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O absurdo resultado


tags: Ferraz da Silva, Ferraz da Silva Categorias: Opinião quarta, 24 julho 2024

Cheguei há cerca de um mês da cidade sueca de Gotemburgo, uma urbe perpendicular ao rio Gota que ultrapassa o milhão de habitantes e é a mais industrializada do país com um peso significativo na economia local. Se Estocolmo é a capital política onde reside o rei, Gotemburgo é a capital do trabalho, uma cidade que, ainda noite cerrada, acorda para um dia de labor organizado, programado e eficaz. Fria no inverno, moderada no estio pode-se imaginar ser uma cidade floresta, pois a abundância de arvoredo, jardins, flores, canais e lagos, insere cada bairro residencial num ambiente arbóreo, verde, ajardinado e pleno de recantos naturais  e as ilhas que circundam  a zona marítima do porto comercial  formam um aglomerado  de insularidade habitada, servida por uma forte rede de barcos , coordenados com um metropolitano de superfície rápido, eficiente , comodo e que se estende até aos bairros mais longínquos, com um cumprimento exato dos horários definidos. Há um ano que não visitava a cidade e ao chegar ao centro mais populoso, fiquei   de certo modo pasmado com três enormes arranha céus erguidos num lugar que um ano antes não passava apenas de terrenos baldios ou abandonados sem qualquer indício de futuras implantações. E transportei-me de imediato para este ocidente da Europa onde cada obra não passa de um processo de Santa Engrácia, onde o poder instituído, anárquico e desorganizado, passa o tempo a brincar com o cidadão, neste caso português, que vê arrastar-se qualquer empreendimento por décadas e décadas sem passar “cartão” ao pobre “populacho”, para as elites políticas apenas uns “tipos duvidosos” úteis para votar na urna a papeleta que lhe dão na altura própria. Hoje, o caso mais concreto, tem a ver com o badalado PPR, uma verba que pertence a todo o cidadão de cidadania portuguesa mas que, como é hábito, não sai dos gabinetes dos sabichões entrincheirados no segredo que leva aos caminhos da corrupção e entrega a democracia às famílias partidárias, fazendo do povo português um ignorante servidor dos seus interesses quando, sem modéstia o digo, todas as verbas do PPR são pertença do povo português e como tal deviam ser explicitamente tornadas publicas as suas aplicações, as obras levadas a efeito e todos os variados gastos divulgados até ao último centavo utilizado, para conhecimento do  povo, a quem pertencem os milhões que todos nós ignoramos. Sabemos apenas que Lisboa,  uma mulher de má vida, arrecada a maior parcela desses bens que todos iremos pagar e os restos caminham pela via partidária, ninguém sabe se grande parte pelos amigos do alheio. Olhando o meio século passado, vê-se que Portugal chegou ao lamaçal onde está, de nada valeu a cantoria dos cravos, as ajudas comunitárias, a venda do país, nem a pedinchice que nos levou a mendigos europeus e a uma divida pública negativamente exemplar que netos e bisnetos terão de pagar no futuro.

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