"Para mim seria muito difícil alguma vez renunciar à Democracia. Não renuncio nunca."

No final do atual mandato autárquico e o poder local democrático completar 49 anos, Rui Marqueiro completará 46 de vida politica como autarca na Mealhada. Foi presidente da Câmara Municipal da Mealhada durante quase 18 anos (1989 a 1999 e 2013 a 2021), presidente da Assembleia Municipal por 14 anos. Em outubro de 2021 foi cabeça-de-lista à Câmara Municipal da Mealhada, perdeu as eleições, mas aceitou o desafio de liderar a oposição e manter-se no desempenho da função que o escrutínio eleitoral havia destinado.
A cerca de seis meses das próximas eleições autárquicas, e sendo já público de que não será candidato a nenhum órgão autárquico, o Jornal da Mealhada falou com Rui Marqueiro sobre o legado, mas, acima de tudo, sobre a avaliação do estado do concelho, do país e do mundo.
O que é que levou à política?
A minha ingressão na vida política foi um acaso. Eu não nasci no concelho da Mealhada. Vivi cá com os meus avós entre os seis e os quinze, fui para o Porto para estudar, trabalhei em Guimarães e voltei aos 26 anos, em 1978. Os meus avós estavam idosos e decidi vir para cá, ficar e acabei por casar aqui.
Acontece que o meu sogro, Augusto Andrade, era um socialista de primeira linha e um dia convidou-me a participar numa reunião com gente do Partido Socialista, em Casal Comba. O partido reunia num armazém do senhor Augusto Mamede.
Estávamos muito próximos das eleições autárquicas. Muito próximos mesmo e estavam a discutir candidatos.
Estávamos em 1979?
Exatamente. Acabaram por me convidar para integrar a lista da Assembleia Municipal e eu aceitei. Fui em oitavo lugar. Eu não percebia nada de autarquias, nunca tinha tido contacto com nada. Mas fui.
Nessas eleições a AD ganhou a Câmara, o PS ficou em segundo lugar com o mesmo número de vereadores e foi eleito ainda um vereador da APU. Na Assembleia Municipal o resultado foi idêntico e era possível eleger uma mesa da Assembleia Municipal com a maioria se o PS e a APU se entendessem. Esse acordo fez-se. E o PS entendeu que eu havia de ser o candidato a Presidente da Assembleia Municipal, apesar das minhas reticências. Fui eleito e voltei a ser em mandatos seguintes. Começou assim.
Mais tarde, dez anos depois, o desafio seria a Câmara Municipal.
Em 1989 toda a gente pensava que o PS, que estava na oposição, perderia as eleições. Que quem ganharia seria o PSD. Depois de um processo muito discutido, eu fui o cabeça de lista à Câmara Municipal e o PS acabou por ganhar. E a partir fui presidente da Câmara Municipal por quase 10 anos.
Nessa altura, em 1999, foi eleito Deputado na Assembleia da Republica.
Coisa que não gostei nada.
Não?
Não. Nem um bocadinho.
Considera que existe muita diferença entre a política local e a política nacional?
Sim há uma diferença decisiva.
Leia a entervista na totalidade no jornal impresso.