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Augusto Mamede: uma vida ligada à cultura regional


Categorias: Entrevista quarta, 14 agosto 2024

Nasceu na Vimieira, tem 81 anos e é conhecido e adorado na aldeia de Casal Comba, onde vive, até hoje, com “a sua cara metade”, Maria. Augusto Mamede em entrevista ao Jornal da Mealhada lembrou vários momentos da sua vida, desde os primeiros passos em um rancho quando era jovem, passando pela sua vida profissional até aos livros que já escreveu.

Como e com que idade foi para o rancho?

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Tinha 14 anos quando entrei para um rancho folclórico. Posteriormente, na década de 19

o meu sogro, Guilherme Maria da Cruz, poeta popular, convidou-me para ser dançador e tocador do Rancho Folclórico de São João. Foi ensaiador, organista e ator, e com o tempo passei a presidente função que ainda hoje mantenho. O primeiro rancho que ensaiei foi o da Vimeira e outro no Salgueiral.

Como foram os anos vividos no rancho?

Foram bons. Costumo dizer que a cultura popular e os ranchos só andam bem quando toda a gente gosta. Quero com isto dizer, que é importante que as pessoas participem nos ranchos, já que no nosso (Rancho de São João) há cada vez menos pessoas novas a quererem participar.

Este gosto pela cultura foi sempre crescendo?

Sim! Escrevi dois livros de cultura popular e participei no livro da Câmara Municipal da Mealhada que fez um apanhado do património religioso particular e estatal.

Qual era a sua atividade profissional principal?

Trabalhei muito. Foi carvoeiro, ou seja, vendi carvão, passei pela agricultura e depois trabalhei como empreiteiro na construção até 2014. Em 20 anos construi cerca de 200 casas, (lembra com um sorriso).  Não posso deixar de referir a minha vida política. Fiz parte da Comissão Administrativa da Junta de Freguesia de Casal Comba, participei nas primeiras eleições democráticas, onde fui eleito vereador para a Câmara Municipal da Mealhada, sucessivamente até ao ano de 2001.

Está orgulhoso do percurso que fez na autarquia?

Sim, estou muito orgulhoso. Fiz um grande trabalho enquanto autarca. Por onde passo toda a gente me reconhece e isso deixa-me muito feliz

Qual a sua visão da evolução do Concelho da Mealhada?

Considero que a Mealhada está muito bem. Lembro-me que quando entrei para a Câmara construímos vários jardins de infância tratamos de instalar saneamento e esse trabalho de apostar no crescimento da Mealhada e melhoria da qualidade de vida da população tem sido continuo.

Também trabalhou no Jornal da Mealhada. Em que ano foi diretor-adjunto deste jornal?

Em 1987. Isto começou de uma forma engraçada. Durante a campanha de Mário Soares, em 1985, onde estava também presente Fernando Queirós, fundador do JM, convidaram-me a fazer parte do jornal. Passados dois anos acetei o desafio. Foi uma experiência muito boa. Gostei tanto que ainda foi subdiretor do Jornal Correio do Cértoma. E assim foi a minha experiência pelo mundo do jornalismo.  

Escreveu dois livros: “Cancioneiro Musicado e Alfaias Agrícolas” e “Tempos idos: Lembranças do passado, tesouros da cultura popular”. Como surgiu a ideia para os escrever?

Tive sempre vontade de escrever e publicar um livro. Tenho como objetivo escrever um terceiro livro, já tem cerca de 160 páginas e acredito que vou conseguir terminar.

Pode revelar qual o tema que retrata esse terceiro livro?

Retrata a minha vida desde os 5 anos até aos dias de hoje.

Qual foi o principal objetivo?

Deixar um legado das tradições da região à comunidade.

Achava bem que fosse feita uma parte recreativa (por exemplo uma peça de teatro educativa) para crianças baseada nos seus livros?

Sim, aliás gostava de ser eu a ajudar a realizar. Fiz peças de teatro durante a minha juventude e gostava de voltar a participar em algo semelhante.

Quer acrescentar algo que considere importante a esta entrevista?

Quero! Apesar de toda a minha vida ter sido muito vasta e preenchida o acontecimento mais importante foi casar com a minha mulher! Hoje em dia casaria com ela novamente.