Acabado o verão e os festejos de fim de ano é tempo de apontar de novo os problemas da vila do Luso bem como o esquecimento a que a terra tem sido votada, contribuindo assim para a pacatez das termas e ao mesmo tempo para a falta de crescimento da vila na sua estrutura urbana, económica e social e da falta de investimentos não consonantes com as potencialidades do território, onde a freguesia vai marcando passo pelo desinteresse total de quem vai oportunamente tomando conta do poder local com o interesse focado nas paróquias e não no interesse comum. Se acompanharmos minimamente os orçamentos municipais, é clara esta diferenciação nos investimentos levados a cabo. Um caso evidente passa pelo gigantesco edifício dum espaço municipal do concelho da Mealhada, que nem Lisboa, a capital desta faixa ibérica ocidental, se dá ao luxo de construir, um insolente indicador da falta de atenção para a gestão das finanças locais e um esbanjamento claro que se torna ridículo e pouco respeitoso para outros territórios.
Outro caso claro e irreal, passa pela instalação de sete enormes mercados na sede do concelho que, levando em conta os pouco mais de vinte mil residentes no município, sugerem riquezas que não existem e grandezas irracionais, num desequilíbrio anárquico de ideias sôfregas, perante freguesias rurais votadas ao abandono e a um desequilíbrio avassalador, espaços que em simultâneo acabam por matar todo o restante pequeno comércio local. Estas obras, levadas a cabo com o aval camarário apontam para uma distribuição do erário publico demagogicamente, onde o capital e o favor e não o interesse tomam conta da gestão dos investimentos, reprodutivos e náo reprodutivos, entre os que prioritariamente interessam aos territórios. No caso do turismo a estagnação tem sido o desinteresse principal , não houve qualquer iniciativa de recuperação de património construído entre os dezoito chalés de época existentes , na sua maioria abandonados e em ruína permanente, desintegrados de qualquer tentativa de restauração, classificação dum património que marcou uma época e cuja arquitetura merecia um constante acompanhamento além de um estudo conducente a encontrar soluções para um retorno ao uso por processos ativos entre Estado e privados. Deixar ruir este valor secular é um péssimo passo duma gestão municipal anémica, sem sentido do dever e sem noção do cargo que se ocupa. O mesmo não acontece em Sintra, ou em Cascais ou no Gerês, onde o património é acolhido em função do valor e de um futuro com salvaguarda do bem comum e sua reinserção num mercado possível e ativo. A entrega desta riqueza a um poder alheio condenou o Luso-Bussaco a esta prisão com grades, nos dias decorrentes com grandes portões de ferro que algemaram a Mata Nacional do Buçaco, como nunca aconteceu após a integração no património do reino, na República ou no Fascismo. Recentemente, nas festas natalícias, o Luso esgotou os lugares para acolher o turista, pelo triste espetáculo de o mandar embora por falta de estacionamentos onde pudessem ficar. É sabido que as Juntas de Freguesias não tem capacidade financeira para os construir e este é o tratamento oferecido á área do turismo e da hotelaria pela Câmara Municipal, não há lugares, desandem…
Digo e repito que os territórios que oferecem ou potenciam mais valias naturais ou adquiridas dentro dos seus limites, no caso as freguesias, deveriam ter ao seu alcance os meios capazes de se desenvolverem por si próprias e não estar sujeitas a uma divisão administrativa macarrónica que vem de 1834 com todos os defeitos e vícios que o liberalismo teceu ao serviço de um lugar sede de privilégios senhoriais e financeiros, criando uma diferenciação clara, desigual e injusta entre o cidadão e habitat até à própria liberdade, ao financiamento , ao poder, ao meio de vida à estagnação.
O caso das Termas de Vizela é um exemplo. Destacado do concelho de Guimarães pela boa vontade de Guterres enquanto primeiro-ministro, e promovido a concelho, depressa despertou para uma vida melhor, desenvolveu-se, cresceu e fez por si o que é hoje, uma cidade ativa, independente e pronta a regular o seu destino seguindo os interesses do seu povo e do território abrangido.
Nas Termas do Luso, pelo contrário tudo cai, pelo quinto ano sucessivo não há investimento orçamentado e uma obra adjudicada com dez anos, a modernização do centro da vila, está por acabar…e há duas freguesias, no calcanhar de Aquiles, que arrebatam milhões, enquanto o parque botânico do Buçaco aguarda o património da Unesco…
Trinta anos passaram sobre a primeira ideia…