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Diária

Projeto “Pegada 4.0” promove produção agrícola sustentável


tags: Coimbra Categorias: Região segunda, 24 março 2025

A Universidade de Coimbra, através da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC), está a desenvolver um sistema inovador baseado em Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML) para monitorizar as pegadas ambientais na agricultura. O projeto, denominado “Pegada 4.0”, visa reduzir o impacto ambiental das práticas agrícolas e promover uma produção mais sustentável.

Liderado pela Universidade de Évora e financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o projeto foca-se na monitorização de cinco indicadores essenciais: dióxido de carbono, recursos hídricos, poluição difusa, paisagem e biodiversidade. A FCTUC concentra-se especialmente na pegada da biodiversidade, com o objetivo de preservar e promover o crescimento das espécies nas parcelas agrícolas envolvidas no estudo.

A equipa liderada pela investigadora Catarina Silva, professora do Departamento de Engenharia Informática (DEI) e membro do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC), está a trabalhar na recolha e análise de dados multimodais. Estes incluem medições de temperatura e humidade, imagens de insetos e plantas, registos sonoros de aves, entre outros. Através de modelos dinâmicos de IA, a equipa procura identificar e monitorizar as espécies presentes nas parcelas, além de detetar novas espécies ao longo do tempo.

O projeto conta com a colaboração de 20 parceiros agricultores e diversas herdades, que participam ativamente na monitorização ambiental. A empresa Agroinsider, associada à Universidade de Évora, também está envolvida na iniciativa.

Uma das ferramentas desenvolvidas no âmbito do projeto é a “SmartAg”, uma aplicação que permite aos agricultores submeter imagens e sons em tempo real para análise científica. Através desta aplicação, os agricultores podem registar evidências das espécies observadas, indicando a espécie, as coordenadas e a hora do registo.

Além disso, a equipa da FCTUC está a testar modelos de IA em hardware de baixo custo, com o objetivo de tornar o processo mais eficiente e acessível, desde a conceção até à implementação no terreno. As imagens recolhidas por armadilhas de insetos também são analisadas automaticamente pelos modelos de IA, que fazem a classificação das espécies. Inicialmente, os agricultores validam as classificações da IA, contribuindo para o aprimoramento contínuo dos modelos.

O projeto também está a estudar o impacto das alterações da paisagem na biodiversidade, evidenciando como a gestão sustentável pode beneficiar o ecossistema agrícola. A equipa da FCTUC espera que, com esta abordagem inovadora, a agricultura portuguesa se torne mais eficiente e amiga do ambiente, estabelecendo novos padrões para a gestão agrícola sustentável.

Da esquerda para a direita: Catarina Silva, Bernardete Ribeiro e Dinis Costa