A SEGUNDA VIDA DO GATO SOCRATES
Quando contei a segunda aventura do gato Sócrates nestas minhas croniquetas de escárnio e maldizer, os leitores lembrar-se-ão que presumi […]
Quando contei a segunda aventura do gato Sócrates nestas minhas croniquetas de escárnio e maldizer, os leitores lembrar-se-ão que presumi tirar-lhes em definitivo a veleidade dum retorno ao seu país. Metáfora, pois é certo e sabido que questões do foro íntimo e de carácter pessoal nunca poderão dar-se como facto consumado, mas a verdade é que o gato não voltou nem de visita. Ao invés do pândego ministro que contraiu empréstimos para vida luxuosa e flauteada em Paris, o pobre do gato tem andado de terra em terra a trabalhar como doido a amealhar umas coroas para pagar a quem deve. Tem uma noção contrária de justiça e honradez, seja uma ética empírica no ADN, seja propriamente adquirida e faz questão de retribuir em dobrado aquilo que lhe é oferecido em prol do que faz na vida. Paga com o que pode. Lambidelas, turras, ratos e aquece os pés dos amos pelos rigores do inverno. Para o ministro porém, o dinheiro bem pode esperar e o que se pede, nem se paga. Caloteiro? Nem por isso. Pedem-se uns patacos e zarpa-se para a cidade luz. Que bela urbe de folgada vida!
Ferraz da Silva
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Texto de opinião completo na edição impressa de 20 de março de 2013.
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Autor: Jornal da Mealhada
