
Lamentava-se Tomas More que quem quisesse ser apreciado no seu tempo, teria que ir a Roma, visitar a Itália, para que os contemporâneos o admirassem e Lhe dessem valor. Actualmente acontece a mesmíssima necessidade.
- Se no tempo de Tomas More era necessário percorrer a Itália, para que a sabedoria fosse reconhecida, no século passado, também, os nossos artistas tiveram que ir a Paris, para que as obras fossem admiradas.
Actualmente, apesar das nossas Universidades serem respeitadas, em todo o mundo, o licenciado, que se preza, deve deslocar-se aos Estados Unidos ou Oxford, para obter diploma de mestrado ou doutoramento, porque, sem esse certificado, será preterido e considerado pouco competente. Certa ocasião ao discursar em Ponte do Lima, Mário Soares, afirmou: " Ser doutor, em Portugal, é quase o mesmo que possuir título nobiliárquico."
Quem não o for, por mais competente que seja, será sempre considerado: habilidoso, seja a profissão que for.
No início do século entrevistei jovem deputado, que pedindo para desligar o gravador, declarou-me: - "Vou tentar obter licenciatura, porque só os doutores são respeitados na A. R."
Certa ocasião em debate realizado na RTP, um interveniente não queria entrar no estúdio, enquanto não o chamassem por doutor, segundo escreveu, João Adelino Faria, jornalista da RTP, em "Dinheiro Vivo", J.N 14/ abrir/2012.
Também o Professor Doutor Pedro Barroso, tem o mesmo parecer sobre o diploma: "O respeito parece só ser possível com algum cognome, que atribua uma certa legalidade académica." - Metro, 24/abril/2011.
E agora um parecer, que já vem de longe: Diogo Couto, em carta datada em 1602, a El-Rei, esclarece – que na sua época, quem não era fidalgo ou não tivesse um " habito de Cristo" era marginalizado da sociedade " Soldado Prático", Prólogo, Ed. Sá da Costa – 1954.
Conclui-se, do que se leu, que em Portugal, para se ser respeitado e merecer consideração, tem-se colocar: "Dr.", antes do nome. Eis a razão, que quem não o tem, inventa, grau académico ou nobiliárquico, desde que seja rico, porque ao pobre, mesmo que seja doutor, ninguém o respeita.