“Memórias da Nossa Gente” – exposição fotográfica
Há memórias que não se apagam. Ficam guardadas em caixas, álbuns e gavetas, à espera de alguém e de um olhar que as desperte
Há memórias que não se apagam. Ficam guardadas em caixas, álbuns e gavetas, à espera de alguém e de um olhar que as desperte. Nesta exposição, que está a decorrer na Lameira de São Pedro, em Luso, esse olhar acontece — e a aldeia volta a viver. São cerca de 300 fotografias em formato A5 que contam a história das gentes, dos lugares e dos momentos que fizeram o pulsar de uma comunidade.
O empalhamento dos garrafões, as procissões de S. Pedro, o desporto, os casamentos, as festas ou os dias comuns — tudo regressa em imagens que cheiram a terra, a infância, a outros tempos. Maria, António, Luísa, Agostinho… nomes que se confundem com rostos, gestos e memórias. E, entre tantas figuras anónimas, os visitantes serão desafiados a reconhecer, a nomear, a recordar — reconstruindo, com emoção, a história coletiva dos lameirenses.
Há também um espaço de silêncio e homenagem: um memorial de fotografias patentes na ala central, dedicado àqueles que, ao longo dos 20 anos de existência da Associação, ajudaram a erguê-la com trabalho, dedicação e amor — e que entretanto partiram. As suas imagens, agora expostas, são presença viva, testemunho e gratidão. Nesta viagem visual, o tempo ganha cor: das sombras profundas do preto e branco à ternura nostálgica da sépia, até ao brilho intenso da cor que celebra a vida. Porque recordar é, afinal, uma forma de continuar.
E no domingo, 2 de novembro, a mostra ganha ainda mais sabor. Quem visitar a exposição poderá participar numa prova cega de vinhos caseiros, produzidos pelos agricultores locais e recolhidos exclusivamente por mãos femininas da Associação — uma tradição mantida desde sempre. Entre aromas e conversas, a prova destes vinhos da terra dará às fotografias uma nova dimensão: a do gosto, da partilha e da pertença.
Esta exposição é assim motivo fortíssimo para uma visita — para quem é da Lameira e para quem vem de fora — para encontrar, ou talvez recordar, algo seu que se encontrava perdido na dimensão do tempo.
E foi, sem dúvida, um privilégio poder visitar esta exposição na sua antestreia, sentir o pulsar das memórias e testemunhar como a Lameira, através da fotografia, volta a ganhar voz, cor e alma.
Visitem!
Texto e fotos: Fernando Simões
Autor: Fernando Simões



