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Sobre a democracia e os seus inimigos


tags: Gil Lourenço Ferreira Categorias: Região sexta, 09 maio 2025

Vivemos tempos perigosos. Tempos em que se banaliza, com uma leviandade inquietante, o discurso contra os partidos políticos e contra o próprio ato de ir a votos. Para muitos, tornou-se quase um símbolo de modernidade dizer que "são todos iguais", que "a política não interessa" ou que "as eleições são só para inglês ver". Desengane-se quem acha que esta crítica superficial é apenas um desabafo inofensivo. O que está em marcha é uma erosão lenta e silenciosa daquilo que sustenta qualquer sociedade democrática: a confiança na participação cívica e nas instituições políticas.

Cas Mudde, no seu livro O Regresso da Ultradireita, lembra-nos que a política é o único método pacífico de reconciliação de interesses numa sociedade plural. A alternativa, como a História já mostrou vezes demais, é a imposição pela força, o silenciamento da diversidade e a supressão das liberdades fundamentais. Retirar legitimidade à política - seja atacando os partidos, seja desvalorizando o voto - é abrir caminho à degradação democrática. Ou, no mínimo, fomentar uma indiferença onde prosperam a opacidade e a concentração de poder sem escrutínio.

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