Gabriela Castro a lusense que irá lançar um disco em 2025
Nascida e criada em Luso, Gabriela de Castro Almeida, revela que a sua grande paixão é cantar fado. Foi durante o seu percurso escolar, na Escola Secundária da Mealhada, que o seu gosto pela música foio crescendo e evoluindo. Hoje em dia, com 20 anos, já cantou em algumas zonas do país e tem como grande objetivo lançar o seu primeiro disco em 2025.
A sua mais recente atuação foi no passado dia 6 de setembro, sexta-feira, em Luso, na Festa em honra da Nossa Senhora da Natividade num concerto que foi muito aplaudido.
Cresceste e vives em Luso. Porque motivo costumas dizer que Luso despertou em ti “uma paixão profunda pela música”?
Sim, costumo dizer isso. Mais especificamente, é a zona do Bussaco que me inspira muito, é um local onde me sinto muito à vontade e é emblemático. Aliás, já pensei na hipótese de planear lá um concerto. Para mim a conexão com a natureza é importante.
Porque é que aos 11 anos decidiste ingressar na Oficina de Música da Escola Secundária da Mealhada? Como foi a experiência?
Foram os meus pais e os meus amigos que insistiram para eu entrar para a Oficina de Música, porque eu era muito tímida naquela altura. No primeiro concerto que houve eu fiquei estática no palco de tão tímida que era, não cantei. Perante esta situação o meu pai me disse-me “nunca mais vou ver os teus concertos se não começares a cantar”. A partir daí comecei a mudar a minha atitude de timidez. Preparei o meu primeiro fado, “Deus” da Amália Rodrigues, e uma amiga minha falou com a professora de música e disse-lhe que eu cantava. A pedido da professora cantei. A reação foi de espanto perante a minha voz, (risos). Nesse mesmo dia a professora escreveu na caderneta uma mensagem para a minha mãe onde dizia que eu tinha uma belíssima voz e que ainda não se tinha apercebido porque eu não falava nas aulas.
Daí em diante perdeste a timidez. Como foi depois?
Foi evoluindo. Lembro-me que ia decorrer o concerto de encerramento do ano letivo de 2015 e que só havia grupos de música, eu era a única solista. Entrei muito nervosa para o palco e cantei. Assim que terminei a atuação comecei a chorar de emoção as pessoas que assistiram vieram ter comigo para me felicitarem.
Fazes parte de um grupo de fado de Coimbra. Que grupo é este?
É o grupo “Fado Infinito”. Participei nos diversos concertos organizados pela Oficina de Música e um dos membros assistiu e convidou-me para fazer parte do grupo. Já canto com este grupo há cerca de três anos.
Como te sentiste quando recebeste o convite?
Fiquei muito feliz, eu queria muito cantar acompanhada pelo som da guitarra portuguesa e consegui (risos).
Onde costumas ensaiar?
Já estive na escola de Fados em Coimbra e na Academia de Música de Coimbra, parei porque, entretanto, entrei para a Faculdade, mas vou voltar para a Academia de Música brevemente.
Já foste atuar a que partes do país?
Em Lisboa, Porto e Coimbra, em casas de fado e em concertos. Quando cantei em Lisboa, estava eu de férias, e chamaram-me para cantar e conheci a fadista Jaqueline Carvalho. Fiquei muito contente porque percebi que as pessoas gostaram de me ouvir pela forma como me aplaudiram.
Com quem é que já partilhaste o palco e queiras destacar?
Partilhei o palco com o cantor César Matoso, em fevereiro, em Tamengos.
Quais são as maiores influencias no mundo da música?
Sem dúvida que é a fadista Sara Correia e Amália Rodrigues.
Com quem sonhas partilhar o palco?
A nível musical é com a Sara Correia, relativamente a guitarra gostava de cantar acompanhada por Ângelo Freire que é fadista, guitarrista, compositor e produtor português. A primeira vez que foi ver um concerto da Sara Correia, durante a sessão de autógrafos, ela reconheceu-me porque já tínhamos falado através das redes sociais, e fizemos um solo as duas durante a sessão de autógrafos.
Como tem sido o apoio da família neste percurso?
Muito importante. Os meus pais são o meu pilar, eles acompanham-me em todos os concertos. Se não fossem eles talvez eu não chegasse até aqui. A minha avó também me apoia imenso e é a meu fã número 1.
Estás no segundo ano da Faculdade a tirar o curso de psicologia. Qual o motivo para a escolha desta área?
Já tive fases menos boas na minha vida e quero ajudar as pessoas através da psicologia, tal como já me ajudaram.
Como concilias os estudos com a música?
Não é fácil, por vezes aparecem concertos em época de aulas, mas nada é impossível. Trabalho e dedicação ao que gosto e tenho conseguido conciliar. Futuramente não sei, mas por agora consigo.
Escreves músicas? Onde vais buscar inspiração?
Sim, escrevo. Encontro inspiração em tudo o que eu já passei e transmito para o papel o que sinto.
Estás a preparar para 2025 o teu primeiro disco. Como está a ser esta experiência.
Algumas das músicas são da minha autoria, contudo tenho letras escritas por outra pessoa. Esta é uma experiência nova ao qual ainda estou a perceber como funciona. Mas acho que as pessoas vão gostar das músicas.
O fado é conhecido por ser muito emocional. Como te preparas emocionalmente para interpretar uma atuação?
Como se costuma dizer: ‘o fado não se explica, sente-se’. Cada música de fado tem uma interpretação diferente, mais alegres ou mais tristes então interpreto e transmito tudo o que sinto em cada música. Não sei muito bem como explicar este sentimento tão bom que tenho enquanto canto.
Quais foram os maiores desafios que enfrentaste até agora nesta caminhada pelo mundo da música?
É muito difícil singrar nesta carreira musical. Se um jovem músico tiver a sorte de ser encontrado por alguém da área aí tudo é mais fácil. No meu caso, estou sempre à procura de trabalhar com os mais conhecidos, o que por vezes não é fácil, no fundo estou a tentar crescer na música com vontade própria, esforço e muita dedicação.
Como vês a evolução do fado ao longo dos tempos?
Ultimamente o fado já não é tao melancólico, é mais moderno e alegre. Esta evolução é positiva e atrai as pessoas para gostarem de ouvir fado.