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Um bafo de leão ao anoitecer


tags: Opinião, Virgílio Breda Categorias: Opinião quarta, 20 fevereiro 2019

Há meses, uns fazendeiros residentes nas chamadas terras do fim do mundo, em Angola, a sul e este da Vila Artur Paiva, prometeram-nos, a mim e ao enfermeiro Jorge, que nos proporcionariam assistir a uma caçada aos elefantes. Na altura, estava a prestar serviço na Vila que era lá perto.

Num domingo, apareceram a dizer que andavam lá os elefantes e que nos vinham buscar. Lá fomos. Ainda demorámos umas horas a chegar lá, depois passámos por casa deles para tomar um aperitivo e carregar tudo o necessário de mantimentos, incluindo bifes para grelhar, doces, fruta, vinho, etc.

Chegados ao local dos presumíveis elefantes, os nossos anfitriões fizeram uma fogueira para afastar os animais ferozes e ao lado, com as brasas, foram assando as febras que ficaram deliciosas, comidas ali, e que davam um cheirinho capaz de afugentar a caça a quilómetros de distância.

Como já era tarde perguntei: então, e a caça?

Até tinha levado comigo uma 30-06 (carabina), na esperança de encontrar caça grossa; viemos com esse engodo. Bem comidos e bebidos; era quase noite; ainda foram mostrar-nos o sítio onde tinham visto os elefantes pela última vez. Vimos só pegadas, umas enormes e outras pequenas, recente de uma manada que passou.

Começou a anoitecer; lá anoitece de repente, e os nossos anfitriões, que nem espingarda levavam, porque a ideia deles sempre foi oferecerem-nos um grande picnic em ambiente especial e que, segundo me constou, era costume ofereceram ao Médico que vinha de novo para a Vila e que era único nas redondezas.

À medida que escurecia, começaram a lembrar-se que tínhamos de regressar aos carros, porque àquela hora os leões podiam atacar e a certa altura disseram mesmo que já notavam cheiro a leão. Então, foi um instantinho a chegar aos carros e só lá nos sentimos confortáveis.

Não vimos um só coelho, mas a caçada valeu pela boa merenda e as estórias de caça que nos contaram lá.