“Nunca pensei que a minha vida passaria pela música ou, pelo menos, apenas pela música”
Aurea Isabel Ramos de Sousa ou tão-somente Aurea, este é nome da cantora a quem o Cineteatro Municipal Messias abrirá portas no próximo dia 9 de fevereiro. O concerto há muito tinha sido anunciado e cedo esgotou. Aurea será dona e senhora do palco da sala de espetáculos da Mealhada a partir das 21h30 e promete “um conceito muito diferente dos concertos de Verão, ao ar livre”, mas antes de atuar concedeu uma entrevista ao Jornal da Mealhada para falar do concerto, da participação enquanto jurada no programa de talentos da RTP1, “The Voice Portugal”, das escolhas que fez ao longo da vida e de como se autodefine…
Jornal da Mealhada - Partindo do nome do seu mais recente álbum, “Confessions”. Como é que se define como mulher e profissional?
Aurea - Confiante, romântica, livre, curiosa e sempre à procura de uma paz interior que cada vez está mais próxima.
JM - Estudou Linguística, queria ser psicóloga, desejava estudar Medicina, mas acabou por terminar a sua formação em teatro. Saber que rumo seguir foi o período de maior indecisão na sua vida?
A - Creio que o maior período de indecisão aconteceu no Secundário. Foi um acumular de vários fatores e momentos de escolhas, que nem sempre eram fáceis em função da minha personalidade. No entanto, todas as decisões passavam por caminhos que se envolviam numa forte componente de interação social.
JM - Os caminhos que foi trilhando levaram-na até Évora, para estudar teatro. Aí encontrou Rui Ribeiro, o “olheiro” da sua qualidade vocal. Recorda-se da reação que teve quando ele lhe disse que a sua vida passava pela música?
A - Nunca pensei que a minha vida passaria pela música, ou pelo menos apenas pela música. Aconteceu tão depressa e com alguma surpresa… Quando percebi realmente que poderia acontecer, aí sim, acho que fiquei surpresa e muito entusiasmada.
JM - “Okay Alright” é um tema da sua autoria e com o qual se estreou no mundo da música. Considera que a integração do tema na série juvenil “Morangos com Açúcar”, transmitida pela TVI com enorme popularidade à altura, foi a rampa de sucesso?
A - Acredito que foi uma das rampas de lançamento, muito importante. A verdade é que ainda hoje essa é uma das músicas mais pedidas e acarinhadas pelo público em geral.
JM - Lançou o primeiro álbum em 2010 e no ano seguinte conquistou o Globo de Ouro – Melhor Intérprete Individual e o MTV Europe Music Awards, na categoria “Best Portuguese Act”. Além do reconhecimento do seu trabalho, que importância tiveram estes prémios?
A - Foram muito importantes e de relevo. Era o início da minha carreira e o reconhecimento era fundamental e motivador. Além disso, ajudaram a levar a minha música a mais pessoas e a outros lugares fora do nosso país.
JM - Entre o lançamento de “Soul Notes” e o “Restart” passaram 4 anos. O que é que motivou a necessidade de parar um pouco para depois recomeçar?
A - Foi a necessidade de reservar tempo para a introspeção e reflexão, necessário para organizar a minha vida pessoal e profissional. Foi necessário e isso prova-se nos dias de hoje.
JM - É no álbum “Restart” que se estreia como compositora. Existe alguma faceta artística que ainda esteja por revelar?
A - Existem várias facetas ainda por revelar! (Sorriso) Gosto de me superar e de surpreender. Vamos ver o que o futuro próximo me reserva...
JM - Mentora do programa de talentos da RTP1, “The Voice Portugal”, desde 2015, pode dizer-se que este é um dos projetos da sua vida?
A - Adoro ser parte do “The Voice” e em particular da equipa do programa. Sinto-me muito bem a ajudar outros que têm o sonho de vingar na música. Adoro o nervosismo das Galas e todo o ambiente de bastidores. Sinto-me em casa!
JM - Acompanhar a evolução dos concorrentes do programa da RTP1 é reviver o percurso que fez na música?
A - É sentir muitas das emoções que vivi quando estava a começar e acreditar que posso ajudar sempre que isso é possível. Orgulho-me muito de vários concorrentes que passaram pelo “The Voice”.
JM - No seu último álbum, apresentado em maio de 2018, apresenta as confissões que lhe foram fazendo ao longo da sua vida. Qual das músicas representa aquela que mais a marcou?
A - Não seria justo eleger apenas uma música/confissão, todas me marcaram de forma especial e específica, por isso estão neste disco e continuam a ser segredos não revelados.
JM - Em confidência ao Jornal da Mealhada, pode, então, revelar-nos o que tem preparado para o concerto na Mealhada, no dia 9 de fevereiro?
A - Só posso prometer um concerto muito diferente dos concertos de Verão, ao ar livre. Vou garantir um conceito diferente, onde apresento o último disco e revisito as músicas mais antigas, com arranjos diferentes. Eu gosto muito deste conceito e sinto-me muito bem a cantar em auditórios, mais próxima do público, num ambiente mais intimista.
Créditos Fotográficos: Celso Colaço