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José Mota, do Futebol ao Kempo: 20 anos de história na Mealhada


tags: Kempo Categorias: Entrevista sexta, 21 junho 2024

José Mota falou com o Jornal da Mealhada sobre a comemoração dos seus 20 anos ligados ao kempo na Mealhada e em Anadia.

Trabalha como auxiliar na Escola Básica da Mealhada e dá aulas na Associação do kempo Mealhada a cerca de 100 alunos (tem 50 alunos na escola da Mealhada e 50 na escola de Anadia). É um amante desta arte marcial e para comemorar esta data falou com o organizador dos encontros nacionais de kempo para que o próximo se realize em Luso. Em 2004 abriu a sua primeira escola com o seu segundo instrutor, Rene Aviles, contudo ele ausentou-se e José Mota teve de ir para Arganil treinar com Miguel Dias. Só depois de ter conhecimentos sólidos em kempo é que, em 2008, abriu a primeira escola na Mealhada.

  • O kempo é uma arte marcial que ensina a auto-defesa, aumenta a força e rapidez, trasmite ensinamentos e valores aos seus praticantes.

Como enveredou por esta arte marcial?

Quando era jovem jogava futebol a nível federado, mas aos 33 anos comecei a ter problemas nas costas e optei pelo karaté no HCM (Hóquei Clube da Mealhada). Os meus filhos já praticavam karaté e decidi experimentar.

Durante quanto tempo praticou karaté?

Foram apenas quatro anos.

Como teve conhecimento do kempo?

Foi a um encontro espiritual com o meu amigo Rogério Duarte, na Tocha, e aí reencontrei um conhecido que tinha andado comigo nos fuzileiros e me falou no kempo. Quis logo experimentar! Em Brasfemes (Coimbra) tive o meu primeiro contacto com esta arte marcial que se tornou uma das minhas maiores paixões.

Existe algum tipo de exame para se evoluir no kempo?

Sim, existe um programa com técnicas para aprender, assim que as técnicas sejam adquiridas o mestre indica o aluno para prova e vai evoluindo através da cor dos cintos.

Neste momento é cinturão negro?

Sim, mas já evoluí. A aquisição do cinturão negro corresponde ao 1º Dan, neste momento sou 2º Dan. Esta evolução vai até ao 10º Dan.

Segundo a história, o kempo nasceu na China. Já lá foi?

Não. Kempo em Japonês diz-se Chuan Fa que significa Kung Fu. Ed. Parker fundou o kempo americano e adaptou os movimentos desta arte marcial, ou seja, os movimentos eram muito antigos e ele sofisticou-os. Nas minhas escolas, Anadia e Mealhada, só pratico este tipo de kempo.

Neste momento tem 100 alunos. Inicialmente quantos tinha?

Comecei com três alunos na antiga escola primária da Mealhada e foi crescendo. Em 2008 abri a primeira escola.

Quais as idades dos seus alunos?

São maioritariamente crianças. Tenho crianças entre os quatro o os 12 anos.

Tem alguém que o ajuda aqui na escola?

Sim, a Cati Carvalho. Ela é minha amiga de infância tem dois filhos que praticam kempo aqui na escola e ela própria também entrou. Neste momento ajuda-me muito com as crianças mais pequenas, com a burocracia e no contacto com os pais.

O que significa e representam para si estes 20 anos de carreira?

Significam compromisso com o kempo (sorrisos). Esta foi a arte marcial que escolhi para a minha vida. Gosto de sair do trabalho e vir treinar para aperfeiçoar ainda mais as minhas técnicas e dar aulas aos alunos.

Como vai celebrar esta data?

No próximo dia 22 de junho vai-se realizar o segundo encontro de kempo nacional em Luso. O primeiro encontro realizou-se em Lisboa, então sugeri ao meu amigo que organiza o evento que fosse cá no âmbito da minha comemoração dos 20 anos ligados ao kempo. Gosto de trazer pessoas à Mealhada para dar a conhecer esta bela cidade. Para além disso, escrevi um livro, intitulado: “José Mota – Kenpo Karate os 20 anos de História” que fala do início da minha trajetória no kempo até aos dias de hoje, contudo fica caro edita-lo, ainda por cima tem muitas páginas.

Quais foram os maiores desafios que encontrou ao longo destes 20 anos?

O meu mestre está na Irlanda e tenho de treinar sozinho, e é muito desafiante. Claro que as aulas que dou também servem como treino, mas nem sempre é fácil por causa da especificidade de cada movimento. Mas este foi o compromisso que assumi e tento honra-lo apesar dos desafios.

Quantos mestres já teve?

O António Lopes foi o meu primeiro mestre de kempo, seguiu-se Rene Aviles, também treinei com o mestre Miguel Dias e neste momento é Edward Downey que se encontra na Irlanda.

O kempo é o equilíbrio entre o corpo e a mente. Pode explicar um pouco este conceito?

Tenho seguido as ideologias de Jordan Peterson, é psicólogo, ele transmite o ensinamento de que as pessoas devem ser agressivas e dominar essa agressividade o que as tornará pacificas, ou seja, falamos do controlo e do domínio que temos sobre nós. Já as pessoas fracas não têm a capacidade de controlo e acabam por ser agressivas. Assim, conseguimos ter este equilíbrio entre corpo e mente. A natureza humana é própria de querer reagir a qualquer estímulo mais agressivo, porém se nos soubermos controlar e gerir a situação tudo acaba por correr melhor.

Tem alguém que o tenha marcado ao longo destes 20 anos?

Sim. Aliás, dia 22 de junho vou homenagear várias pessoas que me marcaram. Para além dos meus mestres, irei homenagear um dos meus primeiros alunos, o Jorge Pereira. Foi ele que me incentivou a abrir a escola de kempo. O presidente do Agrupamento de escolas, Fernando Trindade, é também parte da minha história, tinha treinos na rua em frente à igreja e ele é que me autorizou a treinar no pavilhão do liceu.

Que influencia tem o kempo na Mealhada e Anadia?

Sou muito conhecido na Mealhada como o ‘José Mota do kempo’ e como dou aulas a muitos alunos acho que dinamiza um pouco a modalidade na Mealhada e também em Anadia. Existem pais em que o psicólogo dos filhos aconselha a que pratiquem esta arte marcial e de facto há evolução em algumas crianças.

 Depois de 20 ano ao serviço desta arte marcial quais os objetivos?

Quero continuar a ensinar mais alunos e transmitir esta paixão pelo kempo. Quero que as pessoas saíam daqui mais confiantes, positivas e com capacidade para se defenderem.