Com o respeito que é devido ao lugar que ocupa á frente da edilidade municipal, enquanto Presidente, tomo a liberdade de manifestar o meu descontentamento pelo abandono a que tem sido votado o Luso-Bussaco, minha terra natal. E começo por recordar e sublinhar um simples pedido duma conterrânea registado em ata de reunião municipal, pedido esse referente a uma passagem pedonal no pontão entre a rua do Choupal e o Bairro Melo Pimenta, parte da rua chamada da Pampilhosa onde, como é sabido, os peões dividem com o trânsito automóvel, ligeiro e pesado, a faixa de rodagem. São duzentos metros onde o cidadão corre o risco dum acidente, entre eles o turista que utilize eventualmente o parque de campismo, onde além dum acesso digno, falta ainda uma piscina desde a sua construção e onde se dispensam abelhas para incomodar o campista. Na referida ata, o senhor presidente responde ao munícipe dizendo que a autarquia Câmara não tem dinheiro para resolver o problema mas está a fazer-se um projeto. Escamoteio este fazer do projeto porque são palavras com barbas, interpretadas como obras de Santa Engrácia e sublinho que quando acontecer um acidente a autarquia câmara, lava as mãos. Porém, caríssimo presidente da Câmara, o que me espanta verdadeiramente, passa pela afirmação de que a câmara não tem verbas ou liquidez para resolver o assunto. E é isto que me parece uma resposta de mau pagador, como diz o povo, pois dinheiro para festas não tem faltado nos cofres da autarquia , canta aqui, samba acolá, o dinheiro , que metaforicamente pertence ao munícipe , existe para todo o género de felustrias mas falta para a defesa da vida do cidadão. Este caso é uma vergonha que se arrasta no tempo, não apenas sua, senhor presidente da edilidade, mas de outros paroquianos que vão passando por aí e vão ganhando galardões no amanho das terras próprias, isto enquanto a cadeira não partir para caírem dela abaixo e deixarem o poleiro. Como arganilense também não é o seu caso, assim espero outras atitudes e interesses que o território, todo o território, sublinhe-se, merece e exige com lealdade, igualdade e competência. Em primeiro lugar na politica está o cidadão, em segundo lugar o cidadão, em terceiro o cidadão, em particular, o munícipe e depois sim, os festejos e foguetes de consumação de votos… Para isto o cidadão paga impostos que incluem os rendimentos dos políticos, facto muitas vezes esquecido na mente de quem acede ao poder.
Aproveito para perguntar por que razão foram recuperados pela autarquia e com ajuda da autarquia os cinemas da Mealhada e da Pampilhosa do Botão e deixa-se cair vergonhosamente o do Luso? Afinal para que serve um cine teatro em ruínas? Para que foi adquirido pela autarquia e porquê, é legitimo perguntar. Pergunto ainda, caro presidente, onde podemos nós residentes, bem como aqueles que nos visitam, estacionar os carros, sobretudo em fins de semana e no estio, quanto o espaço se encurta com a chegada das gentes? Pergunto ainda porque é que a Câmara não toma conta do edifício da Miralinda que é do Estado ou mesmo de ninguém e está a cair ? Porque não o registam e recuperam para uma biblioteca ou arquivo da freguesia? Custa uma centésima parte do chalé da Pampilhosa do Botão e a milionésima parte da quinta do Murtal na Mealhada. Vários exemplos, várias bitolas, discutíveis investimentos…
Porque não é recuperado o velho projeto da barragem ou charco de Vale da Ribeira, tão necessário como depósito de água para defesa da mata do Buçaco, uma vez que o senhor presidente não estará zangado com a Direção Regional da Agricultura que, tanto quanto penso, tem o projeto guardado numa gaveta? Mais lhe poderia acrescentar, por exemplo, o que tem o Luso-Buçaco nos projetos do PRR, Senhor Presidente da Câmara da Mealhada? Nada? Seremos munícipes da terceira classe? Será que não pagamos os impostos? Será que somos azuis, brancos, sefarditas?
Pegando nos orçamentos da Câmara, a discriminação é evidentes se comparado os abonos que se fazem à cidade e não só, esquecendo-se que o Luso-Buçaco é a sala de visitas mais procurada e único recurso turístico do território que pela mingua de investimento se pretende destruir. Muito mais poderia acrescentar mas fico-me por aqui pedindo desculpa pelo incomodo e tempo que lhe roubo, senhor presidente, sem no entanto deixar de acrescentar que olhe para o Luso-Buçaco, para o Turismo local e para a Hotelaria com o empenho e o interesse que a industria e as pessoas precisam e merecem bem como o Luso-Bussaco o concelho. Além de investimento com retorno assegurado a freguesia do Luso é a única no território com riqueza histórico-militar, religiosa, ambiental, patrimonial e aquífera e a que de uma forma continuada capta turistas nacionais e estrangeiros para o território abrangente. Apesar do desinvestimento oficial e autárquico por que vem passando, as potencialidades existem.