Diretor: 
João Pega
Periodicidade: 
Diária

Adolescência


tags: Marília Alves Categorias: Opinião sexta, 11 abril 2025

Na adolescência, ao afastamento dos pais que é natural e saudável, acresce, atualmente, a imersão na realidade virtual. Os pais perdem o controlo sobre os filhos, não conhecem tudo a que ficam expostos na Internet e quem os orienta dentro dela; por outro lado, os filhos não têm maturidade cognitiva para compreender tudo o que lhes é apresentado. “Adolescência”, da Netflix, mais do que a série do momento, é um alerta sobre a perigosidade que esses meios encerram: o bullying digital, a violência online e o universo dos incels e a formação da masculinidade num mundo digital que alimenta e normaliza cada vez mais discursos misóginos, que veiculam ódio, desprezo e preconceito contra mulheres ou meninas. Ao longo dos 4 episódios (contextualizados, nessa ordem, na polícia, na escola, na cadeia e em casa), relata-se um crime devastador. Jamie, um adolescente de 13 anos, esfaqueia até à morte uma colega, após se embrenhar na chamada “cultura incel” particularmente hostil em questões de misoginia e extremismo.  Ao surgir na rotina virtual dos jovens, a série expõe um sistema de radicalização silenciosa no qual influenciadores, podcasts, fóruns e redes sociais moldam a perceção de mundo de crianças e adolescentes.

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