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O bem e o mal


tags: Bem, Mal, Virgílio Brêda Categorias: Opinião sexta, 03 maio 2019

São criação divina, disso parece ninguém duvidar, porque para haver bem tem de haver a comparação que é o mal e assim dar razão à existência duma justiça divina, a premiar o primeiro e a castigar o segundo.

Tudo fácil e compreensível pela Humanidade, sujeita a essa justiça que muitas vezes ignora quando lhe convém, arranjando desculpas e até uma figura rocambolesca a que atribuem a tentação do pecado.

É o diabo, também conhecido por demónio e satanás, que nunca ninguém viu nem vê, porque é fruto da imaginação popular, que o enfeita com um rabo e cornos. Tenta as pessoas com ofertas das mais variadas e não esquece as pessoas mais importantes, mesmo o próprio Vaticano. Foi o próprio papa que o referiu recentemente, “que o diabo andava a rodear o Vaticano”.

Ninguém está livre de ser tentado, em especial no que diz respeito aos 7 pecados capitais, que com algum esforço relembrei: a inveja, a soberba, a avareza, a luxuria, a gula, a preguiça e a ira.

Dos outros, os mandamentos da lei de Deus, convém não esquecer o essencial, que é fazer ao outro aquilo que gostarias que fizessem a ti. E esta regra está muitas vezes esquecida. Vou lembrar um episódio ocorrido numa sala de operações.

O cirurgião, a meio de uma intervenção cirúrgica no IPO em Coimbra, mandou-me chamar por ter sido eu que lhe enviei o paciente para operar de urgência. Fui lá, embora estranhando o pedido.

Disse-lhe terem lá tudo escrito; repeti que tinha enviado o doente por ter uma oclusão do intestino que entendi ter de ser resolvida com urgência, por estar a agravar o estado de saúde do doente, que já era precário, e depois ou até durante a laparotomia (abertura da cavidade abdominal), que teria de ser feita para resolver a oclusão, talvez fosse possível determinar a causa. Acrescentei: o melhor é você imaginar que está no lugar do paciente e a ser operado por si e tudo ocorrerá pelo melhor.

Passados meses, durante um congresso de oncologia no Porto, assisti a esse mesmo cirurgião de Coimbra se dirigir a um colega dele do Porto nos mesmos termos, perante dúvidas ocorridas numa intervenção. Disse-lhe: “o melhor é o colega imaginar que está no lugar do paciente e a ser operado por si”.

É estranho que pessoas com um curso superior em Medicina não saibam de cor e salteado a Lei de Deus resumida: faz aos outros aquilo que gostarias que fizessem a ti.