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Coordenação do futsal da Académica de Coimbra liderada por Paulo Conceição


tags: Desporto, Futsal, Desporto Categorias: Região, Desporto quinta, 07 setembro 2023

Paulo Conceição, antigo responsável da P8 Academia Futsal, é agora o coordenador do Futsal da Académica de Coimbra, o coordenador iniciou funções em julho de 2023. Além de coordenador do futsal, Paulo Conceição assume também a equipa técnica de iniciados, com Hugo Fernandes e Martim Oliveira.

O treinador e coordenador da AAC futsal foi jogador do Anadia, Covão de Lobo e na Mealhada, mais tarde é convidado para treinar uma equipa e dedica-se ao futsal.

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Em entrevista, Paulo explica a passagem entre atleta e treinador, como foi o projeto da P8, e explica o novo projeto de que, agora, toma as rédeas, o de ser coordenador do futsal da Académica de Coimbra.

 

Como é que se envolveu no futsal e como chegou à posição de coordenador?

O futsal apareceu muito tarde na minha vida. Joguei basquetebol durante um ano, quando era mais novo, o futsal apareceu aos 23 anos apenas, ou seja, como sénior. Não tenho formação de futsal nas camadas jovens, apareceu como um desafio daqueles torneios que fazemos no verão. Acabaram por me convidar e tive quatro anos no Anadia.

Depois tive um ano no Covão do Lobo e depois três anos aqui, na Mealhada. Ao final destes oito anos, aos 30 e poucos anos decidi ir para treinador de futebol 5. Mais tarde, surgiu uma escola do Benfica de futsal, e fui convidado como treinador e coordenador.

Estive sete anos na escola do Benfica, na Mealhada, e depois disso acabei por criar um projeto meu com a minha esposa, que era o P8 Academia Futsal e que agora, infelizmente, já terminou. Não por nossa vontade, era para continuarmos, mas com todas as condicionantes de tudo, a pandemia, por exemplo, que foi, claramente, uma pedra no sapato. E depois, quando pensava deixar de treinar, porque queria, eu queria este ano parado, surgiu este convite da Académica de Coimbra e acabei por aceitar.

 

Quais são suas experiências e qualificações no futsal?

Em termos de jogador foram esses oito anos, depois acabei por tirar o meu curso de nível 1, depois é a experiência que vamos adquirindo, os cursos são importantes, mas também é importante a experiência. Passei por todos os escalões como treinador, desde petizes até juniores, dei sempre um pouco de treino a todas as faixas etárias.

 

Para além de coordenador do futsal, vai assumir mais algum cargo?

Treinador de iniciados. Para além da coordenação dos oito escalões que vamos ter, serei o responsável máximo pelo escalão de iniciados.

 

Quais são as principais responsabilidades de um coordenador de futsal?

Primeiramente, que mantenhamos o grupo bastante unido, e que nos foquemos que o caminho é o mesmo, ou seja, que a chegada de um coordenador novo não é para destruir, mas sim para ajudar. O trabalho que estava foi bem feito, mas se podermos melhorar ótimo.

Incumbe-me trazer outras ideias, fazer coisas diferenciadas também e depois potenciar tudo o que seja, não só a prática desportiva, mas também com os atletas para potenciá-los, com seleções distritais e nacionais. Tornar a Académica um pouco mais competitiva, esse é o meu objetivo.

 

Como é o seu dia-a-dia típico enquanto coordenador?

Nesta altura, estamos a iniciar uma época é claramente mais atribulado, todos os dias temos coisas a fazer, temos sempre telefonemas, coisas para tratar para a época, para o escalão, miúdos que vão entrando, que vão saindo, exames médicos, … é uma dinâmica diária de quem tem tudo para não parar, todos os dias aparecem coisas novas para fazer. No caso da Académica de Coimbra, que tem uma equipa na primeira divisão nacional, na liga Placard, no feminino, obriga-nos a uma exigência diferenciada.

Não digo que é um dia inteiro dedicado à Académica, mas estamos sistematicamente em contacto com a direção, coordenação, treinadores, estamos em constante movimento.

 

Quais são os desafios na sua função e como é que os supera?

Primeiramente, eu desafio-me a mim mesmo, eu gosto sempre de desafios diferenciados e acho que este da Académica é diferenciado.

A questão de os superar, desde que o clube tenha sucesso, o sucesso não é meu, o sucesso será sempre do clube e das crianças, esse é o principal. O facto de podermos potenciar uma criança a conseguir ir a uma seleção distrital, ou que possamos ganhar um trofeu distrital ou que tenhamos bons resultados com a nossa equipa feminina, esses são os sucessos que nós precisamos. Esse é o meu sucesso, isso é o que me faz superar as dificuldades.

 

Quando é que aceitou o cargo? Quando é que inicia as funções?

Nós decidimos a comunicar o encerramento da P8, no dia 1 de julho, e o convite da Académica surgir uma semana após o término da P8. Portanto, o término da P8 nada teve a ver com o convite que daí surgiu. 

O desporto tem este dom, se realmente gostamos é algo que vamos mantendo, o “bichinho” realmente não sai.

 

Quando é que deixa o desporto enquanto atleta e passa para a equipa técnica?

Eu devo ter deixado de jogar com 31 ou 32 anos, portanto há 12 anos. Já tenho sete anos de treinador no Benfica, mais sete anos de treinador na P8, tenho 14 anos como treinador.

 

Como funcionou o projeto da P8?

Foi um desafio que nós tivemos, a minha esposa também jogou futebol, entendemos que no projeto onde eu estava eu já não tinha aquela motivação, que talvez fosse necessária, e então decidimos abrir um projeto, em consonância com a Câmara Municipal, também com uma parceria criada com o desportivo de Ancas, tínhamos uma parte da escola da Mealhada e parte em Anadia, e depois surgiram os miúdos naturalmente. E o primeiro ano foi meramente lúdico, não fizemos competição pura e dura, mas a partir do segundo ano começamos a sentir que a exigência que já nos pediam já era de competição.

A partir daí fomos criando escalões, fomos subindo sempre, tínhamos três escalões federados, depois da pandemia, que nos tirou dois escalões, nunca mais nos conseguimos recompor. O exemplo disso é que no ano passado, fizemos a loucura de ir a um campeonato e Taça de Aveiro com uma equipa com apenas oito elementos, sendo que desses oito, dois eram guarda-redes e outro era uma menina. Eles deram bem conta do recado, mas era curto, para este escalão de iniciados era curtíssimo.

Então assumimos, com os pais, falamos, mostramos qual era a realidade, e então entendemos que era a altura ideal, porque era a transição de escalões e que podíamos libertar as crianças para que pudessem entrar noutro clube ou noutra modalidade já com um novo escalão.  A razão foi só essa, a de não termos atletas.

 

Treinavam onde?

No pavilhão de Ventosa do Bairro.

 

De que maneira aceita o desafio?

Aceito o desafio pela dimensão. O coordenador que estava anteriormente aceitou um desafio como treinador do Sporting Feminino do Futsal, em Lisboa, e foi ele que propôs o meu nome. É verdade que a Académica será um dos clubes em Portugal que toda a gente gosta, um clube cenário, um clube com história, com gabarito… A maneira como me foi apresentado o projeto e a parte da coordenação é algo que me seduz bastante e não fui capaz de dizer que não.

 

Como é que consegue conciliar a sua vida profissional e familiar com este novo projeto?

Eu estive 22 anos ligado no desporto, em Aveiro, oito como jogador, 14 como treinador e coordenador e agora é uma coisa totalmente extinta. Eu também trabalhava a 5 minutos de casa, e agora estou a 180 quilómetros de distância são as condicionantes que a vida nos traz, mas também são desafios que eu creio que nós devíamos abraçar, se nos sentimos preparados.

Este projeto da Académica é algo em tudo diferenciado, é uma associação diferente, diferentes mentalidades, diferentes pessoas. Não digo que é melhor ou pior. Digo que são metodologias diferentes e que vai obrigar a que eu aprenda, porque eu não estou lá só para ajudar, eu também quero aprender, no dia em que eu achar que sei tudo, aí morri para a vida.

Foi fácil aceitar, foi muito fácil, mas o facto de ser em Coimbra, a mim não me afeta muito. Uma questão que até me fica mais perto do distrito de Aveiro, que é muito maior, mas aceitei pelo projeto em si e sem qualquer medo de errar.

 

Porque o que o coordenador de futsal não tem de acompanhar todas as equipas de futsal.

Não, mas é um compromisso meu nesta fase inicial.

 

O que tenciona melhorar?

Na altura, os métodos estavam bem, mas se nós podermos melhorar melhor, fazer esta melhoria contínua, a parte humana, a comunicação, a tática, a técnica, com os materiais que utilizamos para dar os nossos treinos e as questões administrativas.

Estamos a trabalhar na melhoria dos serviços, ter alguém que trate da certificação, da comunicação, vivíamos um pouco da prata da casa, as atletas seniores para além de ter a capacidade de jogar, todos os fins de semana, a um nível altíssimo, que é a Liga Placard, ainda tinham outras tarefas, ao longo do ano (inscrições, transportes, marcação de pavilhões). E temos de dividir estas tarefas para ter um grupo mais forte.

 

Quando falamos de um coordenador de futsal, falamos de lidar com quantas pessoas?

No caso da Académica, estamos a falar de um universo de pouco mais de 150 atletas, ou seja, nós estamos distribuídos por oito escalões, sendo que juniores e seniores são os únicos escalões femininos, depois temos desde a base, desde petizes, traquinas, benjamins, infantis e iniciados e juniores.

Estamos a tentar criar outra dinâmica para conseguirmos ter dentro de cada escalão mais do que uma equipa, para termos 15 ou 20 atletas a competir e não termos 20 atletas a não ser convocados.  Precisamos de dar atividade às crianças. O treino é importante, mas as crianças também precisam dessa parte mais competitiva para perceberem o que é jogar em grupo, estar em grupo, o balneário, a palestra com o treinador, …

 

O que é que já implementou?

Já decidimos que vamos ter uma reunião com todos os pais, explicando todas as dinâmicas que vão haver, o corpo técnico, como é que vamos funcionar, a calendarização, …

Outra coisa que pedi à direção e que vamos transmitir aos pais é que a Académica seja um pouco mais aberta, temos de fazer um crescimento nos escalões, para sermos mais competitivos, competir a nível nacional, ter alguns troféus a nível distrital, isso é importante, é igualmente importante esta ligação com os pais, queremos que os pais se envolvam mais. É importante que se sintam parte integrando do projeto.  

Outra implementação que fizemos também foi o surgimento de treino específico para guarda-redes. Essa é uma lacuna a preencher, este ano vamos ter horas destinadas, por escalão, para que as crianças (guarda-redes) possam ter o seu treino específico, apenas entre treinador e guarda-redes. Entendemos que é necessário para eles, e para o crescimento da equipa, com esta implementação, entendemos que haverá benefícios e que se vai refletir.

 

Quais é que são as dinâmicas que achas essenciais e que ainda não tinham sido implementadas no futsal da Academia?

Uma delas é o envolvimento dos pais. Queremos que os pais não sejam só o pagamento da mensalidade, queremo-los mais envolvidos, mais integrados.

Foi criado também um compromisso por escalão para atingir os objetivos, queremos ganhar e com isto não estamos a falar de ser campeões, estamos a falar de potenciar atletas, levá-los a seleções nacionais. A nossa equipa de juniores, por exemplo, no ano passado foi campeã interdistrital, este ano, o objetivo principal é revalidar esse mesmo título.

 

Relativamente ao escalão que vai treinar, o que nos pode acrescentar?

Relativamente ao escalão de iniciados, quando encerramos a P8, trouxemos sete atletas connosco, porque entendem que devem seguir as dinâmicas, embora alguns deles sejam do concelho de Anadia, vão fazer esse esforço, de ir para Coimbra treinar. Lá está, o desporto dá estas coisas, o nosso grupo de oito era um grupo muito unido, já eram mesmo amigos. E depois os pais que tiveram um comportamento exemplar nesse aspeto que promovem também essa vontade dos filhos. É óbvio que os pais podem e devem também ajudar na formação nas decisões, mas nestas idades é importante também que as crianças saibam escolher porque pode acontecer chegarem lá e não se adaptarem.

O nosso escalão vai ser, provavelmente, o mais distinto do distrito de Coimbra, será um grande ponto de interrogação, porque vai ter oito atletas de Coimbra e sete de Aveiro, ou seja, vai ser um misto diferenciado, mas estaremos lá para trabalhar.