vêm-nos abraçar, vêm ter connosco, a sua alegria… dá-nos muita força.
Qual é o nível de experiência dos jogadores?
GD: Apenas os dois de desporto escolar. Nenhum deles tem experiência de federado.
Quais são os principais desafios que a equipa enfrenta?
GD: Estamos a arrancar, temos muitos miúdos interessados, todas as semanas vêm mais miúdos novos, mesmo de fora da esfera escolar da Mealhada. Até miúdos mais velhos, que perguntaram se havia possibilidade de abrir escalão. Acho que as dificuldades vão começar quando tivermos de organizar os planeamentos de treinos, horários, espaços…
MF: Para mim, neste momento, o grande desafio é termos recursos humanos, neste caso treinadores, para dar resposta a cada escalão. Se nós quiséssemos começar com sub16, nós conseguiríamos com alguma facilidade, mas tem de haver prioridades e penso que não haverá condições para avançar tão rapidamente, porque não é fácil arranjar treinadores.
GD: Vamos ver o crescimento da secção e que resposta é que vai dar a Câmara Municipal, temos tido todo o apoio, desde já, agradecemos, contamos que eles nos continuem a ajudar.
MF: No arranque de há três anos, a Câmara foi fundamental, foi decisiva na ajuda. Este ano terá de continuar a ser, embora já tenhamos construído alguns alicerces.
Como está a ser o feedback dos pais relativamente ao desporto?
GD: Dos pais dos nossos atletas, o feedback tem sido muito positivo, os pais mostram também interesse a acompanhar a equipa. Já sabemos que se estão a organizar numa série de iniciativas nos jogos em casa, para ajudar a nível financeiro. O basquetebol é uma modalidade que nós arrancamos sem mensalidade, o clube está a suportar todas as inscrições, nós vamos fazendo algumas atividades para angariar fundos para arrancar com isto. Com o tempo vamos ter de impor alguma mensalidade, mas a nossa ideia é fundamentada no princípio de que todos os miúdos, independentemente da origem social e das dificuldades ou não dos pais, tenham acesso ao desporto.
Vamos tentar que o Município nos atribua, em regime extraordinário, alguma verba para ajudar na parte das inscrições e temos tido ajudas a nível de patrocínios. Temos um patrocinador que nos oferece todos os exames médicos, para esta época. Temos alguns patrocinadores com quem já falamos que nos aceitaram ajudar.
Têm torneios todos os fins de semana até junho, o que nos pode dizer sobre o calendário desportivo?
GS: Eu penso que jogo semanal para este miúdos vai ajudar para resolver o único problema que eu tinha detetado, vai-lhes dar competição. Acho que o calendário é bastante acessível, porque é semanal e é sempre ao fim de semana.
Quanto escalões é que a secção de Basquetebol do CRA tem?
Em competição temos dois, sub12 e sub13 mistos.
Até agora, como está a tabela de classificação neste momento?
GS: A tabela de classificação, neste caso, não é minimamente importante. É giro saber que ganhamos, mas o mais importante é terem tido o prazer de jogar aqueles 40 minutos juntos, terem-se divertido. Portanto, a classificação não é minimamente o objetivo, o objetivo passa por eles se divertirem, praticarem basquetebol e continuarem a crescer.
MF: Não senti que eles viessem muito diferentes no segundo jogo que se ganhou, em relação ao primeiro, que se perdeu. Não é minimamente decisivo
Finalmente, porque é os jovens deviam entrar para a secção de Basquetebol do CR Antes?
MF: Primeiro, os jovens todos se gostarem da modalidade, que é bastante interessante com muito bons hábitos pedagógicos de relacionamento, de postura dos pais e treinadores. E depois, muito especificamente, neste momento é a única equipa de desporto coletivo feminino da Mealhada, penso que não estou a dizer nenhum disparate. Apesar do crescimento de atletas masculinos, temos muito mais meninas do que rapazes. Precisamente porque estamos a dar uma resposta a essa lacuna que existia, esse é um motivo, depois o geral, de tudo o que esta modalidade traz de positivo aos atletas em termos de formação desportiva, pessoal e humana.
Quando são os treinos?
São às 15h na quarta-feira e às 17h30 na sexta-feira, no Pavilhão do Agrupamento de Escolas da Mealhada.
Quais são as infraestruturas que a Secção de Basquetebol tem ao seu dispor?
A Câmara precisamente no período de Natal reequipou em relação aos equipamentos de basquetebol e agora temos condições para a prática desta modalidade. Equipou com seis tabelas fixas e com duas amovíveis. Agora temos um desafio que é fazer as marcações, que estão obsoletas, tanto para os miúdos treinarem, como para jogos que se vão realizar.
Matilde, queríamos saber a tua história no clube.
MR: Passei três anos no clube, dois deles federada, um deles ainda não estava federada, treinava apenas. Depois por causa da COVID-19 tivemos de parar.
Recentemente, soube que voltou a abrir para as camadas mais jovens, e o Gonçalo Simões, treinador principal, perguntou-me se eu queria ajudar, e fazer parte do projeto. É uma equipa muito iniciante, estão a começar agora, acho que é interessante, ajudar como me ajudaram a mim.
Como está a ser a experiência de passar de atleta para treinadora?
MR: Está a ser muito interessante, porque começo a entender os dois lados. O lado deles eu já percebia, porque estive na sua situação. Agora consigo perceber um bocadinho o lado do treinador, na altura era como muitos deles e agora ao ralhar parece que estou a ralhar comigo, é muito engraçado. Como foi há pouco tempo, acho que é mais fácil para mim, ver onde e como é que eu os posso corrigir.
Na Secção de Basquetebol onde é que dás apoio?
MR: Eu costumo apoiar os treinos dos mais pequeninos, planeio e dou os treinos. Nos maiores, vou ajudando, preparo o material, dei um ou dois treinos, mas normalmente é o Prof. Gonçalo.
Qual é a motivação para vires dar os treinos?
MR: É o basquetebol. Eu joguei muito tempo andebol, 7 anos, depois estive no kickboxing, mas nunca nenhum desporto tanto interesse. Aliás, eu estive num curso profissional e aprendi alguns desportos, e nenhum desporto me despertou tanto interesse como o basquetebol.
É um bocadinho reviver o que vivi, e proporcionar-lhes o que eu tive