Diretor: 
João Pega
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Diária

Crónicas Locais - 265 - A Cidade e a Serra


Categorias: Opinião sexta, 03 maio 2019

Depois de um ano de aturados estudos e projetos levados a efeito pela Universidade de Coimbra sobre as barreiras e taludes da Quinta do Alberto no Luso, surgiram, finalmente, há semanas a esta parte, os técnicos e trabalhadores que se presume que irão fazer os trabalhos. Esta segunda espera alonga-se igualmente pela preparação do terreno e das máquinas bem como pelo interregno Pascal que interrompeu os preparativos. Se bem que os 140 mil euros orçamentados, 28 mil contos antigos, não prenunciem nem grandes nem dignos trabalhos para aquele centro das termas, esta obra é o grande investimento que a câmara faz na terra em quase oito anos de mandato, além da retrete publica na porta do lago no mandato anterior. Oito anos para fazer uma retrete e retirar umas barreiras que se limpavam numa manhã, é muito pouco. É ridículo. É brincar com uma população inteira, é gozar com uma atividade turística que é essencial para essa população.

Roubar a marca Luso-Bussaco e transformando-a em Mealhada-Bussaco é um ultraje tão grande como o roubo que perpetraram sobre a fonte em 1955 pela mão do facho Lousada. Um roubo à dimensão das pequenas cabeças de quem o faz, na capital que se julga uma metrópole, o sapateiro que vai além da chinela. As pessoas medem-se pela sua honestidade, dignidade e bom senso, pelo respeito ao cidadão, neste caso ao eleitor. Politicamente, esta Câmara não possui essas qualificações, falta-lhe sentido de Estado, respeito pela cidadania e pelo povo que governa, um governar pindérico a que nos habituou.

Além de não ter dinheiro, como parece, a edilidade parou a recuperação do próprio Lago que deixou ruir, parou há meses e o Verão avançado pelo chefe político para a reabertura do parque não será o de 2019 e o de 2020 se verá. Vence a mentira. O mesmo acontece com o saneamento na zona sul da fonte das onze bicas. Já tem um estudo, não se sabe de que universidade, indicando as fragilidades dos coletores, ramais e ligações, coisa que, infetando o tanque da fonte onde bebem e se abastecem mensalmente milhares de pessoas, não é obra prioritária. No entanto as análises oficiais da delegação de saúde continuam a mostrar a sua condição de imprópria.

Sabemos que o dinheiro que as águas desta terra pagam todos os anos à Câmara de mão beijada não são gastas na freguesia, nem sabemos sequer quanto é a quantia recebida, nem onde é aplicada e sabemos que não vão recuperar o cinema, mas fazer, sim, um salão para bailes, banquetes e casamentos. A Câmara deve estar a confundir as Termas com alguma estrebaria, deviam abrir os olhos e respeitar a terra com mais potencialidades do território e investir na área do turismo, pois todo o território viria a beneficiar desse investimento. E o turismo é aqui, nesta freguesia, aqui nasceu, existe e existirá, ninguém o levará com rodas para o tráfico citadino, nem para a Antes, nem Barcouço. Espalhem por aí postos de turismo como o da grande cidade e verão o vosso êxito!

Quanto ao cinema, se não o pretendem recuperar na sua traça e funções porque não têm capacidade nem respeito pela sua história e gentes, deixem ficar como está, dando a oportunidade a que alguém um dia o queira recuperar. Porque acredito que haja gente capaz neste concelho, gente séria, inovadora, capacitada, com amor ao território que o possa fazer, já que a edilidade presente de habilidade só para festas e traficância política, de obras não se vê nada, melhoria de vida, muito menos, industrias e emprego zero. Dedicam-se a destruir a Mata Nacional com o dinheiro dos munícipes e publicitar em jornais o mofo da governação apodrecida.

E sendo eu da freguesia, natural e residente, pergunto-me a mim próprio porque havendo eleitos do Luso para representar e defender os interesses desta terra se remetem ao silêncio nos locais, onde, como eleitos, o deveriam fazer. Que interesses e traficâncias estão em jogo, é a pergunta que fica. Não acredito que se vendam por uma senha de presença!

 

Luso, 4, 2019