Carnaval Mealhada supera expetativas da ACB no número de visitantes

O clima favorável contribuiu para o ambiente festivo e encheu os dias dos desfiles carnavalescos e contribuiu para atrair ainda mais pessoas às ruas.
Antes dos desfiles carnavalescos, no dia 22 de fevereiro juntaram-se centenas de foliões na Mealhada para celebrar o Carnaval trapalhão. Os participantes trajam de forma livre e divertida. O desfile trapalhão antecipa os dias dos desfiles e de festa que a Mealhada se prepara para receber. Este ano destacaram-se grupos de pessoas que se disfarçaram de mariachis, saquetas de chás, tropas e houve ainda quem fizesse alusão a outras épocas como os anos 20.
Os desfiles, que decorreram nos dias 2, 3 e 4 de março, trouxeram à Mealhada cerca de 17 mil visitantes, consolidando o evento como um dos mais emblemáticos da região. “Os desfiles estão a correr muito bem. Aliás, estamos a bater recordes de bilheteira. Recebemos cerca de 6 mil pessoas no domingo, na segunda-feira recebemos 5 mil, e, na tarde de terça-feira, voltámos a contar com mais 6 mil espectadores”, confirmou Vítor Ferreira, da Associação do Carnaval da Bairrada (ACB), ao início da tarde de terça-feira.
Uma das novidades deste ano foi a introdução da venda de bilhetes online, uma iniciativa que o presidente da ACB destacou pela sua praticidade. “Para evitar as filas nas bilheteiras físicas, as pessoas podem adquirir o bilhete online e entrar diretamente. Acaba por ser um processo muito mais rápido e eficiente”, explicou.
Outro dos grandes destaques deste Carnaval foi, sem dúvida, o desempenho das escolas de samba, que brilharam na avenida com desfiles vibrantes e de grande qualidade. “As escolas deram tudo nestes desfiles. Estavam simplesmente deslumbrantes. Sabíamos que não iam falhar e conseguiram manter o nível de excelência a que já estamos habituados. Era exatamente isso que queríamos”, afirmou Vítor Ferreira, visivelmente satisfeito com o sucesso do evento.
Com um balanço tão positivo, a organização já olha para o futuro com entusiasmo. O presidente da ACB manifestou a sua esperança de que, no próximo ano, o Carnaval da Mealhada continue a crescer e a atrair ainda mais público, consolidando-se como um dos eventos mais aguardados da região.
Por motivos logísticos de som as escolas desfilam na avenida em diferente ordem nos corsos carnavalescos, assim no dia 4 de março a ordem dos desfiles foi a seguinte: em primeiro lugar a escola de samba Amigos da Tijuca, seguiram-se os Sócios da Mangueira, depois o Batuque e por fim, a escola de samba Real Imperatriz.
Amigos da Tijuca
“Defensora da fé eu sou, sua majestade (…)” já se ouve ecoar pela avenida a escola de samba Amigos da Tijuca que faz o seu desfile com grande imponência. Este ano, o enredo escolhido, "A Coroa", trouxe para a avenida uma narrativa rica em simbolismo e história, refletida em cada detalhe das fantasias e alegorias.
A Comissão de Frente, encarregada de abrir o espetáculo e introduzir o tema, desfilava trajando kilts, uma clara referência à realeza escocesa, incorporando tradição e nobreza ao enredo. Com uma coreografia bem ensaiada e movimentos sincronizados, os integrantes da comissão davam vida ao enredo, representando reis e rainhas de diferentes épocas e culturas.
Cada ala que seguia na avenida reforçava o esplendor da monarquia através de suas cores, tecidos e adereços luxuosos.
O Abre-Alas, carro alegórico de abertura, exibia cabines telefónicas típicas de onde saiam a dançar elementos da comissão de frente.
A Mestre-Sala e a Porta-Bandeira, figuras centrais na apresentação, desfilavam com coroas lembrado a realeza.
Ao longo do desfile, as alas foram explorando diversas simbologias do poder real: desde a Ala das Baianas, aos mirins a velha guarda e a bateria.
Muitos das pessoas que assistiram ao desfile gostaram particularmente da figurante que fazia de Elisabeth II no carro alegórico.
A escola mostrou uma grande empatia com o público no seu samba-enredo.
Sócios da Mangueira
“É bang bang para cá, é bang bang para lá (…)”, cantam em uníssono os elementos dos Sócios da Mangueira, enquanto desfilam com energia e entusiasmo pelas ruas da Mealhada. Este ano, a escola de samba trouxe para a avenida o enredo: “Bang Bang! Onde os fracos não têm vez: uma história do Faroeste”.
A Comissão de Frente, encarregada de abrir o espetáculo, surgiu vestida a rigor, com trajes típicos de cowboys, incluindo chapéus de aba larga e coletes típicos. Com uma coreografia bem ensaiada e cheia de carisma, os dançarinos interagiam com o público.
Logo atrás, o Abre-Alas impressionava com a alegoria que representava os cavalos dos cowboys da comissão de frente e era enfeitado com catos lembrando o deserto.
Logo a seguir apresentava-se os mirins da escola com os chapéus de abas largas e calças igualmente de cowboy.
Seguiu-se cada ala dos Sócios da Mangueira na avenida complementava a narrativa do enredo.
Com um desfile que o público adorou os Sócios da Mangueira conseguiram cativar quem assistia. O enredo ousado e a riqueza dos detalhes fizeram com que a escola marcasse presença no desfile.
Batuque
“Está escrito pelas estrelas é minha sina (…)” – entoa com energia a comissão de frente do batuque, dando início ao espetáculo nas ruas da Mealhada. Com passos sincronizados e uma coreografia envolvente, o grupo da a conhecer o seu enredo deste ano: “Astral: um destino escrito nas estrelas”.
Vestidos decorados com estrelas evocam o brilho do firmamento, os integrantes da comissão de frente trazem consigo o esplendor da noite estrelada, transportando o público para um universo de magia e mistério.
O Abre-Alas envergava uma grande árvore astral que simbolizava o universo à nossa volta. Já o Mestre Sala e a Porta Bandeira representavam o mapa astral.
As alas do desfile seguem a mesma sintonia, representando signos, planetas e forças místicas que influenciam a caminhada da humanidade. Cada detalhe dos trajes e coreografias foi pensado para traduzir a grandiosidade do universo, desde a delicadeza etérea das estrelas cadentes até a força magnética dos astros em alinhamento.
A bateria dá vida ao enredo com um ritmo contagiante que faz vibrar as ruas da Mealhada.
Real Imperatriz
“Essa viagem encantada, a Real chama você para descobrir meu Portugal (…)”, por fim a Real Imperatriz fecha o corso carnavalesco de 2025. Com o enredo: “Nos carris da tradição, a Imperatriz viaja com emoção”, a escola de samba quis mostrar as tradições portuguesas.
Ao longo do desfile desta escola de samba, além da música que alegremente cantavam, o público percebeu que desde os pauliteiros de Miranda, às mulheres das setes saias da Figueira da Foz, passando pela azulejaria portuguesa até ao coração de Viana, todas as tradições estavam representadas no desfile.
No carro alegórico, um imponente cântaro chamava a atenção, remetendo à tradição de buscar água, um costume antigo que evoca a simplicidade e a essência do povo português.
Com cada batida da bateria, a Real Imperatriz reafirmava a força e a riqueza das tradições lusitanas, provando que a cultura portuguesa pulsa com a mesma intensidade do próprio Carnaval.
Tal como no ano passado, a APPACDM de Casal Comba marcou presença no desfile, reforçando a inclusão e a diversidade da festa.
O desfile foi abrilhantado pelo grupo Dance with Heart, de Luso, por um grupo de capoeira e também pelas “Passarinhas do Caima”.
Depois de quatro horas de desfile, como já é habitual vinham a rainha Luana Piovani, e os dois reis, Lourenço Ligeiro e Manuel Lopes que conquistaram o público com sorrisos, dança e interagindo de forma simpática.
Foto: João Quinteiro