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"Celebrar a Vida"


tags: Mealhada Categorias: Opinião sexta, 08 março 2024

No dia 22 de fevereiro, os escuteiros e as guias de todo o Mundo celebraram o Dia do Pensamento Escutista e Guidista. O dia assinala-se na data do aniversário de Robert Baden-Powell – que os escuteiros carinhosamente chamam de B.-P. –, o fundador do Movimento Escutista, em 1907. Nessa altura o Escutismo era exclusivamente para rapazes, as raparigas só não estavam excluídas porque dois anos mais tarde, a esposa de B.-P., Olave criou o Guidismo, uma variante especializada do método para as meninas e raparigas.

Robert e Olave nasceram no mesmo dia – ele em 1857 e ela trinta e dois anos depois, em 1889 – daí que o dia 22 de Fevereiro seja o Dia de B.-P. e de Olave, ou seja, o Dia do Pensamento Escutista e Guidista.

Estima-se que existam 40 milhões de escuteiros no Mundo – dos 222 países e territórios apenas em 6 não há escutismo – e que 500 milhões de pessoas tenham sido, nalgum momento da sua vida, escuteiros nalgum lugar do planeta. Alguns deles homens e mulheres de grande relevância global.

Comemorar o Movimento Escutista, celebrando a Vida e a influência da vida do fundador nas nossas vidas, é uma tradição na nossa região. Muitos agrupamentos celebram as suas Promessas nestes dias e o Núcleo Centro-Norte (que congrega os agrupamentos dos concelhos de Coimbra – apenas a norte do Mondego – da Mealhada, Mortágua, Penacova, Arganil, Tábua, Oliveira do Hospital) juntou no passado domingo, 25 de fevereiro, na Pampilhosa, mais de seiscentos escuteiros por esta ocasião.

Antes de morrer, em 1941, B.-P. dirigiu-se aos escuteiros, e em despedida e quase em resumo da sua vida, escreveu: «Olhem para o lado luminoso das coisas, ao invés do lado sombrio dela!». Esta frase de B.-P., nesta altura parece-nos especialmente interessante depois de ler a mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2024 e a imagem da travessia de um deserto em nome da Liberdade e a caminho da Liberdade, num sinal evidente da falta de amor, da falta de amor que resfria as nossas comunidades e da Luz que podemos ser na Vida dos Outros, nossos irmãos.

O escutismo é, naturalmente - talvez porque é um movimento de jovens -, otimismo. É o próprio fundador e a Lei do Escuta - a obrigatória boa disposição de espírito - que o estabelecem. Um otimismo feito de Esperança, de Fé, de amor próprio, de confiança, de sentido de partilha. Quando fomentamos a corresponsabilidade, partilhamos risco, mas também somamos conhecimento, crédito, capacidade transformadora. E B.-P. mostra-nos isso como caminho de felicidade, como projeto de vida.

Um otimismo que não é um bando de rapazes de lenço ao pescoço a cantar o refrão “Always look on the bright side of life”, o do filme ‘A Vida de Bryan’ dos Monty Python… com o sotaque o mais britânico possível. Um otimismo que é motivação, ousadia, confiança e determinação. Que é via de amor e de combate ao desamor.

É com confiança e com otimismo que neste dia, nós, os escuteiros mais velhos, aproveitamos para nos perguntar: “Estamos a cumprir ou não a missão que nos foi confiada?”. Acreditamos que sim, olhando sempre para o Lado Luminoso da Vida!

O Escutismo foi fundado por um militar reformado – um Senhor da Guerra – mas criou o maior Movimento de Paz do planeta, que se rege pelo lema mundial “Creating a better world” e que se constitui como uma grande fraternidade mundial de “Mensageiros para a Paz“. É minha convicção pessoal que o Mundo deve a B.-P. (e/ou ao Movimento Escutista) um Nobel da Paz… apesar de serem já vários os escuteiros que o receberam – nomeadamente em 1996, 2006 e 2009.

Nuno Castela Canilho