Controvérsias e demissões marcam Assembleia Geral da ACB
A Assembleia Geral da ACB (Associação do Carnaval da Bairrada), que se realizou no passado dia 10 de julho, gerou controvérsia e, por isso, terminou no momento em que foi exigido a apresentação de contas relativas ao Festival de Samba de 2023 e do Carnaval decorrido em fevereiro deste ano.
O descontentamento foi evidente desde o início da reunião, especialmente por parte de Paula Gradim, vice-presidente da mesa da Assembleia da ACB, que apresentou sua demissão após o Carnaval de 2024. Paula Gradim revelou que seu nome ainda constava na instituição financeira da ACB até o dia da Assembleia. “Demiti-me porque já não me identificava com os valores da ACB. Contudo já em abril de 2023, por motivos pessoais e profissionais, falei com o presidente da direção, Alexandre Oliveira, para mudar de cargo, pois estava como vice-presidente da direção e não tinha condições para continuar, por não conseguir assumir as minhas responsabilidades nem acompanhar devidamente todos os processos em que o meu nome estaria envolvido. O presidente concordou comigo e propôs-me que passasse a vice-presidente da assembleia geral”, de acordo com as declarações prestadas ao Jornal por Paula Gradim.
Paula Gradim relatou também a sua experiência no Festival de Samba de 2023. Disponibilizou-se a ajudar nos preparativos e “nunca me foi atribuído trabalho (…). Apenas um dia antes do festival a Lúcia Covas (que era quem estava encarregada de atribuir funções) disse-me para ir ajudar a Lina Gomes e a Sónia Branquinho, em que fiquei 3 horas sem nada para fazer. Depois, nos dias do festival, fui ajudar a preparar mesas, etc…. Cumpri a tarefa para que fui delegada nos horários que me atribuíram (bilheteira)”. Estas e outras situações conflituosas fizeram com que Paula Gradim não fosse informada de reuniões ou tarefas da ACB e “soube, entretanto, que a ACB informou as escolas de que eu não seria elemento reconhecido pela ACB”, destaca. Por fim, a mesma refere que “a única coisa que quero é sair oficialmente deste grupo de trabalho, no qual não me revejo a mim ou aos meus valores”.
Até à data de fecho deste Jornal, Paula Gradim afirmou que “no dia seguinte à reunião a ACB procurou retirar o meu nome da instituição financeira, porém são necessários alguns documentos que teriam de me pedir por email. Até hoje, dia 16 de julho, não recebi nenhum email com pedido de documentos.”
Segundo informações apuradas, um membro da direção da ACB distribuiu cópias onde constavam as contas da ACB, porém Álvaro Miranda, antigo dirigente da ACB, exigiu o livro da contabilidade da Associação, que não estava naquele dia na reunião. Perante toda a contestação e exigência do livro de contas, Carla Carvalheiro, presidente da Mesa da Assembleia da ACB, suspendeu a reunião. Contactada pelo Jornal, referiu que aguarda “os documentos necessários da empresa certificada de contabilidade. Legalmente tenho impreterivelmente 90 dias para voltar a realizar a Assembleia Geral. Portanto, ainda não tenho data marcada”
Nesta Assembleia estiveram presentes elementos dos Sócios da Mangueira, Batuque e Amigos da Tijuca, no que diz respeito à Real Imperatriz segundo Gilberto não esteve ninguém presente devido a imprevistos.
As escolas de Samba da Mealhada aguardam com alguma expetativa a marcação de uma nova data da Assembleia Geral já que necessitam de começar a organizar os próximos eventos, nomeadamente o Festival de Samba que normalmente se realiza em setembro e o Carnaval de 2025. Na opinião de Dilan Granjo, presidente da Escola de Samba Sócios da Mangueira, “dada a magnitude dos eventos como o Carnaval ou o Festival de Samba para o nosso município, não faz sentido que a responsabilidade esteja a cargo de uma equipa de pessoas que não são profissionais de eventos e que, de eleição em eleição, se vá perdendo a identidade e a estratégia de uma direção para outra. Da mesma forma que o município tem a capacidade de organizar a Feira do Artesanato e Gastronomia, ou o festival jovem Zona231, urge a necessidade de o Executivo considerar assumir, com o apoio das escolas de samba, o Carnaval da Bairrada. Só assim será possível implementar um projeto tranquilo e contínuo para um crescimento estratégico e sustentável do maior evento cultural do concelho.”
Para Patrícia Pinto, presidente da Escola de Samba Amigos da Tijuca, lamentou o sucedido nesta Assembleia, “é o Carnaval da Mealhada quem perde com estas desavenças. Contudo, só queremos que os trabalhos prossigam da melhor forma, para continuarmos todos a nossa atividade e podermos iniciar o novo ano com mais certezas.”
Andreia Rosa, presidente da Escola de Samba Batuque destacou que enquanto “as contas não forem apresentadas de forma clara a todos os associados, não serão aprovadas”. Na opinião da representante do Batuque, visto que o Festival de Samba está próximo “é necessário começara a organizar o evento que poderia ser preparado pela Câmara Municipal e pelas Escolas de Samba da cidade”. Recorde-se que a primeira edição do Festival de Samba foi organizada por esta Escola há mais de 30 anos.
Perante a hipótese de a Câmara Municipal ser uma das organizadoras do Festival de Samba o presidente da Câmara Municipal da Mealhada, António Jorge Franco, indicou que “a Câmara não pode nem se deve substituir ao funcionamento das associações”.
O Jornal da Mealhada procurou obter esclarecimentos por parte da ACB, mas até à data de fecho desta edição não obteve resposta.