Outono são árvores despidas
Das folhas amarelecidas
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E pelos ventos fustigadas
São as nuvens pardacentas
Com lágrimas para derramar
Em plantas pelo verão queimadas
E em tardes pouco soalheiras
É o acender das lareiras
Antes do anoitecer
E é o fruto dos castanheiros
A estalar nos fogareiros
Com água-pé para beber
É o tempo das colheitas
Que pelos pobres são feitas
Para angariar seu sustento
E é o partir das andorinhas
Para paragens mais quentinhas
Impelidas pelo vento
E outro outono existe
Que é ainda mais triste
Que qualquer duro inverno
É o outono da vida
Que precede a velhice
E depois descanso eterno