Luz da Paz de Belém 2024: «Que esta luz nos possa ajudar a ser Luz na vida dos Outros!»
A Igreja da Mealhada encheu, na noite de segunda-feira, 16 de dezembro, para a partilha regional da ‘Luz da Paz de Belém’, uma iniciativa do escutismo católico português que garante a distribuição em Portugal de luz recolhida na Gruta da Natividade, em Belém, na Cisjordânia, e que ininterruptamente chega, agora, à casa de cada família. A cerimónia foi presidida pelo Bispo de Coimbra, Dom Virgílio Antunes, que contou com a participação de centenas de escuteiros de toda a região de Coimbra – e também alguns da região de Aveiro – entre muitas pessoas das comunidades da Unidade Pastoral da Mealhada.
A iniciativa da Luz da Paz de Belém nasceu em 1986, na Áustria. Um grupo de pessoas – apoiados por um canal de televisão –, para angariação de fundos destinados ao apoio a crianças carenciadas, recolheu uma luz (uma vela) na Gruta da Natividade em Belém, na Cisjordânia, e partilhou esta Luz que, não se apagava, por todas as pessoas que assim o desejassem. A ideia prosperou e, passado algum tempo, foi abraçada e continuada pelos escuteiros austríacos que a difundiram por grande parte das associações europeias de Escutismo Católico.
Neste ano de 2024 os escuteiros da Região de Coimbra foram buscar a Luz da Paz de Belém a Portimão, no Algarve. Foram algarvios os escuteiros que no sábado, 14 de dezembro, a haviam trazido de Viena de Áustria. Na segunda-feira, a Luz da Paz de Belém foi partilhada numa cerimónia organizada pelos agrupamentos do concelho da Mealhada e pela Junta Regional de Coimbra do Corpo Nacional de Escutas (CNE).
A partir desse dia os agrupamentos de escuteiros de toda a diocese de Coimbra replicarão a transmissão por muitas paróquias, e no próximo fim-de-semana generalizar-se-á à grande maioria das comunidades da Diocese de Coimbra. Esta Luz partilhada poderá ser levada para casa das pessoas – com natural cuidado e precaução – onde será alimentada até ao fim da época natalícia.
O lema da Luz da Paz de Belém de 2024 é “Navegamos por rotas de Alegria e de Paz!” e a esse propósito foi denso o momento de reflexão que antecedeu a partilha da Luz, pelas mãos de pequenos escuteiros dos agrupamentos do concelho da Mealhada – Casal Comba, Barcouço, Mealhada e Pampilhosa –: “Navegar é preciso! Um barco ancorado é seguro, mas… não é para isso que os barcos são feitos! Parado, um barco, por muito bonito ou vistoso que nos pareça, perde sempre o seu valor. Permanentemente atracado, deteriora-se, deixa que a água o invada e… afunda-se…”.
E a reflexão prosseguiu: “Por isso, a vida de cada um de nós, alegoricamente representada num barco, é um constante convite a deixarmos o cais, a fazermo-nos ao largo, permitindo que a força do vento encha as velas da nossa embarcação e nos leve a cruzar os mares, por tantas rotas, umas de construção pessoal e outras de encontro com o outro, com os outros”.
“Guiados por esta luz tão pequenina, mas tão vibrante, que se faz farol na nossa navegação, levantemos âncoras, deixemos o cais e cortemos as ondas, embalados pelo sopro do Espírito Santo, seguindo por rotas de alegria e de paz, para que, num espírito de justiça e de verdadeira fraternidade, da melhor vontade e sempre alerta para servir, possamos ir sempre mais além!”, conclui a reflexão proposta às várias centenas de pessoas presentes.
Na sua homilia, o Bispo de Coimbra, também usou a imagem da pequena Luz para incentivar os escuteiros à ação e à preocupação com os outros, através das palavras e dos gestos e atos. Debruçou-se sobre a mensagem da liturgia do dia para exortar os escuteiros a serem eles próprios Luz nas vidas das outras pessoas.
Nuno Castela Canilho, chefe regional de Coimbra do CNE, começou por descrever o percurso de 28 horas em que assumiu a responsabilidade de transportar “uma pequena, frágil e vulnerável vela de cera” no equilíbrio “entre o risco de se apagar e de provocar um incêndio”. “É uma inspiradora experiência de Cuidado, que também nos deve ajudar no quotidiano das nossas vidas e das nossas comunidades”, disse o escuteiro. “Ser Cristão – e naturalmente ser escuteiro – impele-nos a, como nos pediu Cristo, sejamos ‘Luz do Mundo e Sal da Terra’, que esta luz pequenina possa ser inspiração, estímulo e até pretexto para que possamos ver o Outro, e servi-lo, de modo a que cumpramos a missão!”, concluiu o chefe regional de Coimbra.
Na cerimónia participaram representantes de quase todos os agrupamentos da região de Coimbra e do Clã Universitário de Coimbra, bem como escuteiros da região de Aveiro, antigos escuteiros da Fraternidade Nun’Alvares, e escoteiros da Associação de Escoteiros de Portugal, para além de familiares e muitos membros das comunidades paroquiais da Unidade Pastoral da Mealhada.
O Corpo Nacional de Escutas é a maior associação de juventude de Portugal e da Diocese de Coimbra. A Região de Coimbra – que compreende todo o território da Diocese católica de Coimbra – tem quase 3900 escuteiros, operando e crescendo em 56 agrupamentos, em 20 concelhos de todo o território que se estende da Mealhada a Ferreira do Zêzere e da costa marítima até Oliveira do Hospital. E em 2026 a região de Coimbra do CNE assinalará o seu primeiro centenário.