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Diária

Centro Social Comendador Melo Pimenta celebra 25 anos de apoio e solidariedade


tags: Luso Categorias: Entrevista sexta, 06 dezembro 2024

Eduardo das Neves Coelho assumiu a presidência do Centro Social Comendador Melo Pimenta no passado mês de agosto, motivado por um profundo compromisso com esta causa. Com formação na área de energia, decidiu dedicar-se à instituição por amor e pelo desejo de contribuir positivamente para a comunidade.

Em entrevista ao Jornal, o presidente destacou a importância de “abrir” o Centro à comunidade local. “A instituição tem-se mantido um pouco fechada sobre si mesma, e acredito que é hora de estreitar laços e fortalecer a nossa conexão com as pessoas”, afirmou.

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Apesar dos desafios financeiros, Eduardo Coelho, implementou medidas de gestão através de cortes estratégicos. Contudo, garantiu que esses ajustes não afetaram a qualidade dos serviços prestados.

Atualmente, o Centro Social Comendador Melo Pimenta conta com cerca de 500 sócios, e o objetivo de Eduardo Coelho é expandir esse número para mil. A instituição oferece serviços essenciais, como apoio domiciliário para 20 pessoas e atendimento em centro de dia para outras 20. A instituição conta com o apoio de uma psicóloga, de uma nutricionista e de um especialista que trabalha a motricidade fina e grossa.

 

Como é que nasceu o Centro Social?

Nasce perante as necessidades existentes na freguesia de Luso. Os fundadores foram o Padre Moço, Carlos Castro, Antônio Neto Luís, António Sousa, António Esteves, Abílio Alves, Raul Mira, Fernando Ribeiro e João Freitas.

O Centro Social nasceu num edifício que pertencia ao Comendador Melo Pimenta onde se dava alimentação às pessoas mais pobres da freguesia.

 

Há quanto tempo é presidente do Centro Social Comendador Melo Pimenta?

Assumi este cargo há cinco meses, eu e a minha equipa. Portanto, somos muito novos na gestão desta casa. A última direção esteve cá durante 12 anos.

 

Porque é que decidiu abraçar esta causa?

Foi-me feito o desafio, mostrei alguma relutância inicial, mas acabei por aceitar. Cabe-me a mim “levar este barco a bom porto”. Acima de tudo aceitei por causa dos utentes que esta instituição apoia.

Confesso que este é um grande desafio para mim, que me está a ocupar mais tempo do que estava inicialmente à espera. Venho aqui todos os dias, às vezes mais que uma vez, tal como os meus colegas de direção que fazem questão de acompanhar de perto. Destaco que todos nós temos a nossa vida profissional, e que as nossas funções aqui não são remuneradas, eu diria que fazemos voluntariado por amor a esta causa.

Vou utilizar um chavão que o anterior presidente disse na nossa tomada de posse: “uma vez do centro, para sempre do centro”.

Tenho noção que se não fosse esta instituição, se calhar as pessoas a quem prestamos apoio não tinham uma resposta condigna nos últimos tempos da vida terrena que têm.

Portanto é esta a nossa vontade, a nossa força, queremos criar as melhores condições possíveis para os nossos utentes e colaboradores, para que daqui por algum tempo estejamos de consciência tranquila, temos alguns problemas que vamos resolver.

 

Disse que a Associação tem 500 sócios, que outros apoios têm?

Financeiramente, poderíamos dizer que temos quatro vertentes. Temos a ação social, que cobre essencialmente um terço dos custos, temos as mensalidades dos nossos utentes, que chegará a três quartos dos custos inerentes à instituição, o restante provem das atividades que nós temos que criar e executar durante o ano para fazer face ao défice financeiro que temos, ou seja, tudo que nós recebemos incluindo a cotização, não chega para cobrir os custos da instituição, por isso é que o resultado operacional da instituição é negativo.

Além disso, tentamos criar protocolos com a Câmara, com quem temos uma ótima relação, com a Junta de Freguesia de Luso, com a Fundação Mata do Bussaco, com a Fundação Água de Luso, com a Aderno – Associação Cultural, entre outras.

 

Apoiam 40 pessoas, (20 apoio domiciliário e 20 em centro de dia), têm lista de espera?

Sim, temos lista de espera, estamos a tentar alterar essa situação, mas só temos licenciamento de “associação social”, e protocolado com estes 20. Vamos tentar alargar a resposta, principalmente no apoio domiciliário diferenciado.

A Instituição vai celebrar 25 anos no próximo dia 15 de dezembro, como vão assinalar a data?

Vamos organizar um almoço no próximo dia 15 de dezembro, no Pavilhão de Várzeas, aqui em Luso. O nosso grande objetivo é angariar fundos para a instituição. O almoço terá um custo de 18 euros, onde haverá entradas, sopa, prato principal, bebidas, sobremesas e café.

Gostaríamos de ultrapassar o número de inscrições que tivemos no ano passado, nos 24 anos, foram cerca de 140 pessoas. Prometemos muita animação e um ótimo momento de convívio. Vamos oferecer uma pequena lembrança do centro a quem participar no almoço e vamos consagrar os fundadores do centro.

 

As pessoas têm de fazer inscrição para o almoço de aniversário?

Sim, têm de fazer inscrição até o dia 12 de dezembro. Excecionalmente, pode ser para além dessa data. As pessoas podem ir à nossa rede social Facebook onde está publicada a ementa e os contactos para a inscrição

 

Que projetos existem para o Centro Social?

Existem vários. Como já referi queremos alargar a nossa resposta a um maior número de pessoas, por isso, vai haver uma reunião, brevemente, com a segurança social. O edifício necessita de obras, nomeadamente o aumento da cozinha e da lavandaria. Pretendemos um novo espaço para os nossos utentes que será na parte de trás do edifício para ter novas instalações a nível de sala de estar e sala de refeições. Estes são os nossos objetivos até ao final do mandato, que é de quatro anos.

 

Que tipo de serviços prestam no domicílio aos utentes?

Para além de fornecermos as refeições, se alguém nos disser, por exemplo, que tem uma torneira estragada, nós vamos arranjar uma maneira de a concertar. Aliás, uma das premissas, independentemente das dificuldades financeiras que temos, é: «tudo o que for necessário, peçam». A direção cá estará para encontrar uma solução para dar resposta a essa situação.

Também já resolvemos questões comportamentais de pessoas que habitam com os idosos e que, por uma razão ou outra, não atuam da maneira mais correta. Portanto, já tive que falar com alguns familiares de alguns utentes para chamar a atenção dos comportamentos que são errados, ou pelo menos não são os mais corretos.

Estou a fazer visitas surpresa aos nossos utentes em apoio domiciliário, para de uma maneira delicada, perceber o que é que se passa de concreto no ambiente que os rodeia.

 

Sendo assim, existe uma relação muito próxima, quase que diria familiar?

Eu próprio tento criar essa proximidade, os nossos funcionários e voluntários também. Venho cá todos os dias de manhã e à tarde, cumprimentar os nossos utentes, “brincar” um pouco com eles, transmitir algum calor humano que às vezes eles não têm lá fora.

 

Que tipo de atividades realizam com os utentes do centro de dia?

Como já referi, estabelecemos algumas parcerias, nomeadamente com a Aderno – Associação Cultural que realiza atividades com os nossos utentes, com projetos de animação, cinema, entre outros. Mais recentemente, juntamente com o Agrupamento de Escolas decorreu o magusto intergeracional.

Já a Associação de Jovens de Cristão de Luso desloca-se até à nossa instituição e brinda os utentes com música.

Além disso, estamos a fazer um levantamento com os utentes de receitas, de contos, para tentar eternizar essa informação e esses conteúdos que eles têm.

 

Tem utentes só da freguesia de Luso?

Sim, da Lameira, do Louredo, das Carvalheiras, do Monte Novo e do Bussaco.

Que tipo de eventos planeiam realizar no Natal?

No âmbito da “Vila Cristalina” que estará a decorrer, vão decorrer dois eventos para angariação de fundos para o Centro. O primeiro decorre no dia 15 de dezembro, será uma “bicicletada solidária”, promovida pelos ‘Trilhos Luso-Bussaco’. Já no dia 22 de dezembro, vamos vender doces de Natal juntamente com outras associações.

 

No dia 25 de dezembro estarão fechados como é que os utentes vão ter acesso ao seu almoço?

Nós tentaremos assegurar ainda não sei bem como porque nós sabemos que a maior parte deles não se alimenta quando estão ausentes daqui. Portanto, o bem-estar deles para mim é primordial, para mim e para a direção.