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Cineteatro Messias recebeu reflexão sobre a nova era educativa com Inteligência Artificial


tags: Mealhada Categorias: Região segunda, 07 abril 2025

Há vantagens no uso da Inteligência Artificial no contexto educativo? E desvantagens? Ajuda os professores e os alunos? Estas foram as perguntas a que Miguel Oliveira, da Ordem dos Psicólogos Portugueses, e Raquel Varela, historiadora e professora auxiliar com agregação na FCSH - Universidade Nova de Lisboa, responderam na 14.ª edição do “Encontro com a Educação”, no passado sábado, dia 5 de abril, no Cineteatro Messias, na Mealhada.

Sob o tema “Inteligência Artificial: a nova era da Educação”, o encontro reuniu mais de uma centena de professores e agentes educativos para refletir sobre os impactos desta nova ferramenta tecnológica no ensino. As opiniões dividiram-se pelas possibilidades pedagógicas da IA e a cautela perante os riscos que esta pode trazer à dimensão humana da aprendizagem.

Na sessão de abertura, o presidente da Câmara da Mealhada, António Jorge Franco, destacou o potencial transformador da IA nas escolas. “As máquinas inteligentes prometem identificar as dificuldades específicas de cada aluno e personalizar o conteúdo conforme o ritmo e as necessidades individuais, num processo muito diferente do tradicional”, afirmou, sublinhando, no entanto, que “o valor humano do professor continua a ser insubstituível”.

Miguel Oliveira defendeu o uso da Inteligência Artificial como uma oportunidade para melhorar o ensino, apelando aos docentes para que experimentem estas ferramentas. “O professor é crucial para a criação de ferramentas de IA em contexto escolar”, afirmou, frisando que, sendo a IA uma presença inevitável no futuro, cabe aos humanos a responsabilidade de a supervisionar e orientar.

Do lado oposto do debate, Raquel Varela manifestou-se contra a introdução da IA na educação, argumentando que esta “não desenvolve as capacidades psíquicas superiores, como sejam a imaginação, a criatividade, a atenção dirigida”. Para a historiadora, a IA falha em aspetos fundamentais da pedagogia, nomeadamente na relação interpessoal entre professor e aluno. “O professor dá a conhecer. A IA não faz isso, dá a ouvir. Não aceito que se substituam tarefas intelectuais por uma máquina”, reforçou.

A reflexão proposta pelo evento insere-se num contexto de grandes transformações impulsionadas pela tecnologia, como lembrou, novamente, António Jorge Franco: “Faz todo o sentido trazermos à reflexão este avanço na educação, onde a interação humana era a tradição, mas que agora é desafiada a viver entre sistemas inteligentes de aprender e de ensinar”.

Durante a tarde, o Encontro com a Educação prosseguiu com vários workshops dedicados à aplicação prática da inteligência artificial em ambiente educativo.

Organizado anualmente pela Câmara Municipal da Mealhada, em parceria com o Agrupamento de Escolas da Mealhada, a Escola Profissional Vasconcellos Lebre e a Associação de Pais e Encarregados de Educação, o evento pretende ser um espaço de reflexão, partilha e desenvolvimento de boas práticas pedagógicas.