Quarta-feira, 18 de Janeiro de 2012

Conferência, em Luso: Com Raoul Follereau,combater a lepra e todas as lepras

Conferência, em Luso: Com Raoul Follereau,combater a lepra e todas as lepras

Região

Conferência, em Luso: Com Raoul Follereau,combater a lepra e todas as lepras

No último domingo de janeiro celebra-se o Dia Mundial dos Doentes de Lepra, data instituída pela ONU em 1954, a […]

No último domingo de janeiro celebra-se o Dia Mundial dos Doentes de Lepra, data instituída pela ONU em 1954, a pedido de Raoul Follereau (RF) que dedicou a sua vida a combater este flagelo. Quando falamos de Lepra nos dias de hoje, muitas questões se levantam: O que é a Lepra? Não é apenas uma doença bíblica de outros tempos? Ainda há leprosos? Há manifestações da doença em Portugal? Se existe cura e organizações que disponibilizam a medicação gratuitamente, porquê falar de lepra? Para onde vão, então, os donativos recolhidos para combater a doença? Para esclarecer estas e outras dúvidas, a Associação Jovens Cristãos de Luso recebeu no passado sábado, 14 de janeiro, no salão do Centro Paroquial de Luso, três representantes da APARF (Associação Portuguesa Amigos de Raoul Follereau).

Numa conversa simples, João Ferreira, director da APARF, conquistou a plateia que ali se reuniu com a forma apaixonada como vive este trabalho de solidariedade. O problema da lepra é uma coisa estranha, dizia, acrescentando, as pessoas eram tratadas como criminosas porque eram doentes. Hoje já assim não o é, muito graças a RF que, mais do que curar a doença tinha como prioridade dignificar a pessoa do leproso, eliminando o estigma da doença”.

Hoje a Lepra, ou doença de Hansen, está amplamente estudada e é curável. Sabe-se agora que a doença é contagiosa mas não é hereditária, o que contraria o que durante anos se pensou, razão pela qual famílias inteiras eram excluídas e marginalizadas. Hoje em dia, a progressão da doença está controlada ainda que se continuem a registar milhares de novos casos por ano, sobretudo na Índia e no Brasil mas também, ainda que em menor número, na Guiné e em Moçambique.

Definida por RF como a filha primogénita da pobreza e da fome, é para prevenção que são canalizados grande parte dos fundos que a APARF recolhe. Em Portugal considera-se erradicada, com ocorrência de apenas cerca de 10 novos casos por ano (maioritariamente estrangeiros que terão contraído a doença no seu país de origem, já que a incubação do bacilo é de cerca de 10 anos até se manifestarem os primeiros sintomas), e os projectos da associação centram-se em contrução de habitações para famílias carenciadas, projectos de apoio a crianças desnutridas e equipamentos para centros de saúde.

RF tinha como lema Combater a lepra e todas as lepras e João Ferreira reconhece que a SIDA e a tuberculose são as lepras dos dias de hoje. Nesse sentido, a APARF tem sido a maior contribuidora de fundos para o Hospital do mal de Hansen na Cumura Guiné onde doentes de Lepra, SIDA e tuberculose são tratados e devidamente acompanhados. Este é um projecto exemplo, num país em que o sistema de saúde não funciona. A APARF financia ainda projectos de voluntariado que vão ao terreno contactar os doentes e levar os medicamentos onde eles, ainda que gratuitos, não chegam porque se “perdem” pelo caminho vendidos a qualquer preço.

No final, ficou o apelo: “Estes irmãos precisam de nós, que vamos nós fazer para combater estas lepras?”. O tesouro que eu vos deixo é o bem que não fiz, que teria querido fazer e que vós fareis depois de mim, diria Raoul Follereau.

Autor: Jornal da Mealhada

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