A candidatura da Mata Nacional do Bussaco a Património Mundial da UNESCO foi apresentada no passado dia 16 de março no stand do Turismo do Centro na Bolsa de Turismo de Lisboa. O ‘Deserto dos Carmelitas Descalços e Conjunto Edificado do Palace do Bussaco’ é o que vai distinguir o património do concelho da Mealhada.
Meio milhão de visitantes/ano até três anos após a classificação do Bussaco como Património Mundial da UNESCO é a meta que a Fundação Mata do Bussaco e a Câmara Municipal da Mealhada consideram perfeitamente alcançável caso a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura aprove a candidatura que foi publicamente apresentada, na BTL, e que será submetida a apreciação superior no prazo máximo de um ano.
Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro, aquando da apresentação afirmou que querem continuar o trabalho como estratégia articulada e a evolução que tem sido conquistada com a valorização dos produtos endógenos. “As organizações de turismo regionais não se substituem às autarquias, o que procuramos é associar o capital, o conhecimento e a experiência que temos, partilhá-la com os outros agentes e trabalhar em conjunto”, afirmou.
Para além do prestígio e da justiça da classificação UNESCO, o presidente da Fundação Mata do Bussaco, António Gravato, falou em números: “em 2016, mais de 250 mil pessoas, provenientes de 55 países, visitaram a Mata Nacional do Bussaco, o que representou um aumento de entradas na ordem dos 9% face a 2015. Acreditamos que, com o selo de Património Mundial e a avaliar pelos exemplos de Coimbra, Sintra, Porto, Alto Douro Vinhateiro, e Guimarães, iremos registar um aumento de procura, num horizonte de dez anos, de 300%”.
António Gravato lembra que “o Bussaco é uma paisagem construída pelo Homem, não só pela importação e plantação de espécies arbóreas e arbustivas indígenas e exóticas, como também pela construção de elementos arquitetónicos de diferentes períodos da História portuguesa, configurando a Mata numa simbiose perfeita do trinómio Homem-Natureza-Cultura”.
“Após a classificação da UNESCO, acreditamos que, no prazo de dez anos, iremos passar das atuais mil camas para 1500, e das atuais 80 mil dormidas anuais para 160 mil, o que contribuirá para um aumento importante na percentagem de dormidas registadas na região Centro”, afirma o presidente da Fundação.
“O ‘Deserto dos Carmelitas Descalços e Conjunto Edificado do Palace do Bussaco’ congregam um património de incomensurável valor cultural, histórico, patrimonial, religioso, militar e natural. Há aqui uma riqueza fabulosa e única, no seu género, em todo o Mundo. Ora, tendo a UNESCO inventado, em 1972, a noção de Património Mundial para proteger os sítios de valor universal excecional, com os excelentes resultados publicamente conhecidos, consideramos que é de elementar justiça que o Bussaco mereça esta distinção”, considera Rui Marqueiro, presidente da Câmara Municipal da Mealhada.
xa0“Acreditamos que, para além do prestígio da distinção e da justiça do reconhecimento por parte da UNESCO, a classificação do Bussaco trará vantagens demográficas (aumento do número de fluxos migratórios, maior mobilidade e envolvimento das comunidades locais - Luso-Bussaco-Mealhada - em operações integradas e geração de valor identitário das populações à volta da Mata Nacional do Bussaco”, afirma Rui Marqueiro.
O autarca fala também em vantagens ambientais: “aumento da capacidade de preservação, conservação e proteção dos recursos florísticos; reforço das iniciativas de investigação na proteção da Mata Nacional do Bussaco; capacidade de prevenção na gestão de recursos hídricos inerentes ao microclima; potenciação de consciencialização ambiental das comunidades locais e visitantes”.
O presidente da Câmara da Mealhada salienta ainda as vantagens socioeconómicas decorrentes do selo UNESCO: “aumento da capacidade de atração do território envolvente à Mata (Luso, Mealhada, Aveiro e Coimbra); geração de riqueza no consumo de serviços e produtos locais e regionais; capitalização dos jovens com formação académica e profissional especializada; fixação de novos residentes na região, decorrente da criação de negócios”.
Por último, Rui Marqueiro sublinha as vantagens turísticas: “geração de emprego decorrente do aumento da procura em serviços de apoio ao turista; reforço do posicionamento do Centro de Portugal no Património Mundial da UNESCO; aumento da capacidade de criação de negócios do cluster turístico e de visitação (alojamento, restauração, animação e accomodities/ facilities)”.
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Mais de 250 mil pessoas visitaram Bussaco em 2016
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Segundo os dados da Fundação Mata do Bussaco (FMB), a esmagadora maioria das 250.328 pessoas que entraram no perímetro murado da serra, entre 01 de janeiro e 31 de dezembro de 2016, fizeram-no de automóvel. Ao todo, o ano passado, entraram 32.943 veículos ligeiros na Mata, ou seja, mais 1.400 do que em 2015, ano em que entraram no Bussaco 230.486 pessoas.
Portugal continua a ser o país que mais visitantes atrai à Mata Nacional do Bussaco, seguido de França, Espanha, Alemanha, Israel, Holanda, Brasil, Estados Unidos da América, Inglaterra e Bélgica.
Embora em muito menor número, o certo é que em 2016 o Bussaco foi igualmente visitado por turistas de países, na opinião da FMB, “completamente inesperados”, de que são exemplo Albânia, Arábia Saudita, Bósnia, Eslovénia, Índia, Indonésia, Islândia, Letónia, Líbano, Ucrânia e Tailândia.
“O último ano tem sido absolutamente excecional, com muitos indicadores positivos. Temos vindo a registar um crescendo de procura por parte do público nacional e sobretudo internacional, um aumento significativo de visibilidade e notoriedade. Estamos no bom caminho. Sentimos que conseguimos fazer justiça ao Bussaco, colocando-o no ‘mapa’”, afirma António Gravato, presidente da FMB.
Recorde-se que o “Deserto dos Carmelitas Descalços e Conjunto Edificado do Palace do Bussaco” fazem parte da lista indicativa de locais com pretensões ao reconhecimento de Património Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). No passado dia 16, a FMB e a Câmara Municipal da Mealhada apresentaram publicamente, na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), o projeto de candidatura do Bussaco à UNESCO, que é coordenado por uma empresa especializada, paga com fundos europeus, através do consórcio regional da Estratégia de Eficiência Coletiva Provere iNature - Turismo Sustentável em Áreas Classificadas.
Rui Marqueiro, presidente do Município da Mealhada - a instituição que mais apoio tem vindo a oferecer ao Bussaco -, considera que “é de elementar justiça que se olhe para este património histórico, cultural, religioso e militar com outros olhos e se empreste outra atenção a uma floresta que tem uma fauna e flora riquíssimas e guarda mais de uma centena de edifícios relevantes (a única via-sacra no Mundo à escala de Jerusalém, por exemplo”.
Na opinião do autarca, “é completamente injusto que este espaço fabuloso ainda não tenha sido declarado Monumento Nacional, o que abriria desde logo novos horizontes na captação de fundos para requalificar o património edificado e manter a vasta zona florestal”.
O diploma que eleva a Mata a Monumento Nacional ficou pronto ainda durante a passagem de João Soares pela Cultura e aguarda homologação em Conselho de Ministros.
Com 105 hectares, a Mata Nacional do Bussaco foi plantada pela Ordem dos Carmelitas Descalços no século XVII, encontrando-se delimitada pelos muros erguidos pela ordem para limitar o acesso.
Atualmente classificado como Imóvel de Interesse Público, o conjunto monumental do Bussaco apresenta um núcleo central formado pelo Palace Hotel do Bussaco (instalado desde 1917 num pavilhão de caça dos últimos reis de Portugal) e pelo Convento de Santa Cruz, a que se juntam as ermidas de habitação, as capelas de devoção e os Passos que compõem a Via-Sacra, a Cerca com as Portas, o Museu Militar e o monumento comemorativo da Batalha do Bussaco.
Os cruzeiros, as fontes (com destaque para a Fonte Fria com a sua monumental escadaria) e as cisternas, os miradouros e as casas florestais, compõem o vasto conjunto do património.