Intenção da Câmara em deixar de financiar Equipas de Intervenção Permanente gera surpresa nas corporações
Bombeiros da Mealhada e da Pampilhosa Segurança da população estará em risco A notícia publicada na edição anterior do Jornal […]
Bombeiros da Mealhada e da Pampilhosa
Segurança da população estará em risco
A notícia publicada na edição anterior do Jornal da Mealhada sobre as Equipas de Intervenção Permanente (EIP) não foi uma novidade para as corporações dos Bombeiros da Mealhada e da Pampilhosa, que já tinham recebido uma carta, há uma semana, da Câmara da Mealhada, onde era expressa a intenção de não prosseguir com o protocolo que existe com a Administração Central de financiamento deste serviço. No Orçamento de 2012, os 13.958 euros previstos chegarão, apenas, para os salários dos cinco bombeiros da EIP da Mealhada, até 31 de maio, altura em que termina o protocolo assinado entre a Câmara e a Autoridade Nacional de Proteção Civil, em 28 de janeiro de 2009 e o mesmo se passa com os cinco bombeiros da Pampilhosa, que só terão garantido o posto de trabalho até 30 de junho de 2012, para cujos salários a Câmara orçou 16.189 euros. Esta semana quisemos saber o que pensam os responsáveis pelas corporações do concelho da Mealhada sobre este assunto, onde é unânime a surpresa desta intenção e o facto de estar em risco a segurança da população.
No distrito de Aveiro é a única Câmara que vai proceder desta maneira
Fui apanhado de surpresa com esta decisão, pois sinceramente não estava à espera de um desfecho destes. Apesar da crise que atravessamos e dos cortes orçamentais, não pensei que incidisse sobre as EIP que são uma mais-valia para a segurança da população, declarou o comandante António Lousada, dos Bombeiros da Mealhada. Opinião partilhada por Abílio Semedo, presidente da direção da mesma corporação, que afirmou: É óbvio que isso trará dificuldades à associação, pois era uma equipa que resolvia alguns problemas. Quando terminar as pessoas vão ter que se habituar ao toque da sirene mais vezes e por mais tempo. Apesar de entender que a Câmara da Mealhada tem que cortar em alguma coisa, Rogério Vieira da Silva, presidente da direção da associação da Pampilhosa, admite que existem graves problemas nas emergências e que a situação vai ser desagradável, para além disso tenho conhecimento que, no distrito de Aveiro, é a única Câmara que vai proceder desta maneira.
xa0As pessoas em apuros terão que esperar mais tempo
xa0A partir de 30 de junho de 2012 não vamos ter condições para prestar socorro em alguns serviços. A sirene irá tocar e poucos serão os bombeiros que vão aparecer, declarou Rogério Vieira da Silva, que acrescentou: Julgo que a Câmara da Mealhada poderia ter cortado noutras verbas, mas até também pode ser uma forma da autarquia pressionar a Administração Central. Também Abílio Semedo lamenta: A capacidade de resposta não será tão imediata. As pessoas em apuros terão que esperar mais tempo. A segurança de pessoas e bens vai claramente ser afetada pela rapidez com que esta equipa responde em termos de primeira intervenção, pois deixamos de poder responder ao minuto às solicitações que temos. Iremos ouvir muito mais vezes a sirene a tocar, isso é um facto, acrescentou o comandante António Lousada.
Até ontem, EIP da Mealhada foi solicitada mais de 600 vezes
Informados da situação através de um ofício enviado por Carlos Cabral, presidente da Câmara da Mealhada, datado de final do mês de novembro, as duas corporações fazem um balanço positivo das EIP, que já funcionam há três anos. Como é fácil de calcular faço uma avaliação extremamente positiva, pois só para se ter uma ideia do trabalho desenvolvido pela EIP, sediada no meu corpo de Bombeiros, em 2009, no período compreendido entre 1 de junho (data de entrada em funcionamento da EIP) até 31 de dezembro, acorreram a 145 ocorrências num total de 236 horas. Em 2010, de 1 de janeiro a 31 de dezembro, foram 221 ocorrências num total de 458 horas. No presente ano, até à data de hoje, cerca de 250 ocorrências num total aproximado de 500 horas. Estas ocorrências incidiram em incêndios urbanos e florestais, acidentes rodoviários, socorro pré-hospitalar, inundações, quedas de árvores, limpeza de vias entre outras que poderia enumerar, explicou o comandante António Lousada.
Cessação dos contratos em análise
E está prevista alguma compensação para estes bombeiros no final dos seus contratos, quisemos saber. Até junho muita coisa ainda vai acontecer, mas se de facto as EIP terminarem, os bombeiros terão direito ao subsídio de desemprego, declarou Rogério Vieira da Silva. A situação terá que ser analisada ao pormenor, mas não me parece que haja indemnizações, acrescentou Abílio Semedo.
Solução, no concelho, poderá passar por uma EIP e não duas?
Supondo que a solução passaria por existir apenas uma EIP e não duas como acontece neste momento, quisemos saber qual a opinião dos responsáveis. Como os Bombeiros da Mealhada têm INEM, a ser assim, seria bom que a EIP ficasse na Pampilhosa, declarou Rogério Vieira da Silva. Para o presidente da direção dos Bombeiros da Mealhada tudo o que seja de manter alguma equipa é melhor do que nada! Mas não me parece que da parte da Câmara isso venha a ser possível. Eu terei de respeitar a decisão tomada por quem gere a Câmara Municipal como não podia deixar de ser, apesar de não concordar, pois provavelmente seria possível fazer cortes noutras áreas e por isso continuo a defender a existência das duas equipas de intervenção. No entanto, e apesar de ser um claro retrocesso na resposta ao socorro para as populações, seria o chamado mal menor, pois melhor que não ter nenhuma, seria ter uma, disse ainda o comandante António Lousada.
Teremos em causa o socorro das pessoas
Tentámos também obter uma opinião de Ana Paula Ramos, comandante dos Bombeiros da Pampilhosa, que só falará publicamente sobre o assunto depois de uma reunião que tem agendada com o presidente da Câmara da Mealhada e apenas nos disse: Quando o protocolo acabar teremos em causa o socorro das pessoas, mas temos que aceitar a decisão do presidente da Câmara da Mealhada.
Mónica Sofia Lopes
Autor: Jornal da Mealhada
