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tags: Braga da Cruz, Jornais, Nacionais Categorias: Opinião sexta, 03 maio 2019

“…A endogamia no Governo ou o amiguismo nas autarquias ou universidades é grave, em primeiro lugar porque cria em todos os que não fazem parte desse círculo de privilégios a sensação de que Portugal é ainda um país de ordens rígidas. Não faz sentido a uma pessoa competente acreditar que pode aceder a uma direcção-geral, quando se suspeita que os concursos são viciados. Não se estimula o saber levando os jovens a estudar nas melhores universidades do mundo, quando se sabe que de regresso ao país esses jovens terão as suas possibilidades de carreira limitadas – 99% dos docentes do curso de Direito da Universidade de Lisboa doutoraram-se na instituição.

Por muitos concursos públicos que se façam, por muitas instituições como a Cresap que se criem, a velha devoção ao vício da cunha, do amigo ou do parente continua incólume passados todos estes anos.”

Manuel Carvalho – Público

“…O medo do populismo é tão grande que, hoje em dia, qualquer frase, ato ou omissão rapidamente são associados a este bicho-papão. E é, de facto, um bicho-papão, mas nem tudo ou todos aqueles a quem chamamos de populistas o são de facto. Pelo menos, na verdadeira aceção da palavra. Na semana em que celebramos 45 anos de democracia em Portugal, talvez seja importante separarmos o trigo do joio. E percebermos que há políticos com quem podemos concordar mais ou menos e outros que não passam de reles cópias dos principais populistas mundiais, que, num fenómeno de mimetismo - e de muito oportunismo -, procuram ocupar um espaço que acreditam estar vago entre o eleitorado português.”

Anselmo Crespo – Diário de Notícias

“…Perante a pressão de uns e outros e com o governo encostado à parede, uma notícia plantada sobressalta o povo.

O Governo estaria na disposição de pedir a demissão por causa do problema insolúvel dos professores.

O drama, o pânico instalado, o terror como o da Revolução Francesa.

Umas horas depois os espíritos foram sossegados. Era mentira, nunca tinha sido pretendido. Sem saber o que fazer, o Governo fica.

Mas entretanto, como se uma ou duas desgraças não viessem sós, o país encontra-se com a crise advinda das consequências de uma greve inesperada.

Os motoristas fazem fila nas bombas de gasolina, os aeroportos entram em perda, os transportadores arrepelam os cabelos, o gás anuncia a sua falta.

Logo agora, em plena época da Páscoa...

Um Ministro tenta evitar males maiores, recorre à requisição civil, ocupa a televisão, tenta dramatizar também.

Mas a reação geral é manifestamente negativa.

Traz-se à colação a antiguidade do problema, a dilação das diligências necessárias para salvaguardar o funcionamento do país, a incompetência e a imprevisão.

Outro incêndio, portanto.

Outra vez a prevenção, a incapacidade de realizar obra atempada, o país indefeso do Estado incompetente.

O nosso drama.”

Carlos Encarnação – O Sol

“…Domingo de Páscoa – um dia de família. Já terminado o festejo pascal, ligo a televisão e vejo Otelo Saraiva de Carvalho – Óscar – convidado do Governo Sombra, programa emitido pela TSF e TVI24, para falar, pasme-se, sobre o 25 de Abril, a liberdade e democracia. Otelo, esse mesmo, o líder do Copcon, responsável pela emissão de vários mandados de captura em branco e pela criação das Forças Populares 25 de Abril/FP-25A, julgado e condenado no tribunal pelo assassinato de 17 vítimas inocentes.

Meritório, os autores fazerem um programa sobre o 25 de Abril, a democracia e a liberdade. Muito questionável, o facto de terem convidado a personagem que mais atentou contra esses valores: pelo medo e força das armas – Otelo Saraiva de Carvalho.

Otelo não é um herói, como foi apelidado pelo moderador de sorriso cúmplice no semblante. Heróis foram outros, mesmo que anónimos, mesmo que reconhecidos tardiamente. Heróis foram todos os que defenderam a liberdade e a justiça, que lutando contra Otelo Saraiva de Carvalho, seja contra Copcon, mas principalmente contra as FUP/FP25, anularam a força dos seus ideais e o poder das suas armas.”

Manuel Castelo-Branco – Observador