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Comprar casa no distrito de Aveiro requer poupança de 6 anos e crédito de 40


quarta, 15 maio 2019

A análise foi feita pela plataforma ComparaJá.pt tendo por base os rendimentos e o preço do m2 médios, em cada um dos 19 municípios pertencentes ao distrito de Aveiro. Sustentados em valores de crédito à habitação indicativos - nomeadamente em 80% de financiamento em relação ao valor da aquisição, com uma TAEG (Taxa Anual Efetiva Global) de 2,9% -, no valor médio dos rendimentos mensais inscrito na PORDATA (base de dados sobre Portugal, nas mais diversas áreas), ao qual foi somada a taxa de evolução média do salário líquido em Portugal, conforme os dados do Instituto Nacional de Estatística de 2016 a 2018, e no preço por m2 por município – baseado na média ponderada dos dados avançados na Casa SAPO, Idealista e Imovirtual, três portais imobiliários online, relativos aos últimos 12 meses para imóveis de tipologia T2 e T3 (Novos, Remodelados e Usados em bom estado de conservação), publicados quer por particulares, quer por profissionais – o estudo revelou que, em média, no distrito de Aveiro, são precisos seis anos de poupança para a entrada inicial e 40 de crédito para comprar uma habitação.

Tendo como referencial uma casa com 100 m2, a plataforma ComparaJá.pt apurou, com base no valor do m2 nos 19 municípios que, em média, os habitantes do distrito de Aveiro podem adquirir “uma casa com 158 m2, solicitando um crédito a 40 anos e poupando durante seis anos para a entrada inicial (equivalente a 20% do valor do imóvel)”, asseguram.

Com base num crédito à habitação de 40 anos, a referida plataforma virtual avança ainda que, atendendo também ao número máximo de m2 que a casa poderá ter de acordo com os rendimentos de cada família nos diferentes municípios, um imóvel a adquirir em Anadia “teria 215 m2 enquanto em ílhavo teria apenas 103 m2 e em Espinho apenas 91 m2”.

“Optar por viver e trabalhar num município contíguo pode significar menos vários anos de trabalho para adquirir uma habitação de maiores dimensões”, José Figueiredo, CEO da ComparaJá.pt

O estudo apresentado revela, com base numa pequena amostra, as “assimetrias que se fazem sentir atualmente em várias regiões no nosso país, neste momento”, tal como afirma José Figueiredo, CEO do ComparaJá.pt, que considera que “optar por viver e trabalhar num município contíguo pode significar menos vários anos de trabalho para adquirir uma habitação de maiores dimensões”.

Em números concretos, a ComparaJá.pt, refere que comprar uma casa em Anadia, com uma dimensão de 100 m2, poderá demorar 16 anos, na Mealhada 20, em Aveiro 35 e em Ílhavo e Espinho a aquisição de um imóvel com estas características ultrapassa o prazo limite de 40 anos no crédito à habitação.

Feitas as contas, a análise feita pela plataforma virtual garante que “em Anadia, derivado de um preço por m2 muito competitivo (656 euros), a compra da casa é mais acessível: em apenas 16 anos é possível concretizar o objetivo de ter habitação própria”, referem.

Em posição intermédia encontra-se o município da Mealhada, que cobra por m2 cobra o valor de 819 euros, sendo necessários cerca de 20 anos para adquirir um imóvel de 100 m2.

Noutro polo encontra-se o município de Ílhavo, “onde devido ao elevado preço dos imóveis (preço por m2 – 1.143 euros), comprar uma casa com 100 m2 demora quase 44 anos, praticamente mais três décadas do que no município de Anadia”, avançam.

O município de Espinho apresenta um cenário ainda mais gravoso do que o de Ílhavo, “atendendo à disparidade entre o custo das casas e os salários (salário líquido mensal – 619 euros, valor de um imóvel com 100 m2 – 161.275 euros), uma família média terá que optar por uma habitação de apenas 91 m2 de forma a não ultrapassar o prazo limite de 40 anos no crédito habitação”, concluem.

Anadia é o município mais competitivo para comprar casa

José Figueiredo alerta: “à semelhança do que devem fazer relativamente às opções de financiamento - comparando propostas de crédito à habitação de todo o mercado e não apenas do seu banco -, antes de tomar qualquer decisão, os consumidores têm de se informar em detalhe sobre as localizações mais competitivas para comprar casa, complementando as propostas apresentadas pelas agências imobiliárias com pesquisas nos vários portais online dedicados a este setor”.

Na opinião do CEO da ComparaJá.pt, evitar dispor de uma grande parte dos rendimentos mensais para o pagamento de uma casa durante mais de uma década ou ainda mais, depende da escolha “da zona mais competitiva em termos de preço por m2” assim como de uma “boa negociação das condições do seu empréstimo”.

Relativamente às condições do crédito habitação, José Figueiredo chama a atenção, também, para a necessidade de os compradores fazerem “o cálculo da sua taxa de esforço específica pois, seja através do prazo ou do valor, é possível ajustar o pedido de crédito à habitação por forma a não se pressionar a taxa de esforço acima do recomendável e, consequentemente, evitar-se o sobreendividamento”.

Aquilo a que o responsável máximo pela referida plataforma online chama de taxa de esforço, segundo explica, “corresponde à percentagem do rendimento familiar destinada ao pagamento das prestações dos créditos, sendo calculada de acordo com a fórmula: (Encargos financeiros mensais / Rendimento) x 100. Idealmente, esta taxa não deverá ser superior a 33%, ou seja, um terço do rendimento total do agregado familiar”.

“Uma taxa de esforço elevada significa que grande parte dos rendimentos das famílias se destina a pagar as prestações dos empréstimos bancários”, José Figueiredo

“Uma taxa de esforço elevada significa que grande parte dos rendimentos das famílias se destina a pagar as prestações dos empréstimos bancários”, concretiza José Figueiredo, que alerta também para o facto de “estes encargos constituírem despesas que, uma vez assumidas, dificilmente podem ser modificadas”. O mesmo especialista faz igualmente menção ao “caso dos empréstimos com taxa de juro variável”, nos quais poderá haver “um aumento das taxas de Euribor (taxa de juros média dos empréstimos interbancários sem garantia da zona euro), o que irá pressionar a taxa de esforço”.

O CEO da ComparaJá.pt deixa ainda uma sugestão para reduzir o risco de sobreendividamento, nos casos em que os empréstimos se encontram próximos do limite da taxa de esforço: “o alargamento do prazo por 5 ou 10 anos do crédito habitação poderá reduzir significativamente o risco de sobreendividamento, facilitando até a aprovação e obtenção de melhores condições junto das instituições de crédito”.

Para além dos argumentos, já descritos, a ter em conta na hora de comprar casa, José Figueiredo defende que os consumidores do crédito habitação devem “procurar simular condições ajustadas ao seu caso específico, de acordo com o seu perfil e necessidades”, conclui.