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Artigo de Opinião: Rastreios Oncológicos em Portugal


terça, 14 maio 2024

Quando vamos ao médico, somos muitas vezes abordados sobre os “Rastreios Oncológicos”. Mas afinal, o que são os Rastreios, como se fazem e quais estão disponíveis em Portugal?

O que é um rastreio?

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O rastreio consiste na realização de exames para detetar uma doença em pessoas assintomáticas ou detetar uma lesão que possa vir a causar doença (chamadas lesões percursoras). Desta forma, podemos iniciar o seu tratamento o mais precocemente possível para aumentar a probabilidade de cura ou diminuir a probabilidade de aparecimento de doença (no caso de tratarmos as lesões percursoras) e, assim, diminuir a mortalidade por essas doenças.

É importante perceber que na presença de queixas ou sintomas, quando se pede um determinado exame, não se considera um rastreio, mas sim um teste diagnóstico.

Em Portugal, existe um programa consensual de rastreio oncológico para o Cancro de Mama, Cancro Colorretal e Cancro do Colo do Útero.

 

Rastreio do Cancro da Mama

· A quem se destina: Mulheres com idades entre os 50 e os 69 anos

· Como é feito: Mamografia

· Qual a periodicidade: A cada 2 anos

· Quem fica excluído do rastreio: Mulheres com diagnóstico anterior de cancro da mama ou que realizaram mastectomia (remoção da mama). Há também critérios de exclusão temporária, que devem ser cuidadosamente avaliados pelo médico.

· Orientação: No caso deste rastreio, as mulheres são habitualmente convocadas via carta para realizar no rastreio no “carro” da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Quando existe algum resultado alterado, as utentes são contactadas para repetição do exame nos “Centros de Aferição” ou para avaliação no Instituto Português de Oncologia.

 

Rastreio do Cancro Colorretal (Cancro do intestino)

· A quem se destina: Homens e mulheres com idades entre os 50 e os 74 anos

· Como é feito: Pesquisa de sangue oculto nas fezes. Este teste consiste na colheita de fezes e, posteriormente, é avaliado a nível laboratorial se existe sangue (mesmo quando este não é visível)

· Qual a periodicidade: A cada 2 anos

· Quem fica excluído do rastreio: Utentes com diagnóstico anterior de cancro do intestino, doença inflamatória intestinal ou síndromes que aumentam a probabilidade deste cancro. Nos casos de pessoas com familiares que tiveram cancro do intestino, a situação deve ser avaliada e orientada pelo médico, podendo haver necessidade de um acompanhamento próprio. Existem também critérios de exclusão temporários que devem ser avaliados pelo médico.

· Orientação: A presença de um teste positivo significa que existe sangue nas fezes e, nesse caso, deve ser realizada uma colonoscopia para perceber a origem do sangue.

 

Rastreio do Cancro da Colo do Útero

· A quem se destina: Mulheres com idades entre os 25 e os 60 anos

· Como é feito: Pesquisa do Vírus do Papiloma Humano (HPV) através de colheita vaginal. Este vírus provoca lesões que podem, no futuro, vir a originar o cancro do colo do útero pelo que a sua deteção atempada permite muitas vezes detetar e tratar, antes de ter cancro. Mesmo as mulheres vacinadas podem contrair o vírus e desenvolver a doença, apesar de o risco e a gravidade serem geralmente menores.

· Qual a periodicidade: A cada 5 anos

· Quem fica excluído do rastreio: Mulheres com diagnóstico anterior de cancro do colo do útero ou que realizaram cirurgia de remoção do útero (chamada histerectomia total). Existem também critérios de exclusão temporários que devem ser avaliados pelo médico.

· Orientação: Quando o teste é positivo para os tipos de vírus potencialmente “mais agressivos”, a utente é encaminhada para consulta hospitalar no Instituto Português e Oncologia. Quando o teste é positivo para os vírus “menos agressivos”, podem também ser encaminhadas para esta consulta ou ser convocadas para repetir a colheita mais cedo (geralmente 1 ano depois).

Agora que já sabe quais os rastreios oncológicos e qual a sua importância, verifique com o seu Médico Assistente se tem os seus rastreios atualizados e, se não tiver, está na hora de o fazer!

Cuide da Sua Saúde!

 

Joana Pereira Torres

Médica Interna de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar