Convento do Bussaco precisa de arranjo no telhado! Câmara ajuda Fundação, «mas não se substitui ao Estado», assevera Cabral.

Passaram três anos, no passado sábado, 19 de maio, sobre a publicação do Decreto-Lei que criou a Fundação Mata do Buçaco. A instituição só começaria, de facto, a trabalhar oito meses depois, em janeiro de 2010, mas foi o 19 de maio que ficou como dia do aniversário da Fundação presidida por António Jorge Franco. E foi, precisamente, esse o dia escolhido para a realização da festa, que contou com uma sessão solene, com a inauguração de uma exposição de fotografias e postais e com uma explicação sobre o projecto BRIGHT.

Chuvoso, o dia do terceiro aniversário da Fundação Buçaco começou no interior do Convento na capela com uma cerimónia a que assistiram autarcas o presidente da Câmara, os presidentes das Juntas de Freguesia da Pampilhosa e de Ventosa do Bairro, um elemento da Assembleia Municipal, Rui Marqueiro, e dois vereadores municipais representantes de instituições do concelho da Mealhada, e muitos dos principais parceiros e amigos da aniversariante. O Governo foi representado por uma assessora do Secretário de Estado das Florestas.

Muitos agradecimentos e lista da obra feita

António Jorge Franco foi o primeiro a usar da palavra (ver vídeo), ou não fosse o anfitrião. Num discurso fortemente marcado pelos agradecimentos cerca de catorze dos vinte minutos em que usou da palavra o presidente da Fundação Mata do Buçaco fez a descrição das principais realizações da instituição, que cumpre dois anos e cinco meses de trabalho efectivo, com a certeza de dever cumprido, mas também com muita vontade de continuar a desenvolver novos projetos, traçar novos caminhos e propor novos desafios.

António Jorge Franco asseverou que de ano para ano os objectivos foram sendo mais ambiciosos, mais arrojados, mais diversificados, e acrescentou: Hoje sinto que as entidades que nos nomearam para administrar esta Mata Nacional certamente sentem orgulho no modelo criado pela administração.

Criámos um modelo de negócio de forma a colmatar as dificuldades económicas reais, que o nosso país e a europa têm vindo a assistir. Com esforço, dedicação e empenho conseguimos que a Mata do Bussaco fizesse parte da agenda Nacional. Realizámos projetos, candidaturas e executamos obra (instalações sanitárias, viveiros, estufas, caminhos/trilhos, sede da fundação, depósito de águas, forja da mata, entre muitos outros). Abrimos uma loja, que é também posto de informação, inaugurámos a esplanada da Mata, colocámos o convento visitável 365 dias por ano, produzimos peças de comunicação, criámos um website e temos uma imagem. Criámos empregos, reintegramos pessoas no mercado de trabalho e gerámos riqueza à região e ao país, declarou António Jorge Franco.

O presidente da Fundação Buçaco teve, ainda, a necessidade de sublinhar o facto de todo o dinheiro das receitas da Mata é investido na Mata. Ao criar este modelo temos a certeza de que a Mata Nacional é auto sustentável, já que é também dever do visitante contribuir para a sua recuperação e manutenção, acrescentou.

Relembro, que a FMB começou sem meios financeiros aquando da sua constituição, e disse ainda: Ao envolver os parceiros neste projecto, a administração da Fundação teve sempre como objectivo a criação de riqueza de ambas as partes, e desta forma cumprir com o nosso grande objectivo: a recuperação e a salvaguarda do património existente nesta mata, prosseguiu.

A Mata Nacional do Buçaco está mais limpa e cuidada e por sua vez está a ser muito mais usufruída pelos turistas que a visitam. Tornando-se mais útil e mais protegida. Mas temos ainda um longo caminho para percorrer! Investimos em projectos e candidaturas e agora temos de concretizá-los! Não é fácil, numa altura em que a sociedade se encontra em dificuldades económicas. Mas nós acreditamos que com o apoio e empenho de todos iremos dar início às obras de restauro de todo o valiosíssimo património existente na Mata, declarou António Jorge Franco.

Aniversariante não se esqueceu de pedir prenda

Em dia de aniversário, António Jorge Franco não se esqueceu de deixar o recado e pedir a prendinha de aniversário, em jeito de desafio. Os munícipes do concelho da Mealhada, Penacova e Mortágua, podem ajudar com a aquisição do Cartão Concelhio!. Aos empresários, António Jorge Franco pediu construam modelos de negócio que possam ser implementados na Mata Nacional do Bussaco, em parceria com a fundação.

Como não podia deixar de ser, o presidente da Fundação não esqueceu a Administração Central, a quem declarou: Não posso deixar de apelar a uma parceria com a FMB, e outras entidades particulares para que seja possível o combate às invasoras e à reflorestação do perímetro florestal, com um milhão de árvores, pois só assim podemos garantir a protecção da Mata Nacional.

Pegando no braço de Carlos Cabral, que estava a seu lado, Franco deixou para o fim o pedido maior, que dirigiu à Câmara da Mealhada. Por último, e porque estamos a falar de um património com grande valor e de interesse nacional, deixo aqui um apelo à Camara Municipal da Mealhada, para nos apoiar na recuperação da cobertura deste edifício onde hoje nos encontramos, o Convento de Santa Cruz do Bussaco. Todo o contributo que nos possam dar será extremamente valioso para a Preservação, recuperação e manutenção da Mata Nacional do Buçaco.

Assessora do Secretário de Estado promete empenho

Sara Pereira, assessora do Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, em representação do governante, reiterou os agradecimentos de António Jorge Franco aos parceiros públicos e privados e prometeu empenho pessoal na salvaguarda do património edificado e florestal da Mata do Buçaco. A assessora declarou que faria questão, de nos próximos dias, promover o contacto com a Direcção Regional do Centro das Florestas para efectivar o referido apoio.

Cabral ajuda com o telhado, mas quer ver a Cultura a apoiar também

O Buçaco é hoje a jóia da coroa do concelho, mas já foi um buraco negro, afirmou Carlos Cabral, presidente da Câmara Municipal da Mealhada. Já foi um espaço que, apesar de ser do concelho da Mealhada não era de ninguém, acrescentou.

A criação da Fundação Mata do Buçaco deu, ao fim de 150 anos, à Câmara Municipal a possibilidade de entrar na Mata e de ajudar a desenvolver este espaço, disse o presidente da Câmara Municipal.

Carlos Cabral acrescentou: O Secretário de Estado das Florestas, quando tomou posse, não estaria muito convencido de que este modelo de gestão seria o melhor para a Mata e para o país. Hoje, sei que está maravilhado com o trabalho realizado e já está convencido de que a Fundação Mata do Buçaco tem pés para andar!. O edil deixou, ainda, agradecimentos aos funcionários da Fundação, aos voluntários e ao Conselho de Administração, por ter sabido coordenar o processo de conservação desta jóia.

O presidente da Câmara deixou para o fim a resposta direta ao pedido de António Jorge Franco: Não me lembro de o Ministério da Cultura ter gasto um cêntimo no concelho da Mealhada! O telhado do Convento está a cair? Então a Cultura tem de assumir essa responsabilidade, porque este espaço é um monumento nacional. A Cultura e não a Agricultura! É preciso lutar para que este telhado seja recuperado, a Câmara ajudará como sempre ajudou, mas não nos substituiremos ao Estado!.

Bussaco histórico é exposição de imagens

No mesmo dia de aniversário foi inaugurada a exposição Bussaco Histórico, na sala das Pedrinhas, no Palace Hotel do Bussaco. Uma exposição de fotografias e postais de José Andrade Branquinho de Carvalho e Raul Aguiar, inserida no âmbito do levantamento e da investigação sobre a memória histórica do Buçaco que a Fundação tem em curso, nos arquivos municipais e estatais e junto de particulares. A exposição foi inaugurada com a exibição comentada e comparada de um conjunto de imagens, por Branquinho de Carvalho.

Não houve plantação, mas não faltou explicação

Estava agendada uma ação de voluntariado no âmbito do Projeto BRIGHT, na Floresta Relíquia, junto às Portas de Coimbra, com os convidados para o aniversário. Devido às condições climatéricas, a acção foi substituída por uma explicação do projeto BRIGHT, cofinanciado pelo Programa LIFE+ Natureza e Biodiversidade.

JM

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