Padre Rodolfo Leite: “o Papa Francisco fez germinar a flor da esperança”

O Papa Francisco faleceu na manhã desta segunda-feira, conforme informou oficialmente o Vaticano. Apesar da sua fragilidade, ontem, domingo, ainda participou das celebrações pascais, concedendo a tradicional bênção "Urbi et Orbi" na varanda da Basílica de São Pedro e percorrendo a Praça no papamóvel, junto aos fiéis.

"A sua morte resume aquilo que foi toda a sua vida, pois faleceu no dia da ressureição, na oitava de Páscoa. Ontem, na bênção pascal, colocou o dedo nas feridas, denunciando atrocidades, mas deixando sempre um rasgo de esperança. Ele mostrou que é possível superar tudo o que é indigno do ser humano — guerras, a cultura do descarte, a economia que mata", declarou o padre Rodolfo Leite, pároco da Unidade Pastoral da Mealhada.

Para o pároco, o Papa Francisco despediu-se da multidão de maneira silenciosa e simbólica. "Deixou-nos uma mensagem clara: o Papa, os padres, os cristãos — seja quem for — não estão aqui para se sentar em tronos, mas para estar no meio do povo e viver o Evangelho."

Mesmo na fragilidade, o Papa Francisco demonstrou que a força que vem de Deus supera todas as limitações humanas. “Com coragem e ternura, enfrentou os grandes do mundo, dizendo o que precisava ser dito, sem medo. Mostrou que o mal que as pessoas fazem não define quem elas são, e que todos têm a possibilidade de se transformar pela ação de Deus”, lembrou Rodolfo Leite.

Foi um Papa grandioso por falar de Deus de forma acolhedora, amorosa, com palavras que incluíam todos — "todos, todos, todos", como disse na cerimónia de acolhimento das Jornadas Mundiais da Juventude, em Lisboa. A sua visão de Igreja era a de uma casa que acolhe, cura e transforma, sobretudo os que mais sofrem.

Francisco também deixou clara a urgência de uma Igreja que saiba mudar com os tempos, que entenda a realidade e ponha, antes de tudo, a dignidade da pessoa humana no centro da fé. “Só construindo a pessoa se constrói o cristão”, afirmou o padre Rodolfo, ecoando a mensagem do Papa.

Num tempo em que muitos viam a Igreja a mergulhar em decadência, o “Papa Francisco fez germinar a flor da esperança”, disse o pároco da Unidade Pastoral da Mealhada. Em França, país marcado pela crescente descristianização, o impacto dessa esperança é visível: cerca de 10 mil adultos entre os 25 e os 40 anos foram batizados, um sinal da vitalidade renovada que ele tanto sonhou. “Francisco pediu aos bispos que não desistissem — e eles não desistiram", terminou o pároco.