Cinquenta anos após
Nos dias de hoje o cidadão não sabe se os partidos políticos existem porque existem os países ou se pelo contrário os paises existem porque existem os partidos políticos, dando assim continuação aos velhos órgãos privados na figura da corte que servia de capa ao rei mas igualmente a um exército de beneficiados com lugares de duques, condes, marqueses, viscondes, para os quais existia um chapéu de largas abas que incluía atribuição de territórios e bens e uma etiqueta própria que ilustrava e honrava quem nem sequer sabia ler e escrever. Se a revolução francesa foi o inicio de uma mudança radical destes tramites seculares, ela levou o seu tempo a enraizar-se na Europa e no mundo , através da alteração dos processos da mente mas também através de lutas cerradas para a imposição de novas regras e filosofias, um processo que nos dias atuais, não atingindo claramente fidalguias, atinge uma catrefa de político-clientelas pouco ou nada preparada para exercer um cargo do poder, o qual vai abranger igualmente territórios, bens e pessoas , o que não deixa de ser um regime de algum modo semelhante ao anterior. Mormente quando em grande quantidade de casos, os escolhidos não estão preparados nem tem conhecimentos que lhes concedam a ferramenta necessária para exercerem os respetivos fins a contento da razão e das necessidades. Um exemplo visível está nos cinquenta anos que levamos de democracia, o melhor entre os maus exemplos dos partidos em Portugal, onde a responsabilidade e os atos da saúde, da educação, da justiça, da doença, da mobilidade, do património, das finanças, da cultura e outros, tem sido alvo de constantes acusações, discordâncias, querelas intrapartidárias, em eleições onde a palavra ou o insulto fácil são a normalidade e o interesse das populações fica de lado, sobrepondo-se o lote partidário ao bem estar do povo. Foi assim em 50 anos de economia para destruir o melhor tecido económico do país que levou á fuga dos mais competentes para o estrangeiro e dando lugar a uma migração sem rei nem roque que instalada no território nacional em condições cegas e precárias, desestabiliza a sociedade residente e dá lugar a atos e desacatos não vistos há alguns anos no país. Esta clubite partidária que não é um Benfica Sporting, nada abona á sociedade lusa assim como um turismo desenfreado nas principais cidades e no Algarve, seca o mercado de habitação para os nacionais elevando-o para valores muito acima do rendimento do português comum, criando problemas graves na satisfação das necessidades, colmatadas com promessas que não se vão cumprir. Estas hemorragias sociais são o fracasso das sucessivas governações , onde a meta de atingir na Europa os bons lugares da administração, são etapas chorudas e desejadas levando uma chusma de políticos impreparados a lugares cimeiros do alfobre CEE. Nada se ganhou deste movimento individual a não ser umas medalhas dum 10 de Junho, dia tão propicio ao engalanar da pacovice de uma Lisboa capital do país que devora o erário publico em festas , aeroportos, tap´s, pontes sobre o Tejo e cultos religiosos, como se de uma nova Goa chegassem as caravelas da carreira das Índias carregadas de pimenta e dos costas do Malabar nos viessem especiarias. Os percursos dos políticos estão á vista , as obras, para lá da fava rica ou da castanha pilada, são poucas ou nenhumas. Continuamos os mesmos afonsinos de capa e espada da tomada de Coimbra e de Lisboa aos grãos vizires otomanos…!