Câmara abraça luta pela permanência da locomotiva na Pampilhosa e cede terreno para a expor
Resultou frutífera a luta dos pampilhosenses pela manutenção da locomotiva BA 61 na Pampilhosa. A Câmara Municipal da Mealhada foi […]
Resultou frutífera a luta dos pampilhosenses pela manutenção da locomotiva BA 61 na Pampilhosa. A Câmara Municipal da Mealhada foi sensível ao pedido dos pampilhosenses, que juntaram uma petição com cerca de mil e quinhentas assinaturas, e vai agarrar a causa e servir de interlocutor com a Fundação do Museu Nacional Ferroviário no sentido de a locomotiva ficar na Pampilhosa. Mas o apoio municipal vai mais longe e às cameras da TVI, o presidente da Câmara Municipal, Carlos Cabral, garantiu ontem que a Câmara está na disposição de ceder um terreno para instalar a locomotiva.
A entrega formal das mil e quinhentas assinaturas à Câmara Municipal da Mealhada aconteceu na terça-feira, 10 de abril, ao meio-dia. Carlos Cabral presidente da autarquia, e um dos peticionários, a título individual, refira-se recebeu Ana Christina Pires, Mário Rui Cunha e Vitor Simões que, em nome do Movimento pela Permanência da BA61 na Pampilhosa, entregaram as assinaturas e ouviram a garantia de envolvimento da Câmara Municipal da Mealhada.
Segundo pudemos apurar, o presidente da Câmara deu a melhor receção ao pedido, mostrou-se agradado com a mobilização dos pampilhosenses e com a causa defendida e deu a garantia de que aceitava o pedido dos peticionários, o menino e aceitando ser o interlocutor da Fundação Museu Nacional Ferroviário para a manutenção da locomotiva na Pampilhosa.
Na reunião, os representantes do Movimento Cívico deram, ainda, a Carlos Cabral, a sua opinião sobre qual seria o melhor espaço para a futura instalação da BA 61 na Pampilhosa. A sugestão do Movimento passará por um espaço inserido no complexo da Cerâmica das Devesas, ao lado da estação e recentemente comprado pela Câmara Municipal da Mealhada. Este espaço foi comprado para aproveitamento para parque de estacionamento e, recentemente informado por Cabral, terá instalado um núcleo museológico sobre a industria cerâmica e do barro na Pampilhosa. Com esta hipótese dada pelo Movimento e que Carlos Cabral aceitou o núcleo museológico estender-se-á à ferrovia, também ela um importante património da Pampilhosa.
Na declaração que deu à estação televisiva TVI, na quarta-feira, 11 de abril, Carlos Cabral assumiu: Há que por fim a esta degradação e tentar recuperar exteriormente a locomotiva. E acrescentou: A Câmara está na disposição de ceder o terreno para instalar a locomotiva. Ela será sempre propriedade da CP e ficará num local próprio. Podemos entender-nos perfeitamente.
Entretanto o Movimento Cívico de Luta pela Permanência da BA61 na Pampilhosa assume, a partir de agora, uma nova missão. Segundo apurámos, os cidadãos que o constituem irão servir de elos de ligação para o processo negocial que se pretende possa terminar com a assinatura do protocolo entre a Câmara Municipal da Mealhada e a Fundação Museu Nacional Ferroviário. Protocolo esse que poderá vir a ser tripartido.
Nesse sentido, e incumbida desta nova missão, o Movimento Civico reunirá na próxima semana com a Fundação Museu Nacional Ferroviário para dar início às negociações e discutir as formalidades necessárias. A reunião está marcada, previsivelmente realizar-se-á no Entroncamento, mas os pampilhosenses estão a tentar que a mesma se realize na Pampilhosa. Estamos a tentar que a reunião aconteça na Pampilhosa para que as pessoas vejam, in loco, como está a locomotiva e para que lhes possamos mostrar, também, o local que se perspectiva possa vir a albergá-la, disse ao Jornal da Mealhada Vitor Simões.
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Luta dos pampilhosenses ganhou eco na imprensa nacional
Na quarta-feira, 11 de abril, a luta dos pampilhosenses pela manutenção do seu ícone, a locomotiva BA61, na Pampilhosa ganhou eco nos meios de comunicação social nacional. A edição do Jornal de Noticias conta a história na sua edição sul. Logo pela manhã, o jornalista Fernando Alves, no seu programa matinal Sinais, na TSF, assinava a crónica A todo o Vapor http://www.tsf.pt/PaginaInicial/AudioeVideo.aspx?content_id=2412752 (pode ler e ouvir aqui) onde conta a história da locomotiva e a luta dos pampilhosenses, citando, ainda, as declarações de Vitor Simões à entrevista que concedeu ao Jornal da Mealhada, há poucas semanas.
À noite, na televisão, era a vez da TVI apresentar uma peça http://www.tvi24.iol.pt/videos/video/13608913 com as imagens gravadas ontem mesmo na Pampilhosa da própria locomotiva e com declarações de Carlos Cabral e Vitor Simões, do Movimento pela Permanência da Locomotiva na Pampilhosa.
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Carlos Cabral garante cada um assume as suas responsabilidades e a CP também tem de o fazer!
Cada um assume as suas responsabilidades, declarou Carlos Cabral, presidente da Câmara Municipal da Mealhada, à reportagem da TVI. E acrescentou: Pena é que a CP, ou quem é responsável por este setor, não tenha assumido as suas responsabilidades durante tantos anos em que a locomotiva, estando à sua guarda, foi sendo roubada de toda a parte de metais isso não é de agora é de há uma série de anos. E ela está lá, apenas, porque pesa 90 toneladas senão já tinha desaparecido também.
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O que é, afinal, a BA 61?
A locomotiva BA 61 é a Henschel & Sohnxa0 SN 19828, e entra para a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta em 1924. Recebe o número de frota 61 num grupo de cinco unidades. O seu teatro de operações até à sua integração na CP (1 de Janeiro de 1947) assenta no eixo Figueira da Foz Vilar Formoso. Foi integrada no parque da CP onde recebe o número 291 e em 1952 finalmente a identificação CP 211. Mantém-se na zona Centro até final de cinquenta. Ruma para Contumil onde se mantém ao serviço até 1973. Abatida ao activo, ali permanece alguns anos até que é solicitada para a Pampilhosa para ser exposta junto à estação onde se mantém até 1994 altura em que é construído o PCL (área de gestão de circulação da Linha da Beira Alta). xa0É finalmente alojada no antigo Depósito de Máquinas da Pampilhosa onde se manteve à mão de semear até à actualidade.
Ela é a última peça visível da antiga Companhia da Beira Alta. Através do seu projecto, aquela Empresa colocou a Pampilhosa no mapa internacional da Ferrovia. Ali faziam escala para agrupamento ou paragem os comboios internacionais como o Sud-Express, recebiam-se representantes da Casa Real, triavam-se e formavam-se muitos comboios de mercadorias num só dia. O Comboio tornou possível a fixação de indústrias como a cerâmica, madeiras ou adubos de tal forma que, do quase nada, meio rural sem direito a um apeadeiro na Linha do Norte, se passou ao maior centro urbano do Concelho da Mealhada. Ferroviários de todas as profissões e categorias seguidos dos seus familiares tornaram a Pampilhosa num polo industrial como poucos até ao final da década de sessenta. Aquela máquina, se dúvidas houver, está cravada no brasão da Junta de Freguesia da Pampilhosa exactamente pelos motivos acima mencionados. Haverá certamente outros que eu desconheço mas, os presentes, são os suficientes para encorajar o esforço a desenvolver para a sua permanência em segurança e dignidade. Apesar do decréscimo patente, o Comboio ainda é Rei na Pampilhosa.
Resposta de Vítor Simões ao Jornal da Mealhada numa entrevista de 22 de março de 2012
JM/TVI
Autor: Jornal da Mealhada
