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Cara de Pau


tags: Opinião, Mauro Tomaz Categorias: Opinião quarta, 06 fevereiro 2019

Tondela foi recentemente assunto. Em causa estão as já famigeradas despesas de deslocação, que se tornaram numa importantíssima fonte de rendimento indevido para o estereótipo do autarca desonesto, versão século XXI. Depressa o PS de Tondela reagiu às ondas levantadas pela notícia, sublinhando que o partido “não alinha em julgamentos em praça pública e defende, afincadamente, que qualquer cidadão é inocente até que as instituições competentes provem o contrário”. Tudo bem. Há coisas que são clarinhas como a água, toda a gente vê. São evidências. Há outras que são um bocadinho menos claras, mas que também toda a gente vê na mesma. Aqui temos as primeiras e as segundas. Política e Justiça. Justiça e Política. Quando uma é desenhada pela outra, que depois por sua vez regula a primeira... está tudo dito. Só os anjinhos ou os coniventes é que podem acreditar na inocência desta gente. Entretanto, foi também noticiado que o Presidente da Câmara de Tondela devolveu parte das verbas indevidamente recebidas. A assumpção de um delito que fala por si mesmo. Que cada um tire as suas próprias conclusões.

Em Mortágua, nunca tivemos qualquer tipo de reacção do PS à autêntica escandaleira dos ex-autarcas do Planalto Beirão. Também não é preciso ser muito inteligente para perceber porquê, com o antigo Presidente da Câmara e o actual Presidente da Concelhia directamente envolvidos. Este é um problema sério dos grandes partidos... reservarem-se a comentar e, mais importante ainda, de agir em conformidade para expulsar militantes com este tipo de nebulosidades várias. Por exemplo, porque é que os pacotes de medidas contra o enriquecimento ilícito e a favor das leis de incompatibilidades não são aprovados pelos principais partidos de forma sistemática? Reprovavam-se comportamentos censuráveis e ao mesmo tempo dissuadiam-se réplicas desses mesmos comportamentos no futuro. Mas não. Internamente, nos grandes partidos, o silêncio e a conivência são premiados. Basta olhar à nossa volta, aqui onde estamos. É contra isto que me insurjo e continuarei a insurgir da forma mais determinada. Está no meu ADN, com antepassados de reconhecida resistência e intervenção. A transparência pratica-se todos os dias, não se apregoa. A honestidade também não. É precisamente por isto que a classe política tem a reputação que se sabe, hoje em dia, com a esmagadora maioria das pessoas a dizer que “é tudo farinha do mesmo saco”. Sei bem que não é, mas lá que parece, parece. Uma árvore não faz a floresta, mas uma série delas parece-nos logo uma. Os militantes não defendem os partidos quando se calam, como muitos querem fazer crer. Defendem-nos quando denunciam o que lhes parece ser notório que está mal. E depois, lá está.... há coisas que são clarinhas como a água, toda a gente vê. São evidências. Há outras que são um bocadinho menos claras, mas que também toda a gente vê na mesma. Que cada um tire as suas próprias conclusões.

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Lamento pelos nossos vizinhos de Tondela, aqui em Mortágua também sabemos bem o que isso é. Pelos vistos, o (criminoso) exemplo dos ex-autarcas da região não foi uma lição para os actuais. Pelo menos, não demoveu aproveitamentos semelhantes, com mais esta machadada na credibilidade da classe. Protagonistas que são eleitos pela confiança do Povo, para por eles ser representado, e depois lhe espetam uma faca nas costas. Neste caso, tal como no outro, não preciso de aguardar por condenações que provavelmente nem nunca surgirão para poder tirar as minhas próprias conclusões. Um mais um é igual a dois. Não é preciso ser um iluminado para perceber isso. Havendo seriedade e dois dedos de testa, as evidências são mais do que suficientes para podermos e devermos, a nível individual, fazer o nosso próprio julgamento a estes comportamentos criminosos. Como não abominar? Ainda se passeia esta gente na rua de peito feito, armados em exemplo para todos os outros. Pouca vergonha? Não, vergonha nenhuma! É “cara de pau”, mesmo.